Canto gregoriano: beleza e espiritualidade na expressão dos monges

Manifestação religiosa atrai fiéis e turistas em mosteiros centenários do Brasil e exterior

MARINA GUEDES
04/09/2025 17h07 - Atualizado há 7 horas

Canto gregoriano: beleza e espiritualidade na expressão dos monges
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O canto gregoriano, que ecoa há séculos pelos corredores de mosteiros ao redor do mundo, continua despertando interesse de devotos e visitantes em busca de experiências culturais autênticas e, ao mesmo tempo, tradicionais. Essa forma de expressão musical sacra, desenvolvida na Idade Média e organizada pelo Papa São Gregório Magno entre os anos 590 e 604, segue viva em centros religiosos como o Mosteiro de São Bento, em São Paulo, e o Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, em Portugal.

Mesmo em 2025, a tradição musical dos monges beneditinos atrai multidões aos templos brasileiros, especialmente aos domingos. No Mosteiro de São Bento paulistano, conforme publicação da Viagem e Turismo, as missas dominicais das 10h com canto gregoriano reúnem turistas e nativos em uma experiência que combina fé e patrimônio histórico. O mesmo fenômeno se repete aos domingos no Rio de Janeiro, onde o Mosteiro de São Bento está localizado no morro batizado com o mesmo nome.

O canto gregoriano é caracterizado por ser uma modalidade musical monódica - possui apenas uma linha melódica sem acompanhamento instrumental. Para religiosos, essa simplicidade permite que o foco recaia sobre a Palavra de Deus e a elevação espiritual dos participantes. Diferentemente da música moderna, essa modalidade não apresenta ritmos marcantes ou melodias acentuadas, priorizando a contemplação e a oração.

Impactos da arquitetura na experiência dos visitantes

A acústica para igreja desempenha papel fundamental na experiência sensorial dos visitantes, e a arquitetura dos templos religiosos potencializa o impacto dessa manifestação musical. 

Segundo informações do ProAcústica, durante o período gótico, as igrejas criaram “canções litúrgicas de estrutura simples e depois canções monofônicas de canto gregoriano, desenvolvendo um som muito rico e envolvente nos espaços reverberantes”. Os ambientes sacros apresentam tempos de reverberação que variam entre 3,5 até 11 segundos, criando uma atmosfera sonora única.

O forro acústico para igreja e outros elementos arquitetônicos contribuem para essa experiência sensorial. O efeito espiritual da música sacra se intensifica pela estrutura física dos templos, transformando a acústica desses espaços em elemento central do processo de materialização de sentimentos e emoções.

Mosteiros preservam tradição centenária

O Mosteiro de São Bento paulistano, fundado em 1598, mantém uma programação regular de missas com canto gregoriano. Durante a semana, as celebrações ocorrem às 7h de segunda a sexta-feira, enquanto aos sábados acontecem às 5h50 e, aos domingos, às 10h. O templo conta com um órgão de 7 mil tubos que acompanha as celebrações.

Já o Mosteiro de São Bento localizado no Rio de Janeiro apresenta características arquitetônicas que datam do século XVII. A construção do templo começou em 1633 e se estendeu por mais de um século. O interior da igreja impressiona pelos detalhes em talhas douradas e as pinturas no teto que narram a história do local.

No Porto, cidade de Portugal, o Mosteiro de São Bento da Vitória, construído no século XVII, exemplifica essa continuidade histórica. Segundo informações do portal Porto Fado, “desde a sua fundação, o mosteiro esteve ligado à música sacra. Os monges beneditinos cantavam canto gregoriano e compunham peças litúrgicas, aproveitando a acústica da igreja”.

Pesquisas da Universidade de Oxford demonstraram os efeitos benéficos do canto gregoriano sobre o organismo humano, incluindo redução da frequência cardíaca e da pressão arterial. As evidências científicas ajudam a explicar por que essa manifestação musical continua atraindo pessoas em busca de tranquilidade espiritual.

Misturando história e religião, a preservação dessa tradição musical pelos monges beneditinos representa não apenas a manutenção de uma prática sagrada, mas também a conservação de um patrimônio cultural imaterial que atravessa séculos.


 

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MARINA FERNANDEZ GUEDES
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