No DF, indígenas pedem demarcações e combate às mudanças climáticas

Eles apontam queda na renda e na produção de alimentos por causa das mudanças climáticas.

Agência Brasil
13/10/2025 21h49 - Atualizado há 6 horas



A artesã Luana Kaingang, de 34 anos, utiliza no corpo peças produzidas por pessoas da sua comunidade, em um território demarcado em Porto Alegre (RS). O problema é que as mudanças climáticas têm abalado a renda de seu povo




“A criciúma, a taquara e o komag não crescem como antes”, conta.




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São com essas plantas que é produzido o artesanato na comunidade de 58 famílias. “Passamos por períodos de longa estiagem e de temporais. Isso prejudica muito nossa terra”, lamentou. 



Enfrentar as mudanças do clima é ainda mais difícil quando não há sequer segurança no lugar em que se vive. Ela estava entre os cerca de 200 representantes de povos indígenas de todo o país que realizaram um evento nesta segunda-feira (13), em Brasília, pedindo a regularização de terras.



Eles andaram até o gramado em frente ao Ministério da Justiça, na Esplanada dos Ministérios, e fizeram falas de reivindicação. 



“Escudo contra desmatamento”



Segundo o diretor-executivo da Apib, Kleber Karipuna, cada terra indígena demarcada é um “escudo” contra o desmatamento.




“A ciência comprova o que já sabemos: terra demarcada é floresta em pé e viva. Só nossos territórios na Amazônia geram 80% das chuvas que regam o agronegócio no Brasil”. 




O ato, promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) com apoio da Avaaz, integra a programação da Pré-COP Indígena, que acontece em Brasília, também na terça-feira (14), em paralelo à Pré-COP dos Estados;



Segundo a Apib, a demarcação de 104 Terras Indígenas aguarda apenas as etapas finais no Executivo Federal. 




Brasília (DF), 13/10/2025 - Passeata indígena em defesa da demarcação de terras. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Brasília (DF), 13/10/2025 - Passeata indígena em defesa da demarcação de terras. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil



Brasília (DF), 13/10/2025 - Passeata indígena em defesa da demarcação de terras. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil



 



Proteção



Ele exemplificou que, apenas na Amazônia, entre 2001 e 2021, esses territórios absorveram cerca de 340 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, o equivalente às emissões anuais de combustíveis fósseis do Reino Unido. 



Um argumento importante que mostra o papel desses defensores da natureza é que as Terras Indígenas já demarcadas da Amazônia apresentam índice de desmatamento baixíssimo, tendo perdido historicamente apenas 1,74% de sua vegetação original.



O ato fez parte da campanha “A Resposta Somos Nós", da Apib. Inclusive, a entidade lançou neste ano a NDC Indígena (Contribuições Nacionalmente Determinadas), construída pelos próprios povos, que propõe incluir a proteção de territórios, saberes e modos de vida como parte das metas oficiais do Brasil no Acordo de Paris.



Modo de vida



No caso de Luana Kaingang, do Rio Grande do Sul, a demarcação viabiliza o modo de vida da agroecologia e de proteção das matas nativas.




“Na nossa região, a nossa principal reivindicação é para manter o parque e não criar prédios, condomínios, com a especulação imobiliária”.




Também da Região Sul e do povo Kaingang, a artesã Kauane Félix, de 24 anos, tinha nos braços o filho de dois anos de idade, agasalhado por uma bandeira do Brasil. Ela vive em comunidade rural na cidade de Novas Laranjeiras. Segundo ela, o desmatamento nas redondezas, promovido por  invasores têm sido um problema para o seu povo. 




Brasília (DF), 13/10/2025 - Kauane Felix participa de passeata indígena em defesa da demarcação de terras. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Brasília (DF), 13/10/2025 - Kauane Felix participa de passeata indígena em defesa da demarcação de terras. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil



Brasília - 13/10/2025 - Kauane Félix fala do impacto do desmatamento em sua comunidade - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil



Com mais araucárias nativas derrubadas, mais vulnerável fica o seu povo. “Está impactando nossa alimentação. Impacto no milho, feijão, mandioca e também nas frutas nativas, como a pitanga”. O lugar não é igual como era na sua infância. “Quando eu era criança, era muito frio. Hoje, na mesma época, está calor”.



Ela se orgulha que a comunidade tem conseguido trabalho de reflorestamento com apoio da Polícia Rodoviária Federal, que tem lançado sementes por helicóptero. 



Tensão na fronteira



Também presente no ato, a indígena Sally Nhandeva (foto em destaque), de 21 anos, que mora em Japurã, fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, disse que há desafios no dia a dia. Um dos problemas reais que eles passam é, segundo ela, as ameaças de fazendeiros brasileiros e também paraguaios. 



“Queremos viver sem os agrotóxicos dos vizinhos. E proteger a nossa floresta. Eles entram na nossa comunidade querendo nos despejar”. O que tem protegido o seu povo é que a demarcação já chegou para eles. 



Mesmo diante das dificuldades, ela, que tem um filho, não pensa em deixar a comunidade. “Se a gente fugir, quem vai lutar por nós?”, questiona.



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Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/meio-ambiente/noticia/2025-10/no-df-indigenas-pedem-demarcacoes-e-combate-mudancas-climaticas

FONTE: https://agenciabrasil.ebc.com.br/meio-ambiente/noticia/2025-10/no-df-indigenas-pedem-demarcacoes-e-combate-mudancas-climaticas
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