Advogado alerta para avanço das fake news jurídicas nas redes sociais
Advogado alerta para os perigos da desinformação jurídica nas redes sociais e defende o papel responsável da advocacia na era digital
QU4TRO COMUNICAÇÃO
20/08/2025 14h08 - Atualizado há 13 horas
Divulgação
Num tempo em que a internet virou tribunal, advogado virou influenciador e decisões judiciais se transformam em cortes de vídeo com trilha dramática, o risco de banalizar o Direito nunca foi tão real. Para o advogado Renato Rocha, fundador do projeto Justiça Para Todos, o avanço das redes sociais sobre o campo jurídico é um fenômeno irreversível, mas precisa de freios éticos e responsabilidade profissional.
“É assustador ver como conteúdos enganosos estão viralizando com milhões de visualizações, enquanto advogados sérios lutam para fazer um trabalho educativo. A desinformação jurídica virou um problema de cidadania”, afirma.
Cresce o número de vídeos em plataformas como TikTok, Instagram e YouTube com conselhos que simplificam ou distorcem informações jurídicas sobre temas sensíveis como pensão alimentícia, guarda de filhos, cobranças bancárias, contratos de aluguel e até prisão em flagrante. Segundo Rocha, há uma mistura perigosa entre entretenimento e orientação jurídica.
“Não é porque alguém aparece de terno falando difícil num vídeo que aquela pessoa está habilitada a orientar juridicamente a população. Muitos dos conselhos que circulam são superficiais, errados ou até criminosos”, alerta.
O uso das redes como ferramenta de orientação é legítimo e até necessário. O problema está na falta de compromisso com a verdade e com a responsabilidade social. “Direito não pode ser meme. Quando um vídeo errado viraliza, ele pode arruinar vidas. Tem gente perdendo guarda de filho, assinando acordo lesivo ou caindo em golpes porque confiou no que viu numa rede social”, explica.
A crítica não é à linguagem acessível. Ao contrário, o Dr. Renato defende a popularização do conhecimento jurídico, desde que feita com seriedade. É essa a missão do Justiça Para Todos, projeto que ele fundou para oferecer orientação gratuita nas periferias do Distrito Federal e por meio de um programa de rádio semanal.
“Nós somos defensores da linguagem clara. O povo tem o direito de entender o que diz a lei. Mas entender é diferente de deturpar. Não se pode substituir o advogado por uma trend, nem o processo por uma thread. O Direito tem ritos, prazos, provas, argumentos. E quem ignora isso, paga caro depois”, reforça.
Renato Rocha também faz um apelo à própria categoria. “A advocacia não pode se calar diante dessa banalização do nosso ofício. É preciso ocupar as redes com conteúdo responsável, combater as fake news jurídicas e, acima de tudo, proteger os mais vulneráveis da manipulação. Informação é poder, mas desinformação é um tipo de violência.”
Para ele, o Código de Ética da OAB precisa ser mais discutido dentro desse novo cenário digital, com diretrizes específicas sobre como advogados devem se portar nas redes. “Tem gente que está usando a profissão como trampolim para virar celebridade. Mas não estamos falando de lifestyle. Estamos falando da liberdade, da vida e dos direitos das pessoas”, pontua.
A entrevista com o Dr. Renato termina com uma reflexão incômoda. “Quando a verdade jurídica desaparece, quem ganha são os poderosos. Porque é o povo que mais precisa saber dos seus direitos. E é por isso que desinformar também é uma forma de opressão.”
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ANA KAROLLINE ANSELMO RODRIGUES
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