De acordo com um mapeamento realizado pela prefeitura de São Paulo, divulgado em 2020, quase metade (47%) dos cerca de 53 mil edifícios existentes na cidade foram construídos antes do ano de 1974. E essa realidade não é exclusiva da capital paulista. Basta caminhar pelos grandes centros urbanos para encontrar a história contada por meio da arquitetura em todos os cantos.
E, para garantir a preservação da linguagem arquitetônica, incorporar soluções sustentáveis e manter a funcionalidade e eficiência de construções antigas, o retrofit é uma tendência que vem conquistando cada vez mais espaço.
Fabiano Gonçalves, diretor técnico e arquiteto sênior do escritório Ricardo Amaral Arquitetos, explica que a técnica é uma forma de valorizar o patrimônio cultural. “Temos orgulho de estar na vanguarda desta prática, transformando estruturas antigas em espaços vibrantes e funcionais, preservando sua essência histórica”, afirma.
Segundo o especialista, a proposta do retrofit não é promover alterações de estilo, mas sim a revitalização, mantendo as características próprias e icônicas de cada construção. “Acreditamos que cada projeto é uma oportunidade de conectar o passado ao presente, criando espaços que honram a história, enquanto atendem às necessidades modernas, sempre preservando a identidade cultural e arquitetônica dos imóveis”, explica.
Desafios e oportunidades
Restaurar um bem tombado ou realizar um retrofit em um imóvel histórico envolve uma série de desafios técnicos e culturais. “É preciso fazer um diagnóstico e planejamento minuciosos, avaliando as condições estruturais e o potencial de reutilização dos espaços. Além disso, é fundamental seguirmos rigorosamente as diretrizes impostas pelos órgãos de preservação do patrimônio”, comenta Gonçalves.
Outro ponto de atenção é a escolha das tecnologias e produtos implementados para utilizar técnicas e materiais que sejam compatíveis com os originais, garantindo a integridade estética e estrutural da edificação. “Qualquer alteração, por menor que seja, deve ser avaliada para que não comprometa a autenticidade e nem comprometa os elementos históricos”, afirma o arquiteto. O profissional também destaca os benefícios da técnica: “a valorização imobiliária, a revitalização urbana e a sustentabilidade ganham destaque no retrofit. Mas mais do que isso, o restauro de construções antigas permite que elas durem mais 50, 60 anos, garantindo a preservação histórica e cultural”.
SOLAR DA GLÓRIA (CASA VEIGA)
Construída entre 1900 e 1920 pelo ervateiro Bernardo Augusto da Veiga, a residência anteriormente conhecida como Casa Veiga é um marco de Curitiba, representando o ciclo econômico da erva-mate no Paraná. Abandonado e degradado, o imóvel estava à mercê do tempo e das intempéries. Adquirida recentemente pelo empresário Acir Gulin, que patrocinou as intervenções e restauro no programa Rosto da Cidade, agora, o espaço é conhecido como Casa Solar da Glória. O projeto de restauro foi pensado para garantir segurança e preservação da estrutura física, além de promover um verdadeiro resgate da memória histórica e cultural da cidade.
Com técnicas construtivas tradicionais de alvenaria de tijolos e embasamento em alvenaria de pedras, a casa possui uma composição simétrica e um conjunto arquitetônico harmonioso. “Nossa intervenção focou em preservar a fachada decorada com elementos ornamentais e restaurar e adaptar o interior para o uso contemporâneo, transformando a casa em um novo centro cultural de uso público para a capital paranaense”, explica o arquiteto.
Além disso, a proximidade com a Capela Nossa Senhora da Glória, também construída pela família Veiga, reforça o valor cultural e histórico do conjunto arquitetônico. “Este projeto não apenas resgatou um importante patrimônio, mas também revitalizou uma área significativa da cidade”, completa Fabiano.
Conheça outros projetos de retrofit realizados pelo escritório Ricardo Amaral:
PALAIS LAC LEMAN
Localizado em Curitiba, o icônico Palais Lac Leman foi construído há mais de 30 anos. O projeto buscou modernizar a fachada e as áreas comuns.
ESCRITÓRIO RICARDO AMARAL ARQUITETOS
Até mesmo o escritório Ricardo Amaral Arquitetos passou por uma revitalização. Os espaços foram projetados para serem fluidos, integrados e multifuncionais, refletindo assim a natureza dinâmica do processo criativo.
Sobre o Ricardo Amaral Arquitetos Associados
Fundado em 1976, o escritório Ricardo Amaral Arquitetos Associados destaca-se pelo sucesso em obras relevantes no mercado nacional e internacional, ao aliar sua experiência profissional aos mais avançados recursos tecnológicos no desenvolvimento, gerenciamento e fiscalização de projetos e obras. Graças à qualidade na execução a empresa já atuou com projetos urbanísticos, hoteleiros, aeroportuários, industriais, comerciais, residenciais e esportivos. À frente do escritório como arquiteto sênior, Ricardo Amaral tem aproximadamente 21 milhões de metros quadrados projetados, em um portfólio diversificado que traz obras como a requalificação urbana de vários pontos do litoral, a fábrica da Brose do Brasil, o Museu de História Natural, a Sede do Tribunal de Justiça de Maringá, retrofit do Palácio Iguaçu, TRF Porto Alegre, vários projetos para o setor de incorporação, além de projetos de desenvolvimento urbano e imobiliário, entre outros empreendimentos icônicos.
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LILIAN DA CRUZ
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