07/10/2024 às 15h40min - Atualizada em 08/10/2024 às 12h12min

Programação especial no Theatro Municipal do Rio e no Muhcab celebra os 80 do Teatro Experimental do Negro (TEN)

Os eventos nos dias 11 e 13 de outubro contarão com o lançamento da nova edição do livro “Dramas para Negros e Prólogo para Brancos”, de Abdias Nascimento, e sessões especiais do filme “Ecos do Teatro Experimental do Negro”, de Daniel Solá Santiago

LUCAS SOUZA
IPEAFRO/Divulgação

Em 1945, pela primeira vez, atores negros pisaram enquanto protagonistas no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, um marco histórico possibilitado pelo Teatro Experimental do Negro (TEN). A companhia teatral foi pioneira na luta pela inclusão de artistas negros nos espaços culturais mais prestigiados do Brasil. O grupo revelou talentos como Ruth de Souza, Léa Garcia, Grande Otelo e Milton Gonçalves, abrindo caminho para gerações de artistas negros no teatro, cinema e televisão. Fundado em 13 de outubro de 1944 por Abdias Nascimento, José Herbal, Theodorico dos Santos, Aguinaldo Camargo e Wilson Tibério no Café Vermelhinho, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, o grupo teve desde o início ampla visibilidade. O jornal O Radical de 14 de outubro de 1944 registrou o fato histórico, informando que ao grupo inicial se juntaram Arinda Serafim, Ruth de Souza, Claudiano Filho, Oscar Araújo, José da Silva, Antonieta, Antonio Barbosa e Natalino Dionísio, entre muitos outros.  

Para celebrar os 80 anos do TEN, o Ipeafro (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros), a DSS Produções e Temporal Editora levarão novamente ao Theatro Municipal o espírito da cultura e da arte que impulsionaram aqueles pioneiros e pioneiras  a criar um dos movimentos cênicos mais importantes do país. Na sexta-feira, 11 de outubro de 2024, a Sala Mário Tavares do Theatro Municipal do Rio de Janeiro receberá o lançamento da primeira reedição de Dramas para Negros e Prólogo para Brancos (Temporal Editora | Ipeafro), uma obra que desde 1961 se mantém como referência ao tratar das questões raciais no Brasil por meio da dramaturgia. Esta nova edição inclui as nove peças da antologia original, entre elas O filho pródigo, de Lúcio Cardoso, Sortilégio, mistério negro, de Abdias Nascimento – em sua primeira versão – e Anjo negro, de Nelson Rodrigues, além de textos inéditos que destacam a relevância histórica e atual do TEN. 

No mesmo dia, haverá uma exibição especial do filme Ecos do Teatro Experimental do Negro, dirigido por Daniel Solá Santiago. O documentário explora as encenações marcantes do TEN e seu impacto transformador na valorização da cultura negra no Brasil, trazendo depoimentos inéditos de grandes artistas como Bibi Ferreira, Lázaro Ramos, Léa Garcia e Aílton Graça. A obra destaca o histórico momento em que atores negros, pela primeira vez, subiram ao palco do Theatro Municipal, com a montagem de O Imperador Jones em 1945.

No domingo, 13 de outubro, a programação se desloca para o Muhcab (Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira), com mais uma exibição especial do filme, seguida de uma roda de conversa. Além disso, o público presente também poderá participar do lançamento oficial da nova edição do livro, que será acompanhado por conversas sobre o legado do TEN e a luta contra o racismo nas artes cênicas. O evento terá participação da DJ Bieta.

O documentário Ecos do Teatro Experimental do Negro e a nova edição de Dramas para Negros e Prólogo para Brancos são marcos importantes que integram o Biênio Abdias Nascimento, um conjunto de ações celebrando o 110º aniversário de Abdias e os 80 anos do Teatro Experimental do Negro (TEN) em 2024. Em 2025, serão celebrados os 80 anos da estreia do TEN, os 75 anos do 1° Congresso do Negro Brasileiro e os 70 anos do Concurso do Cristo Negro, parte das ações do Museu de Arte Negra. 

SERVIÇO

Eventos de celebração dos 80 anos do Teatro Experimental do Negro
Realização: Ipeafro, DSS Produções e Temporal Editora

  1. Local: Sala Mário Tavares | Theatro Municipal do Rio
    Data: 11 de outubro de 2024 (sexta-feira)
    Endereço: Av. Alm. Barroso, 14/16 - Centro, Rio de Janeiro - RJ - próximo a estação Carioca do Metrô
    Entrada: Gratuita.
    Sessão do filme limitada até 150 pessoas. Esta atividade requer inscrição prévia via formulário: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScrrxfQTiIUa3a8-LSZI5cPdkTOg95XoTOnbVQrLO7PH1qzKw/viewform?usp=sf_link
    Programação:
    15h | Abertura e coquetel de lançamento do livro “Dramas para Negros e Prólogo para Brancos”, de Abdias Nascimento
    16h | Exibição especial do filme “Ecos do Teatro Experimental do Negro”
    18h30 | Debate
    19h30 | Coquetel e confraternização                                                                                                                                20h30 | Encerramento
  1. Local: Muhcab - Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira
    Data: 13 de outubro de 2024
    Endereço: R. Pedro Ernesto, 80 - Gamboa, Rio de Janeiro
    Entrada: Gratuita. Basta se apresentar na porta do museu
    Programação:
    13h30 | Abertura com lançamento do livro “Dramas para Negros e Prólogo para Brancos”. Coquetel e apresentação da DJ Bieta
    14h30 | Exibição especial do filme “Ecos do Teatro Experimental do Negro”
    16h45 | Roda de conversa
    18h | Coquetel e apresentação da DJ Bieta
    19h | Encerramento

Sobre Abdias Nascimento (1914 – 2011)
Poeta, dramaturgo, artista visual e ativista pan-africano, foi deputado federal, senador da República e Professor Emérito da Universidade do Estado de Nova York (EUA). Fundou o Teatro Experimental do Negro em 1944. Organizou em 1950 o 1o Congresso do Negro Brasileiro, que decidiu pela necessidade de se criar um Museu de Arte Negra. Abdias atuou como curador do projeto de 1950 até 1968. No exílio durante o período do regime autoritário, ele continuou colecionando obras doadas à coleção por artistas africanos e da diáspora, fazendo contatos com artistas e conceituando o que seria um Museu de Arte Negra. A partir de 1968, ele desenvolveu seu próprio trabalho na pintura e exibiu em museus, galerias, centros culturais e universidades em todas as regiões dos Estados Unidos. Continuou pintando na volta ao Brasil, onde fundou o Ipeafro, que realizou exposições em museus e instituições culturais em Paris e em várias cidades do Brasil. A retrospectiva dos 90 anos de vida de Abdias ocupou todos os espaços expositivos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro em 2004-2005, seguindo para Brasília e Salvador em 2006. Sua individual marcou a agenda de 2019 no Museu de Arte Contemporânea de Niterói com seminário de curadores e artistas negrxs. Em 2020, sua individual no Festival Sonsbeek se realizou no Stedelijk Museu de Arte Contemporânea de Amsterdã, na Holanda. Em 2023, o conceito de Quilombismo desenvolvido por Abdias Nascimento foi o tema gerador da exposição inaugural da nova fase do Haus der Kulturen der Welt, instituição do Ministério da Cultura da Alemanha em Berlin. De 2021 a 2024, o legado de Abdias Nascimento e do Museu de Arte Negra ocuparam diversos espaços do Instituto Inhotim, em torno da exposição realizada em quatro atos na Galeria Mata. Em 2009, Abdias Nascimento foi oficialmente indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo conjunto de sua obra, e em 2024, seu nome foi inscrito no livro de Heróis e Heroínas da Pátria.

Sobre Daniel Solá Santiago
Documentarista e produtor audiovisual, participou da produção de diversos filmes do Cinema brasileiro e internacional: “Eles não usam black tie” (Leon Hirszman), “Pixote, a lei do mais fraco” (Hector Babenco), The Emerald Forest (John Boorman) entre outro. Produziu de inúmeras séries e peças comerciais e institucionais. Foi docente de Cinema na Escola Livre de Santo André e  associado à APAN - Associação de Profissionais do Audiovisual Negro e APACI. É diretor dos filmes documentários “Família Alcântara”, “Brasilândia”, “Vila Mariana”, “Maria Faz Anos”, “Coração do Brasil”, "Memória Possível”, “Filhos das Cotas “  e “Ecos do Teatro Experimental do Negro”. Desenvolve os projetos "Preto Laranja", "Money Black Made In Brazil", "Racismo Ambiental", "Elza's", "Gia" e "Família Alcânta 20 Anos+". Atualmente é membro honorário da Academia Brasileira de Cinema e conselheiro do Cinema da Universidade de São Paulo.  Foi reeleito presidente da APACI - Associação Paulista de Cineastas, para o triênio 2021/2023.

Sobre Ipeafro
Fundado por Abdias Nascimento e Elisa Larkin Nascimento em 1981, o Ipeafro é uma associação sem fins lucrativos com sede no Rio de Janeiro. Sua missão é preservar, gerir, articular e difundir o acervo de Abdias Nascimento para a permanência de memória e resistência. O acervo contém uma coleção museológica da própria produção artística de Nascimento e de obras doadas para o projeto Museu de Arte Negra, que nasceu da atuação do Teatro Experimental do Negro, fundado e dirigido por Nascimento a partir de 1944. Oacervo documental do Ipeafro reúne a iconografia e os documentos de texto (recortes de jornais e revistas, programas teatrais, manuscritos, correspondências, registros de sua atuação parlamentar, etc.) de Abdias Nascimento e das organizações que ele criou. O conteúdo do acervo possibilita ações com múltiplas expressões nos mais variados contextos. Com base no conteúdo do acervo, o Ipeafro desenvolve ações na área do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira através de exposições, fóruns, cursos, oficinas e publicações. O Ipeafro disponibiliza e difunde o conteúdo do acervo também por meio de seu site e outros canais na internet.

Sobre a Temporal Editora
Fundada em 2018, a Temporal nasceu a partir do projeto de trazer ao público brasileiro obras da dramaturgia contemporânea, tanto nacional como estrangeira, inéditas ou esgotadas no  país. Dada a amplitude do universo teatral, a Temporal também publica textos teóricos e críticos que ajudem a refletir sobre as obras ficcionais desse gênero.



 

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Lucas Mororo de Souza
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