O Brasil vem enfrentando um aumento significativo no número de queimadas, especialmente em regiões como a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado. A combinação de condições climáticas mais quentes e secas, somada à interferência humana tem provocado incêndios de grandes proporções, causando uma destruição em massa que afeta gravemente a fauna e a flora locais.
Segundo informações divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o país já registrou cerca de 159.411 focos de incêndio desde o início do ano, o dobro da quantidade registrada no ano anterior. Com os focos de incêndio espalhados por todo o país, a população precisa estar preparada para agir corretamente ao se deparar com animais vítimas das queimadas, ajudando a preservar a vida selvagem e minimizando o sofrimento dos que são atingidos.
Por isso, é fundamental que, ao encontrar esses animais, a população tenha consciência de que eles fazem parte de um ecossistema fragilizado, e sua recuperação contribui para a saúde ambiental da região. Segundo Myrian Iser, professora de Medicina Veterinária do Centro Universitário Newton Paiva, “muitas espécies afetadas por incêndios desempenham papéis importantes no equilíbrio da natureza, como controle de pragas e dispersão de sementes.”
Confira algumas dicas essenciais para ajudar os animais nesse momento:
Avaliar a situação: ao encontrar um animal vítima de uma queimada, primeiramente avalie a situação com calma, analisando os perigos do ambiente para sua saúde, como fumaça e chamas. Também é importante lembrar que, devido ao estresse e à dor, o animal pode estar mais agressivo ou confuso. Mantenha uma distância segura e evite qualquer tentativa de manusear o animal diretamente, especialmente se ele estiver ferido. A sua segurança é prioridade, e lidar com animais selvagens exige cuidados especializados.
Acionar autoridades: o segundo passo é acionar imediatamente autoridades competentes, como o Corpo de Bombeiros, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Polícia Ambiental. No Brasil, existem diversas ONGs e instituições voltadas à preservação ambiental que atuam no resgate de animais feridos em incêndios florestais. “Informe com precisão o local onde o animal foi encontrado e, se possível, forneça detalhes sobre o estado dele para que o resgate seja mais eficiente”, destaca a especialista.
Água: enquanto aguarda a chegada do resgate, é possível tentar oferecer água ao animal, se ele estiver acessível e sem sinais de agressividade. Animais atingidos por queimadas geralmente estão desidratados, e oferecer água pode ajudá-los a se recuperar parcialmente até que o socorro chegue. Utilize recipientes limpos e evite qualquer contato direto, para não agravar a situação ou gerar mais estresse.
Aguardar: em situações em que o animal apresenta queimaduras visíveis, mesmo com o impulso de ajudar de forma imediata, é essencial resistir e não aplicar remédios ou substâncias improvisadas sobre as feridas. “Quando vemos um animal sofrendo, pensamos rapidamente no que podemos fazer para ajudar a aliviar a dor, mas uma ação inadequada pode agravar a lesão e causar infecções. Por isso, por mais difícil que seja, o ideal é esperar que os veterinários especializados façam a avaliação para fornecer o tratamento correto”, explica Myrian.
Transporte: outra orientação importante é evitar deslocar o animal sem especialistas, a menos que ele esteja em um local de grande risco, como uma área com focos de incêndio ativo. O transporte inadequado pode piorar as lesões e colocar em risco não só a vida do animal, mas também da pessoa que está ajudando. Caso seja necessário movê-lo, utilize materiais como panos ou lonas, sempre priorizando a segurança de todos os envolvidos.
As recentes queimadas no Brasil são um lembrete da urgência de medidas de prevenção e educação ambiental. O impacto dos incêndios florestais é devastador não apenas para a fauna, mas também para a flora e as comunidades locais. “Ações individuais, como a denúncia de focos de incêndio, o descarte correto de lixo e a conscientização sobre os riscos do fogo descontrolado, podem ajudar a reduzir a frequência e a gravidade desses eventos”, conclui Myrian.
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LIVIA BRANDAO DE CAMPOS
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