Projeto da ADRA refloresta margens de rio e fortalece agricultura familiar no interior do Ceará

Iniciativa já plantou milhares de mudas em São Benedito e transforma a realidade de produtores locais; meta é chegar a 1 milhão de árvores nativas plantadas

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25/07/2025 09h55 - Atualizado há 12 horas

Projeto da ADRA refloresta margens de rio e fortalece agricultura familiar no interior do Ceará
ADRA BRASIL
Em meio aos desafios da agricultura no semiárido nordestino, uma iniciativa silenciosa tem transformado o cotidiano de agricultores familiares no interior do Ceará. No município de São Benedito, na região serrana da Ibiapaba, o Projeto Plantando Esperança, coordenado pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), já promoveu o plantio de mais de 40 mil mudas de árvores nativas, recuperando trechos degradados das margens do Rio Pimenteiras e fortalecendo o modelo de agricultura sustentável entre pequenos produtores da região.

A ação, que teve início em 2015, é conduzida com o apoio de voluntários, da prefeitura, de órgãos ambientais e de sindicatos rurais. A proposta vai além do reflorestamento, inclui hortas comunitárias, piscicultura, capacitação técnica, produção de adubo orgânico, doação de alimentos e ações de saúde.


Segundo o fundador do projeto, o agricultor Armando Freire, tudo começou com o sonho de mudar a realidade da própria comunidade. “Aqui havia muitos conflitos. Os vizinhos brigavam até pela energia elétrica. Era cada um por si. O Plantando Esperança começou para devolver não só o verde, mas a paz”, afirma.

“Cada árvore plantada é um símbolo de reconciliação, com a terra e entre as pessoas”, resume Armando. “Hoje temos poço artesiano, energia, alimentos sem veneno e uma comunidade que aprendeu a trabalhar unida.”

O projeto, que nasceu com uma proposta de ampliar o acesso à energia para famílias isoladas, evoluiu para um programa robusto de educação ambiental e fortalecimento da agricultura familiar. A meta atual é ambiciosa: plantar 1 milhão de árvores nativas da Serra da Ibiapaba nos principais leitos e nascentes da região.

Agricultura que cura

A transformação promovida pelo projeto se expressa tanto no campo quanto na mesa. O agricultor Geovani José de Lima, morador da região e beneficiário da iniciativa, conta que sua propriedade passou a produzir alimentos de forma orgânica e diversificada após a adesão ao projeto.

“Tenho tangerina, mamão, alface, limão, peixe, galinha e ovos caipiras. Tudo aqui é sem veneno, tudo vem da terra que a gente aprendeu a cuidar”, relata. “O Plantando Esperança não trouxe só árvore. Trouxe qualidade de vida, trouxe dignidade.”

A esposa de Geovani, dona Duda, também se orgulha dos resultados. “A gente aduba com folha, cuida com carinho, e a natureza responde. Nunca mais comprei veneno. Aqui, a fruta nasce doce, e o ar é puro”, conta, ao lado do pé de tangerina carregado.

Outro agricultor, Antônio Isaías do Nascimento, proprietário de uma das áreas mais reflorestadas pelo projeto, reforça a importância da iniciativa para a recuperação dos recursos hídricos:

“Antes, esse rio secava todo ano. Hoje, com as matas ciliares, a água segura mais. A gente chama de ‘ouro branco’. E o projeto ensinou que preservar dá retorno.”

Isaías também destaca a mudança de mentalidade dos moradores. “A gente não tinha noção do que era mata ciliar, não sabia o valor disso. Aprendemos na prática, com o exemplo do seu Armando. Agora, nossas crianças vão crescer vendo floresta, e não terra seca.”

Cuidado com o solo e com as pessoas

Além da recuperação ambiental, o projeto promove ações sociais que vão desde a doação de cadeiras de rodas até feiras de saúde. Segundo Freire, o objetivo é plantar mais do que árvores:

“O Plantando Esperança também planta dignidade. Tem gente que não anda mais, mas ganhou uma cadeira de rodas e passou a sair de casa. Outros voltaram a produzir alimentos e ter renda. É sobre cuidar das pessoas.”

Uma dessas histórias é a do agricultor que, após um acidente de moto, ficou sem andar por mais de uma década. Com apoio do projeto, recebeu uma cadeira adequada e passou a ser acompanhado pela equipe local. “A Adra chegou onde o poder público não chega”, afirma Freire.

A ação conta ainda com profissionais voluntários — entre eles, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, terapeutas, enfermeiros, assistentes sociais e cabeleireiros — que participam de mutirões de atendimento e capacitação.

Reconhecimento e expansão

A iniciativa ganhou visibilidade e reconhecimento local. Já foi aprovada como projeto de lei pela Câmara Municipal e, neste mês de agosto, será representada no Simpósio da Batata-Doce, organizado pela Embrapa, que escolheu São Benedito como referência nacional na produção da cultura.

No Brasil, a agricultura familiar representa 84% das propriedades rurais e é responsável por mais de 70% dos alimentos consumidos pela população, segundo dados do IBGE. No mundo, segundo a ONU, mais de 600 milhões de famílias vivem da agricultura em pequena escala.

Como contribuir

Interessados em apoiar o projeto Plantando Esperança podem realizar doações à ADRA Ceará via Pix: [email protected], ou entrar em contato pelo telefone (85) 3304-0622.

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RAFAEL EUGENIO DE FARIAS BRONDANI
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FONTE: ADRA BRASIL
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