Programa de inclusão produtiva eleva em 70% a renda de jovens da periferia

A iniciativa, apoiada por empresas locais, também reduziu em 35% o número de participantes fora do mercado de trabalho formal.

Deto Vale
09/10/2025 21h18 - Atualizado há 8 horas

Programa de inclusão produtiva eleva em 70% a renda de jovens da periferia
Imagem: Divulgação

Um programa de inclusão produtiva aumentou 72% a renda média de jovens da periferia de São Paulo, segundo estudo divulgado pela United Way Brasil (UWB).

O levantamento “Avaliação de Impacto”, divulgado na terça-feira (7), apontou ainda que o acesso a oportunidades por  jovens em situação de vulnerabilidade resultou em um aumento médio de salário de R$ 912,06 para R$ 1.507,26 entre os participantes.

Além disso, houve uma redução de 20% no número de jovens que não buscavam emprego, e ainda um avanço na formalização do trabalho: 45% dos entrevistados afirmaram atuar com carteira assinada (CLT).

Impacto social e econômico

Para o mestre em políticas públicas e especialista internacional em cidades, Wellington Santos, o aumento no salário médio não beneficia apenas os jovens, ele também pode reduzir desigualdades, desde que empresas, governo e sociedade civil atuem juntos.

“Além de benefícios diretos, a elevação de ganhos de jovens periféricos pode transformar economias locais, promover a igualdade e melhorar as condições sociais nas comunidades. Desde que haja colaboração entre diferentes setores da sociedade para expandir e sustentar esses impactos positivos”, ressalta Wellington.

Os setores de comércio e serviços administrativos concentram 45% das vagas ocupadas pelos jovens participantes, mas as áreas mais desejadas são tecnologia (21%) e saúde (20%).

A pesquisa ouviu 600 jovens entre 16 e 29 anos, participantes do programa nos últimos cinco anos. Mais da metade (56%) se declarou negra e mora nas zonas Leste e Sul de São Paulo.

O levantamento ainda revelou que três em cada quatro entrevistados (75%) estão estudando, sendo metade deles no ensino superior.

Para efeito de comparação, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado em agosto deste ano, apenas 16% dos jovens brasileiros de 15 a 29 anos conseguem conciliar trabalho e estudo.

Parcerias e continuidade

A professora da Fundação Getúlio Vargas, Lia Lopes, afirma que o aumento da renda é essencial para que os jovens consigam continuar estudando.

“A inclusão produtiva é positiva para todos os lados. Esse dinheiro extra permite que muitos não apenas ajudem nas despesas de casa, mas também se mantenham na universidade”, explica.

Ela destaca ainda a importância das parcerias público-privadas para garantir a continuidade das ações.

“Esse processo cria uma dinâmica positiva de inclusão produtiva e desenvolvimento social, que beneficia todos os atores: o Estado, por gerar impacto social; as organizações, que acompanham de perto o crescimento dos jovens; e as empresas, que recebem talentos preparados para o mercado”, explica Lia.

Para a CEO da United Way Brasil, Gabriella Bighetti, investir na juventude é investir no desenvolvimento do país.

“As empresas têm papel central nesse processo, ao abrirem espaço para formação e contratação mais inclusivas. A inclusão produtiva precisa sair do discurso e entrar nas políticas públicas e nas estratégias empresariais”, afirma.

O Juventudes Potentes adota a metodologia de Impacto Coletivo, reunindo jovens, empresas, governos e organizações da sociedade civil para criar oportunidades nas comunidades periféricas.


O programa integra a Global Opportunity Youth Network (GOYN), do Instituto Aspen, e é sustentado por duas frentes principais: o Fundo Territórios Transformadores (FTT) — que apoia organizações sociais nas zonas Leste e Sul — e a Rede de Oportunidades (RO), que divulga semanalmente vagas de emprego, cursos e oportunidades via WhatsApp.


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