25/11/2024 às 09h55min - Atualizada em 25/11/2024 às 12h02min

Festival de Cinema de São Bernardo exibirá o curta A Caixa – O Ensaio do Eu Sem Você

Com roteiro dos jornalistas Marcos Maynart e Beto Alves, o filme será exibido dia 26/11, a partir das 18h, no estúdio da antiga Cinematográfica Vera Cruz

RAFAEL GMEINER
Divulgação

O curta-metragem A CAIXA – O ENSAIO DO EU SEM VOCÊ foi selecionado para o Festival de Cinema de São Bernardo do Campo, e será exibido dia 26/11 a partir das 18h. O festival acontece no estúdio da antiga Cinematográfica Vera Cruz, na Avenida Lucas Nogueira Garcez, 856, Jardim do Mar, São Bernardo do Campo.

Muito mais do que uma história de amor, uma declaração necessária sobre a despedida e o luto de dois apaixonados, separados pelo vírus HIV. Um filme que trata de um relacionamento homoafetivo e conversa diretamente com o coração no mais alto nível da expressão do amor e suas diversas formas. Tudo por meio de cartas trocadas por dois amantes, Thiago e João, nos anos 80.

Com roteiro dos jornalistas Marcos Maynart e Beto Alves, o filme acontece numa espiral crescente de poesia em meio a cartas de muitas verdades e emoções. Todas guardadas a sete chaves numa belíssima caixa criada pela artista plástica Christina Oiticica e enviada, muitos anos atrás, como presente a Marcos.

Segredos que nos tocam e são compartilhados pela brilhante interpretação de Adriano Arbool (João) – tanto na atuação quanto na narração –, e pela impecável direção de fotografia de João Mário Nunes, que soube extrair de cada cena a beleza e natureza refletidas nos sentimentos que transbordam das cartas. O toque final é dado pela elegante trilha sonora de Liah Soares e Fernanda Santanna.

Ao todo, são 13 rápidos minutos; indispensáveis em alertar sobre a importância da contínua luta contra o HIV, preciosos em nos brindar com palavras de amor que singelas folhas de papel tiveram o privilégio de eternizar, bem guardadas numa linda caixa. Um testemunho de que na Terra não há paraíso sem amor.

Referências:

“A Caixa’ nos lembra que as palavras capturam o tempo, para além da dor ou do sofrimento. Quantas histórias, como a de João e Tiago, foram interrompidas pela Aids? A beleza deste curta é nos lembrar que as histórias de amor devem ser sempre lembradas.”

Lucinha Araújo

“O amor; não existe nenhum outro sentimento mais forte e transformador que une duas pessoas. ‘A Caixa’ nos mostra esse amor de uma maneira muito poética, com excelente direção e roteiro de grande sensibilidade.”

Christina Oiticica

A Caixa’ tem um objetivo emocional muito claro: manter na memória do tempo o registro da homoafetividade em plenos anos 80, no auge da epidemia do HIV. O curta consegue isso sendo dramaturgia, documentário e literatura ao mesmo tempo.”

Henrique Haddefinir, crítico do site Omelete

“O amor entre João e Tiago não mora de aluguel no coração um do outro. A presença física pode ter sido interrompida, mas sentimento permanece e se eterniza nessa obra sensível.”

Hugo Bonemer, ator

“O filme é delicado, sensível e trata de um tema muito caro para mim. Vivi exatamente esse roteiro no final da década de 1990 com a partida do meu grande amor, também acometido pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida".

Mauricio Mellone, crítico do Favo do Mellone

“A fotografia de ‘A Caixa’ é como olhar para uma pintura que vai se formando aos poucos no contorno de um pincel, e suas cores transbordam no sentimento do protagonista, ditado por um roteiro e direção impecáveis.”

Xandy Novaski, escritor, roteirista e diretor

“Visual e literariamente poético, é um filme muito bonito. Impacta também o fato de as cartas datarem de 40 anos atrás e o mundo hoje ser absolutamente diferente, principalmente na forma de nos relacionarmos, de nos amarmos.”

Adolar Marin, escritor e poeta
 

Entrevista com o produtor e roteirista Marcos Maynart

Marcos, você é jornalista há mais de 40 anos. Como surgiu a ideia de "A Caixa"?

Marcos Maynart: Sempre fui apaixonado por fotografia, cinema e livros. Especialmente histórias de gente. Gosto de conversar com idosos, crianças, adolescentes, gente que passa por dificuldades... A ideia do curta surgiu depois da pandemia. O texto foi escrito com meu amigo Beto Alves, jornalista e escritor. Era para ser um livro. Depois, virou um roteiro para uma peça teatral com dois atores, mas estava difícil conseguir a produção. Então, um amigo sugeriu transformar em três curtas-metragens de quatro minutos cada, como uma série. O resultado ficou legal, mas pensei: “Por que não fazer um curta maior juntando as melhores cartas?”. Banquei a ideia e fizemos “A Caixa”.

De onde veio a inspiração?

MM: De cartas reais. Ao todo, eu tinha umas 60 cartas que foram trocadas durante 6 anos entre idas e vindas de dois caras bacanas que se amavam, mas eram completamente diferentes. Um era o prático; o outro, o sábio. Fiquei lendo essas cartas durante muitos anos e imaginando o que poderia fazer com elas. Então, veio o curta.

Apesar de a sociedade ter avançado bastante sobre o amor entre duas pessoas do mesmo sexo, ainda há uma certa resistência à temática. Como se deu esse processo?

MM: Infelizmente, o Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Não acho que a sociedade avançou tanto nessa questão. Falta muito para o Brasil melhorar. Eu não tenho nenhuma resistência a essa temática e nem problema com aceitação. Se a pessoa não aceitar, o problema não é meu, é dela. Eu vou continuar no meu lado e pronto.

Surgido nos anos 80, o HIV ceifou muitas vidas, incluindo grandes artistas, como Cazuza e Renato Russo. Como foi rever esse tema pelo curta?

MM: A gente não pode esquecer que a AIDS ainda existe. Acho importante o tema e senti na pele a dor de perder vários amigos queridos; pessoas fantásticas. O curta é apenas uma pílula, mas tenho certeza de que muita gente vai se emocionar com a história. Essa é a minha intenção, além de não deixar morrer um amor vivido nos tempos sombrios do HIV.

O que você achou do resultado?

MM: Eu me lembro bem do dia em que o diretor, João Mário, produziu um teaser do curta e o enviou para mim. Chorei copiosamente. Dizem que quando o pai gosta do resultado, tudo vai dar certo. Eu acredito nisso.

Qual é o ponto alto da produção na sua opinião?

MM: Tudo é muito lindo, mas me emociono bastante quando o Adriano Arbool, na praia, começa a jogar as cinzas no mar, com aquela luz e a música da Liah Soares de fundo. É o ponto alto para mim.

Quais são os planos para o curta? Pensa em festivais?

MM: A ideia é participar de festivais. O curta está no Youtube e aos poucos a gente vai conquistando um público legal.

Ficha Técnica:

Narração e atuação: Adriano Arbool
Direção: João Mário Nunes
Roteiro: Marcos Maynart e Beto Alves
Produção: Marcos Maynart




Marcos Maynart


Beto Alves


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RAFAEL VIVIAN GMEINER
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