Fundação CASA investe em processos circulares com jovens atendidos na capital e em Guarulhos
Metodologia que suscita o diálogo sobre temas existenciais já atendeu cerca de 150 adolescentes atendidos em centros da DRCAP
CAMILA SOUZA
11/09/2025 19h27 - Atualizado há 6 horas
Fundação CASA/Divulgação
Um momento de diálogo aberto e franco, realizado em formato de círculo, em que cada participante, instigado por um tema existencial, se manifesta livremente a partir de suas experiências e convicções, sem interrupções, e com espaço para todos se expressarem. A Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação CASA), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, tem investido desde maio na metodologia do processo circular para promover o diálogo e o protagonismo de adolescentes em medida socioeducativa nas cidades de São Paulo e Guarulhos. Trata-se de um projeto piloto, desenvolvido pela equipe da Divisão Regional Metropolitana Capital (DRCAP), que já contemplou cerca de 150 adolescentes atendidos em seis centros socioeducativos – CAIP São Francisco, CASA Nova Vida, CASA São Paulo, e CASA João do Pulo, na capital paulista, e no CASA Guarulhos, no município da Região Metropolitana. A DRCAP é uma das quatro divisões regionais da instituição, que supervisiona o atendimento de 29 centros em São Paulo, Guarulhos e Itaquaquecetuba. O processo circular mais recente aconteceu nesta quarta-feira (10) no CASA João do Pulo. Sob a orientação da coordenadora pedagógica Miriam Aparecida Guedes, acompanhada do especialista técnico Marcelo Hodas Taddeo, dez jovens de diferentes idades falaram sobre seus interesses, sonhos, valores, como fazem suas escolhas e outros temas relevantes para a faixa etária. Cada um teve o seu momento de expressar e também de ouvir o outro, sem interrupções ou julgamentos, num espaço de fala e escuta. Segundo Miriam, que é formadora e facilitadora em processo circular, embora o método seja distinto da justiça restaurativa, permite introduzir temáticas oriundas dele, como a cultura de paz e de não violência. No processo circular, o pressuposto é a circulação do diálogo, podendo aprofundá-lo, a partir de um assunto sugerido ou pelo facilitador ou mesmo pelos participantes, enquanto o círculo restaurativo, da justiça restaurativa, pressupõe a existência de um conflito entre as partes, que buscam uma solução pelo diálogo incentivado por um mediador. O processo circular é uma prática em que todos os participantes têm “voz” e “vez”, e são escutados com respeito na convivência, de forma colaborativa. “Criamos um ambiente e um momento para que cada adolescente se sinta seguro em conversar e ir se revelando, sem qualquer pressão”, explica a coordenadora pedagógica e facilitadora. A concretização do processo circular se compõe de abertura, atividade principal, construção de combinado entre os participantes, diálogo e fechamento. “É uma metodologia muito interessante na socioeducação, porque ajuda a fortalecer vínculos, seja entre os adolescentes, entre os jovens e os servidores e entre os próprios funcionários”, completa a coordenadora pedagógica, que sempre realiza os processos em parceria com outro servidor da DRCAP. A coordenadora pedagógica se tornou facilitadora de processo circular depois de frequentar o curso “Facilitadores de Processo Circular”, oferecido pela Escola Paulista de Magistratura (EPM) do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Ela participou da formação em 2019, ao lado da pedagoga Maria Verônica Barros, que atua no CASA Ouro Preto, em São Paulo, e com quem dividiu os processos circulares neste ano no CASA Nova Vida. A aplicação do processo circular se inicia antes da realização com os jovens, a partir da análise da equipe gestora da DRCAP, que elege um centro de atendimento. A coordenadora pedagógica conversa com a equipe gestora e os servidores representantes das áreas, para apresentar a metodologia da proposta no cotidiano das atividades do centro socioeducativo. “Nosso objetivo é sempre somar ao trabalho já feito pelas equipes multidisciplinares no centro de atendimento”, explica Miriam. Depois, é marcado dia e horário dentro da agenda pedagógica para atender os jovens, conforme a demanda indicada pela equipe local. A presidente da Fundação CASA, Claudia Carletto, destaca a importância da iniciativa: “A convivência em sociedade, de forma segura, também pressupõe que as pessoas sejam capazes de falar e ouvir, numa linguagem sem violência ou agressões. Ao demonstrar isso nos processos circulares, os adolescentes reforçam um aprendizado para a vida enquanto cidadãos”, avalia a presidente. Os resultados do piloto da DRCAP foram relevantes. Há intenção de expandir a proposta para os outros centros de atendimento, além de construir um grupo de trabalho (GT), envolvendo outros profissionais da divisão regional e dos centros socioeducativos, a fim de replicar o conhecimento e a metodologia junto a outros servidores para que a iniciativa ganhe capilaridade. Sobre a Fundação CASA A Fundação CASA aplica medidas socioeducativas conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE). Atendendo jovens de 12 a 21 anos incompletos em São Paulo, a Fundação executa medidas de privação de liberdade e semiliberdade, determinadas pelo Poder Judiciário, garantindo os direitos previstos em lei, pautando-se na humanização, e contribuindo para o retorno do adolescente ao convívio social. Mais informações em: https://fundacaocasa.sp.gov.br/. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
CAMILA APARECIDA DE SOUZA
[email protected]