03/09/2024 às 09h58min - Atualizada em 04/09/2024 às 08h01min

Mpox, vai começar tudo de novo?

Dr. Benisio Ferreira da Silva Filho*

JULIA ESTEVAM
Rodrigo Leal

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência sanitária global, após aumento nos casos no continente africano. Pontualmente, devido a situação encontrada na República Democrática do Congo, Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda. Lá a transmissão é comunitária e existe potencial para se espalhar, porém, já estamos em alerta e monitorando. Vale frisar que é uma situação diferente do que vivemos em 2020, afinal, se mantivermos as defesas em alerta não teremos a perda de controle. Nestes países africanos, houve um aumento do número de casos e óbitos e por isso merece atenção, por causa da variante do vírus que está relacionado ao aumento do número de casos. Essa emergência irá provocar um aumento da produção de vacinas, implementar o aumento dos serviços de diagnóstico e manutenção do monitoramento do vírus de modo que não percamos o controle da situação.  

Entendo o medo de todos quando recebem as últimas notícias sobre a Mpox, porém é importante que saibamos que há diferenças em relação ao SARS-CoV-2 que causava Covid-19. Em 2020, quando explodiram o número de casos, naquela época a situação que nós tínhamos era de um vírus com transmissão pelas vias aéreas (o que facilita a disseminação e dificulta o controle, obrigando a realizar o isolamento dos casos positivos) e um número de mortes muito alto, em um curto espaço de tempo. Além disso, percebemos rapidamente que não dava para usar como referência o bem-estar ou uma suposta saúde e resistência, já que havia pessoas que supostamente iriam resistir ao Covid-19 e vieram a óbito e outras que eram mais fracas, e não iriam resistir, e resistiram. Além disso, ainda há pessoas que nunca tiveram resultados positivos em testes para Covid. Portanto, no intuito de preservar a maioria até termos meios para combater o Covid, buscou-se meios economicamente ruins, porém, com a intenção de salvar mais vidas, já que não sabíamos quem poderia morrer e quem sobreviveria. Tivemos o surgimento de vacinas e aos poucos fomos voltando ao novo normal. 

E agora? Vai começar tudo de novo com a Mpox? No momento, não devemos pensar assim. Ter atenção e ficar em alerta não significa que já estamos fazendo planos para voltar ao comportamento de 2020 e 2021. Primeiro, existe vacina conhecida e já testada anteriormente mostrando-se eficiente, existe conhecimento sobre grupos específicos (profissionais de saúde e imunossuprimidos) que são mais acometidos, além de estratégia para vacina pós contato, o que não era o caso da Pandemia por SARS-CoV-2. Segundo ponto,a transmissão exige contato, não ocorre através das vias aéreas, logo, quando comparado ao SARS-CoV-2, o controle e contenção são mais objetivos, facilitando a diminuição do aumento de casos. Sabemos que o epicentro no momento é na África, neste cado, se o indivíduo tem viagem aos países africanos com números altos de casos de Mpox, deve ser vacinado e monitorado em sua volta. O mesmo cuidado vale em relação aos viajantes que chegam ao Brasil vindos das regiões endêmicas.  

E o Brasil, como está? Conhecemos, temos casos (poucos quando comparados aos países africanos citados), de 2022 a 2023 tivemos uma diminuição do número de casos e agora, em 2024, temos quase 800 casos, porém o alerta foi provado por uma variante que ainda não está no Brasil. A variante africana pode chegar ao Brasil? Pode, mas estamos preparados e já sabemos como informar a população para prevenir a contaminação e assim conter a disseminação. O alerta da OMS é um aviso aos países e não a confirmação de que estamos novamente em 2020. Ainda bem. 

Como já dito, a transmissão exige contato. As pessoas que estão infectadas com o Mpox aqui no Brasil vão apresentar mal-estar, febre, dor de cabeça e o surgimento das “bolhinhas que parecem ser de catapora”. Essas pessoas devem ter o acompanhamento médico e sim, devem estar isoladas, protegendo assim, os demais da contaminação, pois a transmissão existe o contato muito próximo, íntimo, com essas pessoas. Essas ações ajudaram em 2022 e 2023 a diminuir o número de casos. 

Os profissionais de saúde e os órgãos internacionais estão sempre em alerta e no momento é importante sabermos que estão todos atentos e vigilantes, lembrar a todos que estamos em 2024 e não (graças a Deus) em 2020, vivemos uma situação em que monitoramos um vírus diferente, agora é outra história. 

*Dr. Benisio Ferreira da Silva Filho, Biomédico, Mestre em Ciências da Saúde, Doutor em Biotecnologia e Doutor em Biologia Celular e Molecular. 


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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