30/08/2024 às 15h15min - Atualizada em 02/09/2024 às 16h00min
Senado avalia projeto de lei que propõe a liberação dos cigarros eletrônicos no Brasil
Oncologista do Hospital Japonês Santa Cruz destaca que o uso de vapes aumenta o risco de câncer de pulmão e outras doenças respiratórias e cardiovasculares
ISABELLA OSTOLIN
divulgação/ Freepik A Comissão do Senado avalia o Projeto de Lei 5.00/2023, que propõe a liberação e regulamentação da produção e venda de cigarros eletrônicos, estabelecendo regras específicas para esses produtos. O cigarro eletrônico, ou vape, tem se popularizado entre os jovens, principalmente devido aos seus aromas e sabores variados, o que o torna mais atrativo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70% dos usuários de vapes no mundo têm entre 15 e 24 anos. No Brasil, dados da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) mostram que, até 2023, aproximadamente 2,9 milhões de pessoas consumiam vapes. Nos últimos seis anos, o Instituto registrou um crescimento de 600% no uso desses dispositivos.
Uma pesquisa da Ohio State University, publicada na revista Journal of Oncology Research and Therapy, encontrou evidências de que pessoas que combinam tabagismo com o uso de vapes têm quatro vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão. O estudo analisou 4.975 pessoas com câncer de pulmão e um grupo de controle de 27.294 pessoas sem a doença. Todos os participantes eram residentes de Ohio, nos Estados Unidos, com a mesma distribuição de idade, gênero e raça.
“O uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre jovens, é uma questão de saúde que não pode ser ignorada. A combinação de vapes com o tabagismo tradicional aumenta o risco de câncer de pulmão, além de outras doenças respiratórias e cardiovasculares, como infarto, morte súbita e hipertensão arterial”, afirma o oncologista do Hospital Japonês Santa Cruz, Dr. Francisco Miguel Correa.
O câncer de pulmão é uma das doenças mais letais e uma das principais causas de morte por câncer no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, em 2000, o Brasil registrou uma taxa de mortalidade de 8,7 mortes a cada 100 mil habitantes. Em 2022, essa taxa subiu 66,7%, alcançando 14,5 por 100 mil habitantes. O tabagismo é responsável por cerca de 85% dos casos da doença, e o uso de vapes está se mostrando um fator de risco emergente.
Sintomas, tratamentos e a importância da prevenção
“O câncer de pulmão é frequentemente diagnosticado em estágios avançados, o que torna o tratamento mais desafiador. Os sintomas mais comuns incluem tosse persistente, dor no peito, falta de ar, perda de peso inexplicável e fadiga. Em casos mais avançados, pode haver a presença de sangue no escarro e dores ósseas”, explica o oncologista.
O tratamento do câncer de pulmão varia conforme o estágio da doença e pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou outros tipos de tratamento. A escolha do tratamento depende de fatores como o tipo e a localização do tumor, além da saúde geral do paciente. “O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Pacientes em grupos de risco, como fumantes e ex-fumantes, devem realizar exames de rastreamento regularmente para detectar a doença em estágios iniciais.”
A prevenção continua sendo a melhor estratégia contra o câncer de pulmão. “Evitar o uso de tabaco, incluindo cigarros eletrônicos, é a medida mais eficaz para reduzir o risco de desenvolver a doença. O Dia Nacional de Combate ao Fumo e o mês de Conscientização sobre o Câncer de Pulmão são oportunidades importantes para alertar a população sobre os perigos do tabagismo”, conclui.
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ISABELLA OSTOLIN RODRIGUES DOMINGOS
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