A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) reduziu a bandeira tarifária em novembro para a amarela, após dois meses na bandeira vermelha. A reguladora alega que a decisão foi tomada devido às chuvas das últimas semanas, entretanto, informou que a vazão nas regiões onde há hidrelétrica está abaixo da média, o que manterá o acionamento de termelétricas em algumas situações. Segundo o CEO da ForGreen, Antônio Terra, a sinalização das bandeiras tarifárias funciona para incentivar o uso consciente de energia em momentos de escassez hídrica e mitigar o alto consumo em horários de pico.
A tarifa passa da bandeira vermelha (patamar 2), com valor de R$ 78,77 por MWh utilizado, ou seja, R$ 7,87 a cada 100 kWh, para R$ 18,85 por MWh (megawatt-hora) utilizado, ou seja, R$ 1,88 a cada 100 kWh, na bandeira amarela. Uma economia para a população que enfrentou longos períodos de escassez e ausência de chuvas. Para Terra, com as mudanças no regime de chuvas, a energia solar tem se tornado muito importante, pois compensa em períodos de seca, apesar de não ser despachável.
O especialista de risco e mercado da Ludfor Energia, Maikon Perin, explica que, levando em consideração a tarifa média brasileira residencial de R$ 0,72 / kWh e a bandeira vermelha patamar 2 do mês de outubro, a redução será de 6,01%. “Por exemplo, um consumo de energia que resultasse numa fatura de energia de R$200,00 com impostos, para o mês de novembro, teremos uma redução de R$12,04, chegando aos R$178,00, explica Perin. O engenheiro acredita que, se a previsão de acumulados de chuva acima da média em vários pontos importantes para geração se concretizar, os consumidores podem ver a bandeira verde nos próximos meses, principalmente para janeiro de 2025.
Energia Solar
Apesar da baixa no valor de energia consumida por kWh, o sistema brasileiro de energia elétrica é baseado em hidrelétricas, com cerca de 46% do total produzido. Com um cenário de aquecimento global e alterações climáticas extremas em todo o mundo, é preciso criar outras alternativas e não depender, majoritariamente, da produção de energia de hidrelétricas ou termelétricas. Para Antônio Terra, tanto o mercado livre, quanto a geração distribuída, estão ganhando cada vez mais consumidores. “No primeiro semestre, a energia solar cresceu 59% em relação ao mesmo período em 2023. E a expectativa do setor é encerrar 2024 com mais 9,3 GW, ou seja, um aumento de 26%. Somente a ForGreen, está investindo R$ 1 bilhão em usinas fotovoltaicas até 2025”, explica o executivo.
De acordo com Felipe Vorcaro, presidente do conselho e principal acionista da ForGreen, a empresa pioneira no setor de energia solar em geração distribuída, é preciso aumentar o investimento em novas linhas de transmissão, melhorando assim o despacho de energia nas regiões com excedente, para os estados que possuem alta demanda. Segundo ele, também é necessário investir em outras formas de produção de energias renováveis em larga escala, como a energia eólica, que representa 13,5%, biomassa que é de 7,2% e o gás natural representando 7,4%. “A energia solar é muito importante neste cenário, representando mais de 20% da matriz energética do país, além de garantir o abastecimento de energia nos períodos de seca. Um avanço significativo no setor elétrico é tornar a energia solar despachável, ou seja, tecnologia que permita o armazenamento”, explica Vorcaro.
No caso das indústrias e grandes consumidores de energia, as variações de preço incentivam a busca por outras alternativas para evitar aumentar o valor de produtos e serviços. Para João Sanches, o cenário atual torna ainda mais interessante os contratos pelo mercado livre (ACL), que viabiliza negociar com os fornecedores preços mais baixos e períodos mais longos. “Essa alta nas tarifas é um incentivo para consumidores de média e alta tensão migrarem para o mercado livre. Além da flexibilidade nos contratos, as empresas e indústrias podem garantir custos mais estáveis, o que é um fator decisivo no valor final de seus produtos ou serviços”, destaca Sanches, CEO da Trinity Energias Renováveis.
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ROSARIA CRISTINA BATISTA DA SILVA LINS DE ALBUQUERQUE
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