O Prêmio Nobel de Economia de 2025 consagrou a teoria da destruição criativa, conceito de Joseph Schumpeter aprimorado por Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt. A ideia explica como o crescimento sustentável nasce da substituição de velhas estruturas por inovações que transformam o modo de produzir, trabalhar e viver.
Essa dinâmica está no centro do capitalismo de plataforma, analisado por Nick Srnicek, em que gigantes como Uber, Amazon e Google concentram valor em torno de dados e algoritmos. Para o pesquisador Mateus Rodarte, essa revolução digital, acelerada pela inteligência artificial, redefine o próprio capitalismo.
“A destruição criativa é o motor invisível da economia digital”
Pergunta: O que representa o Nobel de Economia de 2025?
Mateus Rodarte e Leandro Velloso: Ele reconhece que o progresso econômico depende de inovação contínua e de sociedades abertas ao conhecimento. Mokyr mostrou a importância de unir ciência e prática; Aghion e Howitt provaram que a inovação, ao destruir o velho, faz nascer o novo. É um lembrete de que o crescimento exige tanto liberdade criativa quanto políticas de proteção social.
Pergunta: Como o capitalismo de plataforma se encaixa nessa teoria?
Mateus Rodarte e Leandro Velloso: Hoje, o empreendedor schumpeteriano é o algoritmo. As plataformas digitais substituem modelos produtivos anteriores e controlam o fluxo de dados e valor. Elas não apenas produzem, mas apropriam-se do valor, tornando a informação o novo capital.
Pergunta: A inteligência artificial é o novo agente da destruição criativa?
Mateus Rodarte e Leandro Velloso: Sim. A IA inaugura a sexta onda de inovação: automatiza processos, personaliza serviços e expande fronteiras econômicas. Como a eletricidade no século XIX, ela muda a base tecnológica da economia.
Pergunta: Esse processo traz prosperidade ou desigualdade?
Mateus Rodarte e Leandro Velloso: Ambos. A inovação gera produtividade e novos empregos, mas também concentra riqueza. Precisamos de políticas de flexicurity que combinem flexibilidade para as empresas e segurança para os trabalhadores, mas também de formação voltada às profissões do futuro.
Pergunta: E o papel do Brasil nesse cenário?
Mateus Rodarte e Leandro Velloso: O país deve investir em infraestrutura digital pública, regulação moderna e pesquisa aplicada. O Estado precisa atuar como indutor da inovação, e não como obstáculo. Sociedades abertas ao conhecimento sempre inovam mais rápido.
Pergunta: A destruição criativa é ameaça ou oportunidade?
Mateus Rodarte: É ambas. Ela destrói empregos e modelos antigos, mas abre espaço para um novo contrato social entre o mercado de trabalho e o crescimento econômico do Estado. Cabe a nós garantir que essa transformação seja socialmente criadora e sustentável, não apenas econômica — ou seja, inovação com equilíbrio social.
Nos próximos anos, a inteligência artificial e as plataformas digitais acelerarão o ciclo de inovação e obsolescência. O desafio será equilibrar eficiência e humanidade. A economia global caminha para um modelo híbrido, com humanos e máquinas compartilhando decisões e tarefas.
O mundo que virá dependerá de quem conseguir transformar a destruição criativa em renovação sustentável.
Afinal, a verdadeira inovação não é apenas sobre máquinas que substituem pessoas, mas sobre sociedades capazes de reinventar o próprio significado de progresso.
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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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