As novas políticas nas redes sociais: mais controle ou menos liberdade?

IMPRENSA UNICESUMAR
10/02/2025 14h42 - Atualizado há 1 mês
As novas políticas nas redes sociais: mais controle ou menos liberdade?
Assessoria UniCesumar

As mudanças nas políticas das redes sociais, anunciadas pela Meta em 7 de janeiro, geraram debates sobre o controle de conteúdos e a disseminação de informações falsas. A principal alteração foi o fim da checagem independente de fatos nos EUA, que verificava postagens conforme protocolos internacionais. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, alegou que esses programas estavam criando uma forma de “censura”. Outra alteração significativa foi a introdução de um sistema de notas da comunidade, inspirado na rede social "X", que permite aos usuários marcarem publicações como falsas ou controversas. 

Além disso, outras modificações afetarão todos os países onde a Meta atua. Uma delas é a promoção de "conteúdo cívico", permitindo que os algoritmos recomendem informações sobre política e eleições, mesmo de contas não seguidas. As regras contra o discurso de ódio foram flexibilizadas, consequentemente, são reduzidas as restrições a conteúdos políticos e religiosos, permitindo alegações de “anormalidade”, relacionadas a gênero e à orientação sexual. A moderação também será mais flexível, com remoção de conteúdos restrita a casos graves, como terrorismo ou exploração, e, em situações menos graves, a remoção ocorrerá apenas após denúncias. 

Como professora e pesquisadora da área de Comunicação, compartilho a preocupação de muitos com os rumos das informações nas redes sociais. O controle da informação, nesse contexto tecnológico, tornou-se fator decisivo que pode impactar a sociedade, a política e a economia de diversas maneiras. Para aprofundar essa reflexão, vale a pena considerar as análises de pensadores como Manuel Castells, que, em A Sociedade em Rede, destaca como as redes sociais moldam a comunicação global, conectando e controlando ao mesmo tempo. As novas diretrizes da Meta podem ser vistas como uma tentativa de consolidar seu papel como reguladora dos fluxos de informação em escala global, influenciando quais narrativas ganham visibilidade e quais são silenciadas. 

Outro ponto importante é a expansão das iniciativas contra a desinformação. Embora essenciais, essas medidas podem esbarrar em questões éticas. Quem define o que é desinformação? Quais interesses estão por trás das “verdades oficiais”? As redes sociais tornaram-se um espaço público essencial e transferir o poder de arbitrar essas questões para uma empresa privada é problemático. Como destaca a pesquisadora Raquel Recuero, a desinformação se alimenta das interações sociais e requer abordagem mais profunda do que apenas excluir conteúdos. 

Essas mudanças também destacam um dilema central das redes sociais: a tensão entre liberdade de expressão e moderação. Para Castells, o poder das plataformas está na sua capacidade de estruturar o espaço público digital, decidindo quem pode falar e o que pode ser dito. Por sua vez, Recuero reforça a necessidade de debate ético mais amplo sobre os limites dessa regulação. No caso da Meta, vemos um movimento que mistura interesses econômicos e corporativos com uma narrativa de segurança, contudo sem a devida transparência. Isso pode aumentar ainda mais a centralização do poder informacional. 

Em um mundo cada vez mais conectado, as políticas da Meta não afetam apenas seus usuários, mas também moldam a maneira como nos comunicamos e interagimos. A sociedade, os governos e a academia precisam questionar essas novas regras, buscando equilíbrio entre inovação, liberdade e ética. A rede deve ser de todos, ao invés de controlada por poucos 

 

Dr.ª Fernanda Gabriela de Andrade Coutinho é professora de Pós-Graduação nas áreas de Comunicação, Administração e Marketing, e coordenadora dos Cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Cinema e Audiovisual e Comunicação Institucional da EaD UniCesumar. 


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LUAN ARRUDA MANZOTTI
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