Clima sacrifica a criança

Emergência Climática

Renato Nalini
12/09/2025 07h37 - Atualizado há 7 horas

Clima sacrifica a criança
Domínio Público
            Quando se fala em emergência climática, o resultado da inconsequência humana ao maltratar a natureza, tende-se a pensar que isso é uma questão ambiental. Não é. É uma questão de saúde.
            Estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ da USP, provou que os desastres naturais afetam mais do que a infraestrutura das cidades. Elas atingem com severidade maior as crianças, que ingressam mais cedo no mercado de trabalho e se prejudicam no aprendizado.
            A doutoranda Priscila Soares dos Santos e a professora Ana Lúcia Kassouf constataram que de 2013 a 2019, registrou-se um total de 18 mil ocorrências. Já até 2023, esse número subiu a 34 mil eventos, ou quase dobrou. Qual o motivo?

            Enfrenta-se hoje dúplice desastre: o hidrológico e o climatológico. O primeiro consiste em chuvas violentas, inundações, enxurradas. O segundo é a estiagem, seca e o incêndio florestal. Crianças: as vítimas preferenciais dessas calamidades. Os fenômenos causam a interrupção das aulas e isso apressa o arremesso da criança para o mercado de trabalho. Contribui para isso a destinação dos edifícios escolares para abrigos. Os estudantes ficam sem aula. Atrasam o aprendizado. Condenam-se a um futuro limitado, com redução drástica da sua possibilidade de se tornar profissional qualificado.
            A conclusão deve orientar políticas públicas de adaptação climática, assim como São Paulo faz, por clarividência do Prefeito Ricardo Nunes, que criou a Secretaria de Mudanças Climáticas e ordenou a elaboração do Orçamento Climático da cidade de São Paulo, mas não se limitou a isso.
            A capital dispõe de cinquenta e nove cadernos de drenagem, com o diagnóstico geológico, hidrológico e de vulnerabilidade social de toda a cidade. Com isso, tem-se um quadro bem exato das prioridades a serem atacadas, como a necessidade de macro drenagem, micro drenagem, construção de jardins de chuva, as vagas verdes, a multiplicação de bosques e o plantio de cento e vinte mil árvores, o que tornará a maior cidade do Brasil, também a mais resiliente e a mais verde. 
            Se o clima prefere as crianças como vítimas, a gestão municipal as elege como alvo preferencial das políticas públicas. Que isso sirva de inspiração para a sociedade civil, que também é responsável por fazer a sua parte. Afinal, democracia participativa é isso: depende de protagonismo cidadão.

*José Renato Nalini é Secretário-Executivo de Mudanças Climáticas de São Paulo.

 

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LUCIANA FELDMAN
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