16/09/2024 às 10h11min - Atualizada em 17/09/2024 às 08h00min

Brasil é o segundo país com mais cirurgiões realizando aumento de mama em adolescentes

Especialista discute os critérios e cuidados necessários em procedimentos de mamoplastia em menores

SUELLEN EMERICK
Crédito: Pixabay

Dados da Pesquisa Global sobre Procedimentos Estéticos (ISAPS) revelam que o Brasil é o segundo país no mundo com a maior porcentagem de cirurgiões que realizam aumento de mama em mulheres de 17 anos ou menos. Cerca de 26% dos cirurgiões brasileiros realizaram esse procedimento em 2023, enquanto a média mundial é de apenas 7,6%. O Brasil fica atrás apenas do Peru, com 26,7%. Essa demanda entre os mais jovens levanta questões importantes sobre a segurança e a adequação dessas intervenções. 

A cirurgia de aumento de mama é um tipo de mamoplastia que inclui também procedimentos de redução e levantamento das mamas. Conversamos com o cirurgião plástico Guilherme Ribeiro para entender quando a mamoplastia é realmente indicada para menores e quais cuidados são necessários.

“Antes de qualquer procedimento, é essencial que o paciente se compreenda e se aceite. A cirurgia plástica deve ser uma etapa nesse processo, e não a solução final para questões de autoestima ou insegurança. Isso é uma regra para todos os pacientes, mas no caso de adolescentes, ela se torna ainda mais primordial. Estamos falando de corpos e mentes em pleno desenvolvimento”, afirma Ribeiro.

Limites de Idade e Maturidade

Para menores de 18 anos, a maturidade física e emocional é um fator decisivo. “Abaixo dos 16 anos, não realizo mamoplastias. O corpo precisa estar em um estágio de desenvolvimento adequado, o que geralmente ocorre entre 2 a 3 anos após a primeira menstruação. Além disso, é necessário considerar o desenvolvimento corporal como um todo, não apenas das mamas”, explica o cirurgião.

Quando o desejo pela cirurgia é puramente estético, Ribeiro recomenda aguardar até os 18 anos: “Nessa idade, a paciente terá uma compreensão melhor sobre seu corpo e as consequências do procedimento. É comum que adolescentes desejem a cirurgia, mas ainda não possuam conhecimento suficiente sobre seu próprio corpo e o impacto de uma cirurgia plástica.”

A Importância da participação dos pais

A decisão de realizar uma mamoplastia em menores de idade não envolve apenas o paciente, mas também seus responsáveis legais. “É essencial que um adulto participe dessa conversa. Quando os pais são contra ou apresentam muitas objeções, já é um sinal para reconsiderar a ideia. Nessas situações, também recomendo esperar até a maioridade, quando a paciente poderá tomar decisões de forma mais autônoma e consciente”, explica o médico.

Quando a cirurgia é realmente indicada?

Segundo Ribeiro, existem casos específicos onde a mamoplastia é recomendada antes dos 18 anos: “Essas situações geralmente envolvem desconfortos físicos ou emocionais significativos”. A pesquisa da ISAPS aponta que os principais motivos no mundo para realizar o aumento de mama com 17 anos ou menos são: Mama Tubular (30.7%), Assimetria Grave (20.1%), Micromastia Congênita (18.2%), Aumento Bilateral Puramente Estético (13.4%), Mama Congênita Ausente - Síndrome de Poland (2.3%), e outros motivos (5.4%).  

Expectativas alinhadas e decisões conscientes

Para que a mamoplastia atenda às expectativas da paciente, é importante que todos os envolvidos compreendam os melhores caminhos e possibilidades. “A expectativa da paciente precisa ser alinhada com a realidade do procedimento. A cirurgia plástica não é uma mágica; é preciso ter clareza sobre o que é possível e seguro, considerando sempre a saúde e o bem-estar a longo prazo”, conclui.

A mamoplastia, com ou sem colocação de prótese, deve ser uma decisão cuidadosamente avaliada, considerando o desenvolvimento físico, as expectativas emocionais e os impactos futuros. Para menores de 18 anos, essa decisão exige ainda mais cautela, diálogo e tempo para amadurecimento.

Sobre Guilherme Ribeiro

Guilherme Ribeiro é cirurgião plástico, formado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Com ampla experiência, possui residências em Cirurgia Geral e Plástica nas renomadas instituições Santa Casa de Misericórdia de Minas Gerais e no Hospital das Clínicas da UFMG. Atualmente, integra o corpo clínico da Clínica Fibonacci e é reconhecido pelo atendimento de excelência, pautado pela ética e um compromisso profundo com as individualidades de cada paciente. 


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SUELLEN DE OLIVEIRA SILVA
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