Engenheiro civil aposentado tornou-se escritor aos 75 anos

Evidenciando que nunca é tarde para recomeçar, Fernando Machado, que, atualmente, tem 81 anos de idade, já escreveu três livros e planeja escrever uma quarta obra literária, em breve

CRISTIAN CESAR
02/10/2025 09h34 - Atualizado há 4 horas

Engenheiro civil aposentado tornou-se escritor aos 75 anos
Reprodução

Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano de 2022, a expectativa média de vida brasileiro é de 75, 5 anos. A projeção da agência é de que esse número continue a crescer nas próximas décadas, alcançando a marca de 81,3 anos em 2050. Essa tendência, aliada à melhora de hábitos do brasileiro, fará com que se viva mais e melhor no país. Envelhecer já não é e será, cada vez menos, sinônimo de falta de vitalidade. Para os idosos atuais e vindouros, sonhos, planos e projetos continuarão fazendo parte do pacote da velhice. 

Fernando Machado é uma prova disso. Após uma carreira bem-sucedida como engenheiro civil e um breve período em que atuou como proprietário de um centro cultural dedicado à música e ao cinema, ele decidiu recomeçar. Aos 75 anos de idade, tornou-se escritor. Hoje, aos 81 anos, já publicou três livros. O primeiro chama-se “Gastura” e é uma mistura de autobiografia com almanaque histórico. O segundo recebeu o nome de Phenix. Nele, Fernando conta a história de Artur, um homem que precisa acertar as contas com o passado para recomeçar. O terceiro, “Spoiler”, lançado na Bienal do Livro de 2024, obra de ficção como a anterior, aborda temas candentes da atualidade: gênero, raça e preconceito.

Desde jovem, o engenheiro aposentado sofreu com abalos emocionais, que o levaram várias vezes a se consultar com um psiquiatra. Mais recentemente, em 2018, devido a problemas pessoais que se desdobraram em desconfortos psicológicos, levaram-no a procurar psicoterapia para tratar o fundo emocional do padecimento físico. Nas sessões, começou a revisitar acontecimentos do passado, que ainda se encontravam mal resolvidos. Foi aconselhado pela terapeuta a passá-los para o papel como forma de elaborá-los melhor. “Se eu escrevesse a história de minha vida desde quando a minha memória alcançasse, poderia terminar de abrir ou fechar portas imaginárias que estivessem apenas entreabertas”, conta. Fernando, assim o fez, e nunca poderia imaginar que, através desse exercício, passaria a se dedicar ao ofício seriamente.

 

Fernando Machado no lançamento de seu terceiro livro "Spoiler" - na Bienal do Livro 2024

 

Além da escrita, o ex-mecenas cultural mantém a mente, o espírito e o corpo renovados através da atividade física. Ele pratica pilates regularmente. Ajuda também Fernando a encontrar disposição diária o fato de morar, há mais de 20 anos, em Florianópolis, mais especificamente em Ribeirão da Ilha, um distrito bucólico e pitoresco de origem açoriana. Viver em uma comunidade tranquila, situada no sul da ilha, entre o morro e o mar, cheia de praias, igrejas, museus e restaurantes de frutos do mar, fornece ao escritor a recarga de energia necessária para que ele continue ativo aos 81 anos.

Foi de suma importância ainda para a manutenção da boa saúde, disposição e vitalidade do engenheiro aposentando a convivência com sua segunda esposa. Foi com ela e por causa dela que se mudou de São Paulo para Ribeirão da Ilha na década de 2000, em busca de tratar uma doença de pele que afligia à cônjuge na época. Na pacata comunidade, não apenas viu sua mulher se curar, como encontrou mais qualidade de vida. Há cerca de três anos, a esposa faleceu, mas Fernando guarda os momentos de alegria e felicidade que viveu com ela para continuar. “Ela me acompanhava o tempo todo, viajando pelo mundo inteiro. No fim, ela acabou indo antes, mas foi um casamento inesquecível”, afirma.

A vida familiar é outra fonte de combustível para Fernando. Ele tem três filhos do primeiro casamento, que moram na capital Paulista, e viaja de volta à terra natal sempre que possível, para reencontrá-los, matar a saudade, dar e receber amor e carinho. Nem a diferença geracional, que às vezes causa atrito no relacionamento, é capaz de abalar a satisfação que sente pela conquista das crias. “O mais velho e o mais novo trabalham com programação de computadores. São sócios em uma empresa que vai muito bem. O filho do meio é formado em Psicologia e Filosofia. Recentemente, viajei a Évora, em Portugal, para seu doutoramento”, relata o pai orgulhoso.

Por fim, não se pode esquecer de Brown, o cachorrinho do escritor. Companheiro fiel, o pet foi um dos responsáveis por aplacar a solidão de Fernando após o falecimento da esposa. É com ele que peregrina ao seu lugar predileto em Ribeirão da Ilha: o gramado em frente à entrada lateral da Paróquia Nossa Senhora da Lapa, com vista privilegiada do cemitério, com suas lápides enfeitadas com flores artificiais multicoloridas. Lá costuma evocar o passado e meditar sobre algum assunto que esteja em evidência na sua vida. A importância de Brown na vida do engenheiro aposentado é tão grande que o próximo livro que planeja escrever será sobre o animal de estimação.

 

Sobre o autor

Fernando Machado formou-se em engenharia civil na Universidade Mackenzie, em 1968. Exerceu sua profissão até o começo do novo milênio quando passou a se dedicar a um espaço multicultural em São Paulo (SP). Alguns anos depois, aposentou-se e mudou-se para Florianópolis (SC).

Em 2018, um pouco antes da pandemia, após passar por uma terapia de regressão que fez emergir diversas lembranças há muito escondidas, resolveu escrever seu primeiro livro, a autobiografia e almanaque histórico brasieiro, “Gastura”. A experiência com a escrita foi tão gratificante que Machado abraçou de vez o novo ofício, enveredando-se pelo mundo dos romances ficcionais. É dessa nova fase, Phênix, um livro sobre esquecimento, memória, acerto de contas com o passado e amor. Nesse ano, lançou “Spoiler”, que navega por temas polêmicos como gênero, raça e preconceito.

Todos os livros de Machado foram publicados pela Editora Labrador.


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CRISTIAN CESAR RODRIGUEZ DA SILVA
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