Por que muitas mulheres não se veem como empreendedoras — e como mudar essa mentalidade

Especialista defende que crenças limitantes, insegurança e falta de representatividade impedem mulheres de avançarem nos negócios e no digital

PEDRO SENGER
26/09/2025 14h59 - Atualizado há 2 horas

Por que muitas mulheres não se veem como empreendedoras — e como mudar essa mentalidade
Divulgação

O Brasil reúne hoje mais de 30 milhões de empreendedores, segundo o Sebrae. Mas, quando o olhar se volta para o recorte de gênero, a desigualdade é evidente: apenas 34% dos negócios têm mulheres à frente, proporção que permanece praticamente estagnada nos últimos anos. No ambiente digital, o desafio ganha outra camada. Muitas mulheres ainda não se reconhecem como empreendedoras por falta de referências e por carregarem crenças limitantes sobre seu potencial de realização. Especialistas alertam que o problema não está apenas no acesso a crédito ou políticas de apoio, mas sobretudo em um fator menos visível: a mentalidade.

"Mentalidade é como um solo. Se ele não for fértil, nada vinga. Você pode plantar a melhor semente do mundo no concreto, que ela não vai florescer. Por isso, antes de qualquer estratégia, precisamos preparar o solo — a cabeça — para que ele esteja aberto ao crescimento", explica Bettina Rudolph, fundadora do Grupo Líbertas, que já formou mais de 100 mil alunos em educação digital.

Para Bettina, mudar a mentalidade não é um exercício abstrato, mas uma prática diária que envolve três movimentos fundamentais. O primeiro é sair da posição de vítima e assumir protagonismo, reconhecendo que resultados não dependem de sorte, herança ou circunstâncias externas, mas de escolhas e atitudes consistentes. "Enquanto a pessoa acreditar que o sucesso está nas mãos de fatores que ela não controla, vai continuar paralisada", destaca. Na prática, isso significa abandonar justificativas que travam o crescimento, como a ideia de que "o mercado é injusto", "não tenho tempo" ou "não tenho o perfil para empreender", e substituir por atitudes proativas, ainda que pequenas, mas consistentes. 

O segundo movimento é adotar a chamada mentalidade fazedora, sustentada pela ação. Para Bettina, muitas mulheres permanecem travadas esperando o "momento perfeito" ou o plano sem falhas, quando, na realidade, é a execução contínua que gera aprendizado e evolução. É a aplicação prática do princípio de que feito é melhor que perfeito. "O mundo é de quem faz. Quem começa imperfeito e melhora a cada dia sai na frente de quem nunca saiu do lugar", explica.

O terceiro, e talvez mais transformador, é desenvolver a antifragilidade — a habilidade de transformar críticas, obstáculos e até fracassos em combustível para crescer. Bettina usa a própria história como exemplo. Após virar meme nacional e ser acusada de mentir sobre seu patrimônio, ela enfrentou uma onda de ataques e foi processada. Em vez de recuar, escolheu sustentar sua verdade, apresentou todas as provas e venceu o processo. O episódio que poderia ter colocado fim à sua carreira acabou reforçando sua convicção e servindo como um divisor de águas para sua trajetória. "Ser antifrágil não é apenas resistir às pedras do caminho, mas aprender a se manter de pé e seguir construindo mesmo sob ataque", resume.

Essa visão não surge por acaso. Bettina estuda o tema da mentalidade há anos e tem se aprofundado cada vez mais na área. A dominação desse aspecto resultou na construção do Grupo Líbertas, ecossistema de negócios digitais que já impactou mais de 80 mil alunos. Casos como o da médica Juliane Stall mostram na prática o impacto desses pilares de mentalidade. Ao enfrentar burnout e depressão, ela encontrou no digital uma oportunidade de reinvenção e decidiu assumir o protagonismo da própria carreira. Com disciplina e ação, a mentalidade fazedora, aplicou o método do programa Do Zero ao Digital (ZD) e faturou R$ 150 mil em apenas dois meses, superando o que recebia em um ano de plantões. Já Bella Franceschini, que deixou o emprego formal para empreender, ilustra a antifragilidade. Mesmo diante das incertezas de abandonar o CLT, transformou os desafios em motivação para crescer e alcançou R$ 1 milhão de faturamento no primeiro ano.

As trajetórias de Juliane, Bella e milhares de outras mulheres formadas pelo Líbertas reforçam que mentalidade não é detalhe, mas o fundamento do empreendedorismo feminino. "Quando uma mulher acredita que pode e se coloca em movimento, ela constrói sua liberdade e inspira outras a seguirem o mesmo caminho. Esse efeito multiplicador é o que vai transformar a representatividade nos negócios", conclui Bettina.



 

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