“Ainda Estou Aqui" é um símbolo de resistência e de renovação para o cinema brasileiro

IMPRENSA UNICESUMAR
05/02/2025 14h30 - Atualizado há 1 mês
“Ainda Estou Aqui é um símbolo de resistência e de renovação para o cinema brasileiro
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A indicação do filme brasileiro "Ainda Estou Aqui" ao Oscar nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Filme em geral, além da nomeação de Fernanda Torres como Melhor Atriz, é um marco histórico para o cinema nacional. Esse feito não apenas celebra a qualidade e a profundidade da produção cinematográfica do Brasil, mas também provoca reflexões sobre o papel da nossa arte no cenário global e os desafios enfrentados pela indústria cultural do país. 

Dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, "Ainda Estou Aqui" transcende os clichês que muitas vezes caracterizam as narrativas sobre o Brasil. O filme aborda questões universais, como luto, identidade e resiliência com uma sensibilidade rara. A atuação de Fernanda Torres, em especial, é um dos pontos altos da obra. Com nuances e intensidade, ela entrega uma performance que ressoa profundamente com o público, destacando-se em uma carreira já marcada por atuações memoráveis. 

As indicações ao Oscar são um reflexo do reconhecimento internacional crescente do nosso cinema. Em um momento no qual a indústria enfrenta desafios econômicos e políticos, a nomeação de "Ainda Estou Aqui" demonstra que é possível superar barreiras e conquistar espaço em um mercado dominado por grandes produções hollywoodianas. Contudo, é importante questionar como esse sucesso pode se traduzir em mudanças estruturais para o setor no Brasil. 

O financiamento de filmes nacionais é um tema delicado. Apesar de termos uma história rica em cinema, o apoio governamental à cultura tem oscilado ao longo dos anos. Em contrapartida, o reconhecimento internacional pode estimular novos investimentos, tanto públicos quanto privados, no audiovisual brasileiro. Mais do que nunca, é crucial aproveitar esse momento para fortalecer políticas culturais que garantam a continuidade de produções que dialoguem com nossa realidade e sejam capazes de alcançar plateias globais. 

Além disso, a presença de "Ainda Estou Aqui" nas principais categorias do Oscar reforça a importância da diversidade no cinema. Nosso cinema é plural, rico em histórias e estéticas que refletem a complexidade do país. Ver essa diversidade reconhecida no palco do Oscar é um passo significativo para romper estereótipos e abrir espaço para novos olhares sobre o Brasil. 

No entanto, não podemos ignorar que o reconhecimento internacional ainda é limitado a poucos filmes e artistas. A indicação de Fernanda Torres é uma vitória, mas também um lembrete do quanto precisamos valorizar nossos profissionais em nível nacional para que mais nomes tenham a oportunidade de brilhar lá fora. 

"Ainda Estou Aqui" é mais do que um filme; é um símbolo de resistência e de renovação para o cinema brasileiro. Suas indicações ao Oscar devem ser celebradas não apenas como um reconhecimento individual, mas como um impulso coletivo para a nossa indústria cultural. Que este momento inspire novas histórias, novos talentos e, sobretudo, um novo olhar sobre o potencial do Brasil no cenário global. Afinal, ainda estamos aqui e temos muito a dizer. 

  

Eduardo Batista é Doutorando em Teologia Pastoral pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Atualmente, é coordenador dos cursos de História e Sociologia da EAD UniCesumar. 


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LUAN ARRUDA MANZOTTI
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