Por Dr. Marcelo Müller – Médico-Veterinário, Mestre em Pesquisa Clínica e autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”
Quem convive com cães e gatos já recebeu aquelas lambidas insistentes — nas mãos, no rosto, nos pés. Muitos tutores interpretam como demonstração de amor, enquanto outros ficam em dúvida: será apenas afeto ou pode ser sinal de ansiedade, estresse ou até de um problema de saúde?
Durante meus anos de atendimento veterinário domiciliar, já ouvi essa pergunta inúmeras vezes. A verdade é que a lambedura tem diferentes significados, e o contexto é o que define sua interpretação.
Demonstração de afeto e vínculo
A lambida é um dos maiores símbolos de socialização e carinho entre animais. Filhotes lambem a mãe, e cães adultos repetem o gesto com os tutores como forma de reforçar o laço emocional.
Busca de atenção
Muitos pets aprendem que lamber gera resposta imediata: carinho, conversa, risadas. Isso reforça o comportamento, que pode se tornar insistente.
Expressão de ansiedade ou estresse
A lambedura repetitiva pode ser uma forma de descarga emocional. Animais ansiosos lambem para se autorregular — comportamento semelhante a roer unhas em humanos.
Exploração sensorial
O olfato e o paladar dos pets são ferramentas de conhecimento. Ao lamber, eles “leem” o tutor: identificam odores, sabores e até hormônios presentes no suor.
Alerta para mudanças de saúde
Estudos científicos já demonstraram que cães conseguem detectar alterações químicas no corpo humano relacionadas a doenças como diabetes, epilepsia e até câncer. Em alguns casos, a lambida insistente em uma região específica pode ser um sinal de alerta.
Embora seja natural, há situações em que a lambida excessiva pode indicar um problema:
Comportamento compulsivo: quando o pet lambe de forma incessante, sem estímulo, e chega a causar feridas em si ou no tutor.
Sinais associados de ansiedade: como vocalização, destruição de objetos ou inquietação.
Foco em uma área específica do corpo humano: pode sugerir alteração de odor relacionada a alguma condição de saúde.
Nesses casos, é importante buscar avaliação veterinária — tanto do pet, para descartar distúrbios comportamentais ou dermatológicos, quanto do próprio tutor, caso haja suspeita de alteração orgânica.
Não punir: a lambida é um comportamento instintivo, e repreender pode gerar mais ansiedade.
Redirecionar: ofereça brinquedos, mordedores ou estímulos positivos quando a lambida for excessiva.
Investigar o contexto: observe se o comportamento acontece em momentos de estresse, solidão ou quando o tutor está triste.
Avaliar saúde: se houver mudanças súbitas ou insistência incomum, procure orientação veterinária — e, se necessário, médica.
As lambidas dos pets carregam múltiplos significados. Muitas vezes, são um gesto genuíno de amor e apego, mas também podem ser um pedido de ajuda, uma forma de lidar com ansiedade ou até um sinal precoce de alerta para a saúde do tutor.
Cães e gatos não falam, mas comunicam com gestos e comportamentos. Interpretar essas mensagens é essencial para fortalecer o vínculo e cuidar do bem-estar de todos.
Dr. Marcelo Müller é Médico-Veterinário com mestrado em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Atua na promoção de saúde preventiva e integrativa, com foco no diagnóstico precoce, respeito à senciência animal e fortalecimento do vínculo entre pets e tutores. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”.
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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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