Ribeirão Preto (SP), 30 de julho de 2025 – Reflexões profundas sobre a mente humana ganham forma no palco por meio da linguagem da dança contemporânea no projeto "RUÍDOS – Circulação de Espetáculo de Dança". Com estreia marcada para o dia 5 de agosto, em Ribeirão Preto, no Theatro Pedro II, a iniciativa levará o espetáculo Ruídos com a Balé Oficina a cinco cidades do interior paulista – Mogi Mirim, Sertãozinho, Ribeirão Preto, São José do Rio Pardo e Serrana – com duas apresentações gratuitas em cada município, totalizando dez sessões. Além das apresentações, o projeto inclui a oficina Ruídos do Corpo, voltada ao compartilhamento do processo criativo com o público.
O projeto é uma produção inspirada nos textos de Stella do Patrocínio - poeta brasileira cuja obra é reconhecida por sua força expressiva e por seu vínculo com o movimento antimanicomial. O espetáculo explora as vozes do subconsciente humano, revelando aquelas que nos impulsionam e, por vezes, nos imobilizam. A obra foi concebida a partir das vivências pessoais dos bailarinos, conectando suas histórias à linguagem da dança-teatro.
"A ideia surgiu ainda durante a pandemia, quando percebi que todos carregamos buracos emocionais, memórias, traumas e vitórias que deixam marcas. Esses ruídos internos são vozes que tanto nos paralisam quanto nos movem", explica o diretor artístico Guilherme Dias.
As apresentações terão formatos distintos: uma será direcionada a estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, e a outra ao público geral. Em Ribeirão Preto, também haverá uma sessão especial para estudantes de Psicologia e História. "Queremos dialogar com quem está pensando e estudando essas temáticas. A Stella do Patrocínio é central nisso: sua obra tem um impacto profundo quando pensamos em história, memória e saúde mental", destaca Guilherme Dias.
O diretor acrescenta que trazer a Stella do Patrocínio foi uma decisão desfiadora no início, mas hoje vê como uma escolha essencial. “Seus textos, mesmo quando parecem desconexos, são profundamente verdadeiros e traduzem as camadas mais sutis da mente humana. Eles funcionam como gatilhos poéticos para as cenas do espetáculo", afirma Guilherme Dias. Segundo o diretor, com o uso dos textos falados e transcritos da autora, o espetáculo acessa estados profundos da mente que busca explorar", completa. A influência da coreógrafa Pina Bausch é também visível na dramaturgia do espetáculo, que combina falas em cena, movimentos coreográficos e experiências do elenco.
Realização: Proac Editais 27/2024 - DIFUSÃO E CIRCULAÇÃO DE PROJETOS ARTÍSTICOS CULTURAIS, pelo Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.
Circulação itinerante A coordenadora de produção Ana Luz destaca que a circulação do projeto foi pensada para atingir cidades com menos acesso a espetáculos culturais e que já mantinham algum tipo de parceria com o grupo. "Optamos por sair do eixo Rio-São Paulo para levar reflexões sobre saúde mental a lugares onde esse debate ainda é escasso. O tema do espetáculo tem grande relevância para essas comunidades", afirma. Para ela, pensar o equilíbrio entre arte e impacto social está diretamente ligado ao público-alvo do projeto. “Saúde mental ainda é um tabu e, por isso, acreditamos que a arte pode abrir caminhos importantes de diálogo, principalmente com adolescentes. Por isso, temos ações específicas voltadas para estudantes do 8º, 9º ano e ensino médio, que são nosso foco principal", complementa Ana Luz.
O projeto também priorizou a inclusão, com um amplo plano de acessibilidade. Além de contar com intérpretes de Libras em todas as apresentações e oficinas, o grupo contratou uma consultora especializada para capacitar toda a equipe – da produção aos oficineiros e redes sociais – em atendimento inclusivo.
"Nosso foco é garantir que pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou em situações de vulnerabilidade também possam vivenciar plenamente a experiência do espetáculo", reforça Ana Luz, esclarecendo que o principal foco com o plano de acessibilidade foi capacitar a equipe. “Acreditamos que acessibilidade não se limita a uma exigência formal. Queremos que todas as pessoas se sintam plenamente incluídas e acolhidas na experiência do espetáculo", explica.
Projeto fortalece o entorno cultural
O projeto "RUÍDOS – Circulação de Espetáculo de Dança" valoriza a economia criativa local, contratando produtores e intérpretes de Libras de cada cidade visitada, o que fortalece redes culturais regionais.
Cerca de 35 profissionais estão envolvidos na produção, entre corpo de bailarinos, produção, direção, figurino, iluminação, equipe de comunicação e criação de conteúdo, assessoria de imprensa e orientadores de acessibilidade.
Do corpo em movimento à reflexão interior A oficina Ruídos do Corpo cumpre o papel formativo do projeto, promovendo o contato com a dança contemporânea a partir das vivências dos participantes. Segundo Dias, o espetáculo tem muitas camadas e possibilidades de leitura. O que ele expressa que deseja, como criador, é que o público saia da apresentação com alguma reflexão, um pensamento novo ou uma pergunta para si mesmo. “A narrativa coreográfica parte das imposições sociais que nos moldam, mergulha na intimidade e atravessa o reino do pensamento até tocar os espaços mais etéreos da mente, onde se formam nossas ideias e nuances mais profundas", complementa.
A proposta é despertar em cada pessoa que assiste uma reflexão sobre o seu corpo, suas dores, alegrias, e como tudo isso pode ser expresso sem palavras. "A oficina Ruídos do Corpo busca provocar esse mergulho sensível no próprio corpo. Ela é pensada tanto para artistas quanto para pessoas sem experiência em dança. Queremos incentivar o público a experimentar a criação de uma cena por meio do corpo, sem depender da fala”, conclui Guilherme Dias. A proposta é vivenciar sensações e narrativas com o próprio corpo como instrumento de expressão".
Mais informações sobre datas e inscrições para as oficinas nas redes sociais do grupo Balé Oficina ou informações com a produção local de cada cidade.
Serviço – Circulação do Espetáculo “Ruídos” e de Oficinas
Ribeirão Preto
Data: 05/08 (terça-feira)
Espetáculo: 20h
Local: Theatro Pedro II – Rua Álvares Cabral, 370 – centro
Ingressos: https://megabilheteria.com/evento?id=20250725184303
Data: 12/09 (sexta-feira)
Horário: 20h
Local : Teatro Bassano Vaccarini – Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto) – Av. Costábile Romano – Ribeirânia.
Oficina:
Data: 27/09 (sábado)
Horário: 10h às 13h
Local : Espaço Gorki - R. Iara, 42 - Jardim Macedo
Inscrições: informações pelo Instagram
Serrana
Data: 15/08 (sexta-feira)
Local: Fundação Cultural de Serrana (R. Barão do Rio Branco, 339)
Espetáculo: 15h e 19h
Oficina: 9h às 12h
São José do Rio Pardo
Data: 17/08 (domingo)
Local: Fábrica de Expressão (R. Francisco Glicério, 64)
Espetáculo: 16h e 20h
Oficina: 10h às 13h
Sertãozinho
Data: 05/09 (sexta-feira)
Espetáculo: 15h e 19h30
Local: Teatro Municipal "Prof.ª Olympia Faria de Aguiar Adami"
Oficina: 9h às 12h
Local: Andréa Sartori Studio de Dança - Rua Coronel Francisco Schimidt, 1891, 2º andar
Mogi Mirim
Data: 18/09 (quinta-feira)
Local: Teatro Municipal de Mogi Mirim (Av. Santo Antônio, 418 – Centro)
Espetáculo: 16h e 19h
Oficina: 10h às 13h
Ficha Técnica
Concepção: Balé Oficina
Produção: Grupo Gorki
Direção artística: Guilherme Dias
Coordenação de produção: Ana Luz
Texto base: Stella do Patrocínio
Realização: Proac Editais 27/2024 - DIFUSÃO E CIRCULAÇÃO DE PROJETOS ARTÍSTICOS CULTURAIS, pelo Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.
Sobre o Balé Oficina Fundado em 2014, o Balé Oficina é um núcleo de criação em dança contemporânea com sede em Ribeirão Preto (SP), que alia pesquisa artística a processos formativos. A companhia atua a partir de uma proposta que valoriza não apenas a técnica e a estética do movimento, mas também o aprofundamento temático e a investigação do corpo como expressão de pensamento. Seus trabalhos partem da observação do cotidiano e de estudos interdisciplinares envolvendo literatura, cinema e outras linguagens, sempre com o foco na construção coletiva e na experimentação.
A companhia mantém uma escola de dança aberta a todas as faixas etárias, oferecendo cursos de ballet clássico, jazz e dança contemporânea. Muitos dos alunos são integrados aos processos de criação dos espetáculos, fortalecendo a continuidade e a renovação do elenco. O Balé Oficina já realizou diversas montagens autorais, como Olympus, Nuages, Mercearia de Ideias, Sala de Espera, Estações do Corpo e o mais recente trabalho, Ruídos. Além da criação artística, a companhia também se destaca por sua atuação em ações formativas, democratização do acesso à cultura e valorização da economia criativa local.