O equilíbrio entre tecnologia, inovação e o impacto socioambiental no setor petrolífero
Por Nárjara Senra, Diretora de Oil & Gas da Minsait no Brasil
Bruna Lima
22/09/2025 12h34 - Atualizado há 4 horas
Minsait
O setor petrolífero é um dos principais motores da economia brasileira. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o segmento de petróleo e gás representa cerca de 17% do PIB nacional, gerando milhares de empregos e movimentando diversas cadeias produtivas. Trata-se de uma área estratégica, que impulsiona a arrecadação de impostos, estimula a inovação tecnológica e promove o desenvolvimento de regiões produtoras. No entanto, seus efeitos vão além dos benefícios econômicos e exigem uma reflexão mais ampla. Por um lado, há projeções animadoras em termos de empregabilidade: segundo dados da Petrobras em seu relatório de sustentabilidade, entre 2025 e 2029, o setor deve criar mais de 315 mil vagas diretas e indiretas, contemplando profissionais de diversas áreas: da engenharia aos serviços logísticos e administrativos. Por outro lado, a operação petrolífera, especialmente em áreas offshore e em regiões sensíveis como o entorno da Amazônia, envolve riscos ambientais significativos. A construção de infraestrutura, os potenciais vazamentos e o desmatamento associado à exploração representam desafios que não podem ser negligenciados. O cenário futuro reforça ainda mais essa preocupação. De acordo com relatório divulgado pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), o Brasil está em uma trajetória de crescimento significativo no mercado global de petróleo. O país, que já é o oitavo maior exportador da commodity, deve ver sua demanda saltar de 3,4 milhões de barris por dia (bpd) em 2024 para 4,8 milhões de bpd em 2050, um aumento de 40%. Esse crescimento será impulsionado, principalmente, pelo transporte rodoviário e pela aviação, o que indica uma intensificação do consumo e da produção nas próximas décadas. E é nesse cenário que a tecnologia se apresenta como uma aliada fundamental para equilibrar o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Soluções baseadas em Internet das Coisas (IoT), por exemplo, permitem monitorar equipamentos em tempo real, identificar falhas com antecedência e detectar vazamentos precocemente, evitando acidentes de grande proporção. Além disso, sistemas inteligentes de gestão de ativos tornam as operações mais eficientes, promovendo o controle integrado dos processos. A Inteligência Artificial (IA) também já está incorporada à rotina do setor, otimizando etapas-chave da cadeia de valor. Com o uso de algoritmos avançados, é possível prever a demanda energética, ajustar a produção em tempo real, reduzir o consumo em refinarias e aplicar a manutenção preditiva, antecipando falhas e diminuindo paradas não programadas. Essa transformação digital contribui diretamente para o aumento da segurança, a redução de custos e o aprimoramento da performance operacional. À medida que as operações se tornam mais conectadas, a cibersegurança ganha protagonismo. Ambientes industriais inseridos em redes digitais estão mais vulneráveis a ataques cibernéticos, que podem comprometer a continuidade dos serviços e a integridade das instalações. Por isso, soluções específicas de segurança digital são indispensáveis para o setor, com monitoramento constante, respostas rápidas a incidentes e sistemas projetados para proteger infraestruturas críticas. Contudo, a adoção de tecnologias não deve se limitar ao aumento da produtividade ou à redução de despesas. É essencial que as inovações também sejam direcionadas à mitigação dos impactos socioambientais. Ferramentas baseadas em IA podem monitorar emissões em tempo real, indicar rotas logísticas com menor pegada de carbono e até contribuir para a otimização de projetos voltados ao uso de combustíveis biorrenováveis, alinhando-se às metas de descarbonização e sustentabilidade. O setor de petróleo e gás continuará sendo uma peça-chave da economia brasileira, gerando riqueza e oportunidades em larga escala. Mas também carrega responsabilidades ambientais e sociais que não podem ser ignoradas. A boa notícia é que já existem recursos tecnológicos concretos para equilibrar esses dois lados da balança. Soluções em IoT, IA e cibersegurança oferecem ferramentas poderosas para modernizar as operações, tornando-as mais seguras, eficientes e comprometidas com o futuro do planeta. É hora de abraçar essa transformação. A inovação não deve ser vista apenas como diferencial competitivo, mas como um caminho necessário para assegurar que o progresso do setor avance de forma ética, responsável e sustentável. Afinal, evolução de verdade acontece quando o desenvolvimento econômico caminha em sintonia com o cuidado com o meio ambiente e com as pessoas. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
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