Ozempic e medicamentos similares estão modificando hábitos alimentares dos brasileiros

Pesquisa inédita da HSR revela que usuários de medicamentos GLP-1 consomem 21% menos alimentos, mas migram para produtos premium e pratos prontos

CLEZIA MARTINS GOMES
28/07/2025 19h01 - Atualizado há 13 horas

Ozempic e medicamentos similares estão modificando hábitos alimentares dos brasileiros
Divulgação
O uso de medicamentos como Ozempic, originalmente indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, vem crescendo rapidamente no Brasil por motivos que vão além da prescrição médica: a busca por emagrecimento rápido, motivada principalmente por razões estéticas. Impulsionado por celebridades e influenciadores nas redes sociais, estes remédios passaram a ser adotados por muitos brasileiros, inclusive sem acompanhamento médico, o que tem gerado grande preocupação entre profissionais da saúde e já se reflete em mudanças no consumo cotidiano dos brasileiros.
Esta é a conclusão de uma pesquisa inédita da Reds Research, empresa do grupo HSR, maior grupo de pesquisa da América Latina, realizada junto a 2 mil pessoas de todas as regiões, entre os meses de maio e junho de 2025, na qual se verificou que 19% dos brasileiros já fizeram uso de Ozempic ou medicamentos similares, como Mounjaro e Victoza. Apontou também que, em média, os usuários destes remédios consomem 21% menos alimentos.
Entre os brasileiros que utilizam atualmente estes remédios, a percepção de redução do apetite é maior entre os usuários de Mounjaro (64%) do que entre os de Ozempic (36%). Por outro lado, a percepção de perda de peso significativa é mais expressiva entre os usuários de Ozempic (54%) em comparação aos de Mounjaro (32%).

“A crescente procura por medicamentos como o Ozempic e similares revela uma nova forma de consumo relacionada à saúde, à alimentação e ao bem-estar. Ao mesmo tempo, esse movimento levanta questões importantes sobre medicalização, acesso e o uso responsável desses tratamentos”, afirma Karina Milaré, CEO da Reds e líder do estudo.
As motivações mais citadas para o início do uso são perda de peso (42%) e recomendação médica (38%), sendo que 23% usam os medicamentos por conta própria. A faixa etária com maior adesão é a de 18 a 25 anos, com predominância nas classes sociais A/B1.  Entre os principais efeitos relatados pelos usuários estão a redução do apetite (52%), perda de peso significativa (37%), melhor controle da glicose (31%) e náusea ou desconforto gástrico (23%). Já entre os que interromperam o uso, os principais motivos foram o alto custo (46%) e o fato de terem atingido o peso desejado (23%).

Impactos Diretos no consumo de alimentos


O estudo também traz descobertas interessantes para a Indústria de Alimentos e Bebidas. Contrariando expectativas, usuários de Ozempic não apenas comem menos, eles consomem diferente:

Reduções dramáticas:
  • Ovos: -21% (principal proteína brasileira rejeitada);
  • Temperos: -23%;
  • Enlatados: -24%;
  • Carboidratos tradicionais: pão (-18%), macarrão (-12%);
Aumentos inesperados:
  • Bebidas premium: Gin (+137%), Whisky (+84%), Sake (+208%);
  • Proteínas vegetais: +67%;
  • Pratos prontos: +67% (paradoxo da conveniência);
  • Vegetais congelados: +43%.
 

Novo perfil de consumidor

A pesquisa revela um consumidor menos impulsivo, mais planejado e premium:

  • Compras mensais estruturadas;
  • Menor abertura a novas marcas;
  • Foco em custo-benefício, mantendo qualidade;
  • Redução da impulsividade alimentar.
 

Impacto setorial

As descobertas apontam transformações estruturais para:
  • Indústria alimentícia: necessidade de reformular portfólios;
  • Varejo: adaptação de mix de produtos;
  • Mercado premium: oportunidades de crescimento;
  • Setor de conveniência: expansão de pratos prontos saudáveis.

 

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Clezia Martins Gomes
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FONTE: https://hsr.specialistresearchers.com.br/
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