Qual é a melhor idade para aprender inglês?

Será que existe uma idade ideal para aprender um segundo idioma? Especialista defende abordagem inclusiva e intercultural em todas as fases da vida

AMANDA BARBOSA
14/08/2025 14h54 - Atualizado há 6 horas

Qual é a melhor idade para aprender inglês?
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Falar inglês vai muito além de uma vantagem acadêmica, é uma competência essencial num mundo cada vez mais globalizado e interconectado. Mas afinal, existe uma idade ideal para aprender uma segunda língua como o inglês? 

A forma como aprendemos um segundo idioma ao longo da vida é influenciada por diversos fatores – cognitivos, emocionais e sociais – e varia significativamente conforme a idade. Segundo Renata Condi, coordenadora de Educação Internacional do Colégio Rio Branco, não há uma resposta única, mas há um consenso: cada fase da vida oferece desafios e vantagens próprios, que devem ser reconhecidos e aproveitados pelas instituições de ensino. 

Para Condi, o papel das escolas vai muito além do ensino da proficiência linguística. “Trata-se de preparar os alunos para um mundo multicultural, com competências para dialogar, respeitar diferenças e atuar globalmente.” Ela reforça ainda que uma abordagem plurilíngue e intercultural contribui para a construção de sociedades mais inclusivas e conscientes. “Isso ajuda a promover coesão social, trazendo para dentro da escola a visão de que as sociedades são plurais e diversas”. 

Além dos benefícios sociais e culturais, aprender uma segunda língua pode trazer ganhos expressivos para a saúde mental. Estudos recentes apontam que o bilinguismo pode retardar o envelhecimento cerebral e adiar sintomas de demência, como mostram pesquisas divulgadas por publicações como o New York Post e The Scottish Sun. Indivíduos bilíngues demonstram maior resistência ao declínio cognitivo, o que destaca ainda mais a importância de investir na aprendizagem linguística ao longo da vida. 

Na infância, o cérebro encontra-se altamente plástico, o que significa que as crianças conseguem absorver novos idiomas com grande naturalidade, quase como se estivessem aprendendo a língua materna. "Na infância, o aprendizado é intuitivo, baseado na imitação e na vivência prática", explica Renata.  

A melhor idade para começar a aprender um novo idioma é por volta dos 10 anos, segundo um estudo divulgado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), que analisou dados de mais de 670 mil participantes. A pesquisa revelou que, embora seja possível atingir altos níveis de proficiência começando mais tarde, os que iniciam até essa idade têm maior probabilidade de atingir fluência nativa, especialmente em termos de gramática. 

Neste sentido, a exposição precoce a contextos ricos em linguagens, como histórias, músicas, jogos e interação com falantes fluentes favorece significativamente a aquisição de vocabulário, uma pronúncia mais natural e a assimilação das estruturas gramaticais 

Durante a adolescência, o desenvolvimento do pensamento abstrato permite aos jovens compreenderem regras gramaticais mais complexas e a refletirem sobre os usos da linguagem, essa fase é marcada por uma maior capacidade de análise e comparação entre idiomas. "Mas vale lembrar que os adolescentes podem enfrentar desafios emocionais, como o medo do julgamento, que interfere na fluência da comunicação oral. Por isso, é fundamental trabalhar a autoconfiança e criar espaços seguros para a expressão linguística", afirma Condi.  

Ferramentas como filmes, música, debates e atividades interativas ajudam a manter o envolvimento dos adolescentes com o idioma, tornando o aprendizado mais dinâmico e conectado aos seus interesses. 

Embora a aquisição de uma nova língua na idade adulta não ocorra com a mesma facilidade da infância, ela está longe de ser inviável. Na verdade, muitos adultos atingem altos níveis de proficiência, sobretudo quando têm objetivos bem definidos, seja por razões profissionais, acadêmicas ou pessoais. "A maturidade traz uma vantagem importante: a clareza de propósito. Os adultos sabem por que querem aprender e, muitas vezes, fazem escolhas de aprendizagem mais eficazes", afirma a coordenadora. A utilização de metodologias personalizadas, como cursos online, imersões, tutoriais específicos e aplicativos, aliada à prática constante, pode compensar a menor plasticidade cerebral. 

Pesquisas publicadas pela BBC Future e pela Verywell Mind reforçam que a motivação e a exposição contínua são fatores decisivos para o sucesso no aprendizado de línguas na vida adulta. 

Cada fase da vida apresenta potencialidades únicas que, quando bem aproveitadas, tornam o processo de aprendizado mais fluido e eficaz. O essencial é garantir acesso, estímulo e suporte adequados ao perfil de cada indivíduo. Respeitando os seus tempos e necessidades, aprender inglês torna-se uma jornada verdadeiramente gratificante, enriquecedora e transformadora. 


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