Considerado um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação social, interação social e comportamentos repetitivos, o autismo tem sido alvo de inúmeras pesquisas e debates. No Brasil, como em outras partes do mundo, a prevalência do autismo tem aumentado, significativamente nas últimas décadas, levantando questões sobre suas causas.
De acordo com Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) entre crianças americanas de 8 anos aumentou consideravelmente nos últimos anos. Os dados indicam que, atualmente, cerca de 2,7% das crianças nessa faixa etária nos Estados Unidos recebem o diagnóstico de TEA. Considerando a população brasileira e utilizando a mesma proporção, estima-se que existam 5.997.222 de pessoas vivendo no espectro autista no Brasil. Essa estimativa, no entanto, deve ser interpretada com cautela, pois fatores culturais, sociais e de acesso aos serviços de saúde podem influenciar a prevalência do TEA em diferentes países. A complexidade do autismo reside no fato de que não existe uma única causa isolada para o transtorno. Ao contrário, as pesquisas indicam que uma combinação de fatores genéticos e ambientais interagem para aumentar o risco de desenvolvimento do autismo.
Várias mutações genéticas foram associadas ao autismo, afetando genes envolvidos no desenvolvimento do cérebro e na formação das sinapses, que são as junções entre a terminação de um neurônio e a membrana de outro neurônio. Estudos com gêmeos idênticos e familiares, também demonstram uma forte correlação genética, sugerindo que a predisposição genética é um fator de risco significativo para o desenvolvimento do TEA.
Embora pesquisas ainda estejam em andamento, alguns fatores ambientais têm sido associados ao autismo. A exposição a substâncias químicas durante a gestação, como pesticidas, metais pesados e poluentes, pode interferir no desenvolvimento neurológico do feto e aumentar o risco de autismo.
Algumas infecções virais contraídas pela mãe durante a gravidez, como rubéola, podem estar relacionadas ao desenvolvimento de transtornos do neurodesenvolvimento. Alguns estudos sugerem que a idade avançada dos pais, especialmente do pai, também é um fator de risco no diagnóstico.
Complicações durante a gravidez e o parto, como baixo peso ao nascer, prematuridade, asfixia neonatal e até a utilização de alguns medicamentos durante a gravidez, como anticonvulsivantes e antipsicóticos, até o excesso de ácido fólico pode estar associado a um maior risco de autismo.
O aumento significativo nos casos de autismo nos últimos anos apresenta um desafio complexo para a sociedade e para a comunidade científica. A complexidade do autismo exige um esforço multidisciplinar, com a colaboração de pesquisadores de diversas áreas, para desenvolver novas ferramentas de diagnóstico, tratamentos mais eficazes e políticas públicas que garantam a inclusão e o bem-estar das pessoas com autismo e suas famílias.
*Paloma Herginzer é licenciada em Educação Física, especialista em Educação Especial e Inclusiva e tutora dos cursos de pós-graduação na área de educação no Centro Universitário Internacional – UNINTER.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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