A população de São Mateus, na zona leste de São Paulo, está em alerta. A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) quer ampliar o aterro da Ecourbis e instalar um incinerador de lixo na região, o que pode levar à derrubada de quase 63 mil árvores, colocando em risco a saúde, a biodiversidade e a qualidade de vida de quem já vive em uma das áreas mais impactadas pela desigualdade ambiental da cidade.
Em plena emergência climática, enquanto cidades do mundo inteiro buscam soluções para reduzir emissões e proteger florestas, a Prefeitura de São Paulo insiste em uma política atrasada e perigosa. Em vez de investir em coleta seletiva, reciclagem e reaproveitamento de resíduos, aposta em projetos que ampliam a poluição, liberam gases tóxicos e adoecem a população.
“Estão tratando São Mateus como se fosse o quintal de lixo da cidade. Aqui já sofremos com enchentes, falta de áreas verdes e agora querem destruir o pouco que temos. Não aceitaremos a derrubada de 63 mil árvores nem a instalação deste incinerador da morte”, denuncia Vanilda Anunciação, moradora de São Mateus e coordenadora do Coletivo Sonho, Resistência e Luta.
A tentativa da Prefeitura é atropelar a participação popular e impor os incineradores a qualquer custo. Nos dias 05 e 08 de setembro, no Conselho Gestor do Parque Natural Municipal Cabeceiras do Aricanduva, os representantes da sociedade civil votaram contra a ampliação do aterro. Mesmo assim, a gestão municipal tenta passar por cima da voz da população e acelerar o projeto.
A deputada federal Juliana Cardoso (PT-SP), que acompanha a mobilização, reforça:
“É um escândalo que a Prefeitura queira esconder, sob o nome bonito de Unidade de Recuperação Energética, o que nada mais é do que incinerador de lixo. Essa política é um crime contra o meio ambiente e contra a saúde do povo da periferia. Não vamos permitir que São Mateus vire depósito de veneno. Nossa luta é pelo direito à vida, à saúde e à preservação da natureza”.
Foi por iniciativa da deputada Juliana, em conjunto com a Frente Contra a Ampliação do Aterro, o Desmatamento e o Incinerador de Lixo, que foi convocada a Audiência Pública Popular em São Mateus, no dia sábado, 04 de outubro de 2025, às 10h, na Rua Antônio Mariano Leme, em frente ao número 65, que também conta com apoio de movimentos sociais e populares além de outros parlamentares.
O histórico dos incineradores
Não é a primeira vez que o território sofre com ameaças de incinerador. Em 1995, a comunidade do bairro Jardim São Francisco, em São Mateus, se mobilizou contra a instalação de uma usina de incineração de lixo. A proposta gerou forte resistência popular, evidenciando a preocupação da população com os impactos ambientais e à saúde pública. Essa mobilização reflete a longa trajetória de luta da região contra projetos que ameaçam o meio ambiente e a qualidade de vida dos moradores.