A Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, tem ganhado destaque nas discussões sobre saúde mental no ambiente de trabalho. O aumento significativo de casos tem preocupado tanto empregadores quanto profissionais de saúde.
Dados do Ministério da Previdência Social revelam uma realidade alarmante no mercado de trabalho brasileiro: em 2023, 27 trabalhadores foram afastados diariamente devido a transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho. No total, foram concedidos 10.028 auxílios-doença por essas condições. O fenômeno do aumento nos diagnósticos de burnout, que atingiu o maior número dos últimos dez anos, tem sido um fator significativo para o crescimento de pedidos de demissão no país.
De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o número de afastamentos por burnout saltou de 178 em 2019 para 421 em 2023, um aumento impressionante de 136% em apenas quatro anos. No entanto, a complexidade do diagnóstico e a confusão com outras doenças mentais têm dificultado a identificação e o tratamento adequado, como ressalta o Dr. Vicente Beraldi, médico especialista em medicina do trabalho.
Dr. Vicente Beraldi, médico com especialização em psiquiatria, destaca que "a questão do Burnout é muito mais complexa do que as pessoas pensam. Há uma grande confusão sobre o que realmente é essa síndrome e o que são outras doenças relacionadas à saúde mental. Muitas vezes, problemas pessoais são trazidos para o ambiente de trabalho, mas não necessariamente se configuram como Burnout."
A síndrome de Burnout é caracterizada por sintomas como cansaço excessivo, dor de cabeça, alterações no apetite, insônia, dificuldades de concentração, sentimentos negativos e físicos, como pressão alta, dores musculares e problemas gastrointestinais. Para as empresas, o impacto é significativo, resultando em exaustão de energia, distanciamento mental ou negativismo relacionado ao trabalho e redução da eficácia profissional.
Diagnóstico e confusões
"A falta de um diagnóstico claro e o tratamento inadequado podem prejudicar tanto a empresa quanto o colaborador. É essencial diferenciar Burnout de outras condições como ansiedade e depressão para que o tratamento seja eficaz", explica Beraldi. "O acompanhamento por profissionais especializados, como psiquiatras e médicos do trabalho, é crucial para um diagnóstico preciso."
O Ministério da Saúde recentemente atualizou a lista de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo o Burnout. Essa inclusão traz importantes mudanças, como o direito ao auxílio-doença acidentário e aposentadoria por invalidez para aqueles que comprovadamente desenvolvem a síndrome. A nova postura destaca a necessidade de reconhecimento dos fatores psicossociais ligados à gestão organizacional e às condições do ambiente corporativo.
Diversos fatores no ambiente de trabalho podem contribuir para o desenvolvimento do Burnout:
1. Metas acirradas e prazos apertados: Transformam o ambiente de trabalho em um campo hostil.
2. Diversidade geracional e cultural: Gera choques sociais e culturais dentro das empresas.
3. Conciliação do bem-estar com expectativas financeiras: O desafio de alcançar o bem-estar dos colaboradores enquanto se mantém o alinhamento com expectativas financeiras.
Dr. Vicente Beraldi enfatiza a necessidade de criar ambientes mais justos e colaborativos: "A prevenção é crucial para manter a saúde mental e a qualidade de vida dos colaboradores, contribuindo para ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos."
Para prevenir o Burnout, Beraldi recomenda:
1. Estabelecimento de objetivos: Definir pequenos objetivos na vida profissional e pessoal.
2. Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: Participar de atividades de lazer.
3. Atividades físicas regulares: Praticar exercícios regularmente.
4. Cuidados com a saúde mental: Evitar substâncias nocivas, não se automedicar e garantir uma boa qualidade de sono.
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Paulo Fabrício Ucelli
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