Quando agradar vira obrigação: o custo invisível de não saber dizer “não”

Pressões culturais e sociais ensinam mulheres a priorizar os outros. Mas esse padrão silencioso tem impactos profundos na saúde emocional e nos limites pessoais

Bendita Letra
19/08/2025 17h47 - Atualizado há 7 horas

Quando agradar vira obrigação: o custo invisível de não saber dizer “não”
Arquivo Pessoal/Divulgação

ser boazinha, prestativa, compreensiva e sempre disponível. Para muitas mulheres, esse comportamento não é uma escolha livre — mas sim uma expectativa social silenciosa que começa a ser cobrada desde cedo. A dificuldade de dizer “não” não é apenas uma questão de personalidade ou insegurança individual: ela está ligada a uma estrutura cultural que reforça o papel feminino como cuidadora, mediadora e responsável pelo bem-estar dos outros, mesmo que à custa de si mesma.

Por que mulheres têm mais dificuldade de negar?

A ideia de que é preciso agradar para ser aceita está enraizada na formação de meninas e mulheres. Frases como "ela é tão boazinha", "não arruma confusão", "sempre ajuda todo mundo" ainda são vistas como elogios. Ao mesmo tempo, mulheres assertivas ou que colocam limites costumam ser rotuladas de difíceis, frias ou egoístas. Esse duplo padrão reforça a autocensura e a culpa.

Viver tentando corresponder às expectativas alheias pode parecer inofensivo no início — até que o acúmulo de sobrecarga, frustração e autonegação cobra um preço. Muitas mulheres relatam:

  • Sensação constante de esgotamento
  • Incapacidade de descansar sem culpa
  • Dificuldade em identificar seus próprios desejos e necessidades
  • Relações desequilibradas e pouco respeitosas
  • Crises de ansiedade, somatizações físicas e quadros de depressão

Aprender a dizer "não" é um ato de cuidado consigo mesma

A médica pós graduada em psiquiatria e especialista na saúde mental da mulher, Dra. Jaqueline da Mata, reforça que colocar limites não é um gesto de egoísmo, mas de autorrespeito. “Dizer não é reconhecer que você também importa. É honrar seu tempo, sua energia, seu bem-estar. E isso é essencial para relações mais saudáveis e uma vida emocional mais estável”, afirma.

O processo de mudança, no entanto, não é simples. “Muitas mulheres sentem culpa só de pensar em se priorizar. Por isso, é importante que esse assunto seja falado com acolhimento, sem julgamento. A mulher precisa entender que não é frágil ou falha — ela apenas foi ensinada a se anular em nome do outro”, completa Jaqueline.


 

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MARIA JULIA HENRIQUES NASCIMENTO
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FONTE: Dra. Jaqueline da Mata – médica com foco na saúde mental da mulher e pós-graduada em psiquiatria.
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