O paradoxo do home office: autonomia com fronteiras frágeis

O trabalho remoto trouxe liberdade, mas também dissolveu limites entre vida pessoal e profissional, elevando riscos de sobrecarga emocional.

Bendita Letra
03/11/2025 16h22 - Atualizado há 6 dias

O paradoxo do home office: autonomia com fronteiras frágeis
Arquivo Pessoal/Divulgação

O trabalho remoto oferece a liberdade de gerir a própria rotina, mas essa autonomia pode vir com um preço alto. O que antes era a jornada do escritório, com hora para começar, para almoçar e para ir embora, se transformou em uma jornada fluida, onde a linha entre vida pessoal e profissional se tornou cada vez mais tênue. Este é o paradoxo do home office: a liberdade de um lado e o risco de sobrecarga do outro.

Essa flexibilidade, embora atraente, acaba por elevar a pressão psicológica. A casa, que deveria ser um refúgio, se torna também o local de trabalho, e as demandas profissionais podem invadir a qualquer momento, dissolvendo o tempo livre. O resultado é o aumento da ansiedade, do estresse e da síndrome de burnout. Dados do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (IPq-HCFMUSP) já mostravam, em 2021, um aumento de três vezes nos quadros de ansiedade e depressão, e de 21% nos casos de burnout se comparados aos meses anteriores à pandemia.

Renata Livramento, psicóloga, doutora em administração e especialista em gestão de saúde corporativa, explica que a autonomia do trabalho remoto, embora valorizada, vem acompanhada de um desafio invisível: a autogestão constante. Segundo a especialista, a ausência de limites claros aumenta significativamente o risco de sobrecarga emocional. “A sensação de estar sempre ‘conectado’ gera estresse contínuo, desgaste mental e pode impactar tanto a saúde quanto a produtividade a longo prazo”, explica.

A especialista ainda destaca que organizações e colaboradores precisam trabalhar juntos para criar estratégias que preservem essas fronteiras. Entre as práticas recomendadas estão: estabelecer horários fixos de trabalho, definir um espaço físico dedicado, promover pausas regulares e incentivar uma comunicação clara sobre expectativas e disponibilidade.

“O paradoxo do home office é real: quanto mais liberdade temos, mais precisamos cuidar das nossas fronteiras. A saúde mental deve ser uma prioridade, pois apenas profissionais equilibrados conseguem manter performance sustentável e engajamento verdadeiro”, conclui a especialista.

Saiba mais sobre o trabalho da Renata Livramento: renatalivramento.com.br | @renata.livramento 


 

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MARIA JULIA HENRIQUES NASCIMENTO
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FONTE: Renata Livramento —  Psicóloga | Doutora em administração | Especialista em gestão de saúde corporativa
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