Entre janeiro e abril de 2025, a produção de cloro no Brasil foi de 310.909 toneladas, evidenciando forte queda de 17,3% do setor que no mesmo período de 2024 produziu 375.755 toneladas segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), que representa 98% das indústrias brasileiras do setor. O dado do setor de cloro-álcalis reflete o período de retração vivenciado por toda a indústria química, que também sinaliza queda de produção e vendas.
A produção de soda cáustica, obtida simultaneamente ao cloro durante o mesmo processo industrial, também sofreu queda, alcançando 343.544 toneladas no primeiro quadrimestre de 2025, com redução de 17,2% relativa ao mesmo período de 2024, quando chegou a 415.033 toneladas.
De modo análogo, o uso cativo, ou seja, o consumo interno destes insumos pela indústria, também está em queda. No período avaliado, a indústria consumiu 281.969 toneladas de cloro neste ano, frente a 341.919 toneladas no ano passado, apresentando queda de 17,5%. Já no que diz respeito à soda cáustica, o uso cativo foi de 49.948 toneladas, frente a 60.950 toneladas, queda de 18,1%.
“Os dados reforçam o momento desafiador pelo qual a indústria de cloro-álcalis está passando”, diz Nelson Felipe Junior, presidente executivo interino da Abiclor. “Contudo, é importante reforçar que toda a indústria química nacional teve queda de produção de 3,8% no primeiro trimestre, segundo dados da Abiquim. Ou seja, temos um conjunto de gargalos, problemas estruturais e concorrência global, com produtos que vêm da China e EUA, por exemplo, que afetam toda a indústria e precisam ser tratados”
Baixa nas vendas totais
As vendas totais do cloro produzido nacionalmente sofreram queda de 13,2% comparadas ao mesmo período em ano anterior. Em 2025, foram de 29.537 toneladas frente a 34.046 toneladas em 2024. A soda cáustica apresenta uma redução semelhante nas vendas, alcançando 301.536 em 2024 frente a 349.159 em 2024, uma redução de 13,6%.
Cai importação de cloro, cresce importação de soda cáustica
Em termos de consumo aparente, que na indústria de cloro álcalis se resume a produção somada à importação, também se registra queda de 17,3% no uso doméstico do cloro e mais produtos clorados. Entre janeiro e abril de 2025, o consumo aparente do insumo foi de 312.898 toneladas frente a 378.289 toneladas em 2024. Houve também queda de 21,5% nas importações de cloro, que consiste em produtos clorados como EDC e PVC, tendo sido de 1.989 nos primeiros quatro meses de 2025 e de 2.534 no mesmo período em 2024.
Outro dado que chama a atenção é o nível recorde de ociosidade da indústria. A utilização da capacidade instalada para produção de cloro sofreu queda de 17,9% no período avaliado, indo de 75,9% em 2024 para 62,3% em 2025.
Já a soda cáustica registrou queda do consumo aparente de 4,3%, apesar do aumento das importações do insumo. O consumo aparente chegou a 931.763 toneladas em 2025, frente a 973.548 em 2024. As importações registraram 5,3% de crescimento, indo de 558.515 no primeiro quadrimestre de 2024 para 588.219 no mesmo período em 2025.
Com relação aos produtos derivados, o setor produziu 104 mil toneladas de ácido clorídrico e 28,5 mil toneladas de hipoclorito de sódio, destinados majoritariamente às indústrias química, petroquímica, alimentícia, de papel e celulose, e metalúrgica.
Indústria em período desafiador
“Registramos quedas importantes na produção e vendas internas de cloro e soda cáustica junto ao aumento na importação de soda cáustica. Para este segundo insumo, o consumo aparente teve aumento em razão do histórico de importação ser elevado”, comenta o presidente executivo da Abiclor.
O executivo avalia que, embora seja um período difícil para a indústria, há perspectivas de melhora. O setor de cloro-álcalis, por exemplo, tem expectativa de crescimento da demanda por produtos motivada por grandes projetos relacionados ao Marco Legal do Saneamento, que desenvolve estruturas e sistemas de esgoto e tratamento de água para a população, área que consome diversos produtos da indústria de cloro-álcalis e de sua cadeia produtiva, como resinas de PVC e químicos utilizados no tratamento de água.
Já a indústria química, como um todo, continua elaborando pautas positivas no Congresso Nacional, como o Programa Especial de Sustentabilidade de Indústria Química, que pretende alavancar o segmento por meio de estímulos fiscais inteligentes, a partir da adoção de processos de baixo carbono na produção.
“É preciso estimular o crescimento interno da indústria, bem como reforçar estratégias para concorrer com a produção internacional de mercados como os dos EUA e da Ásia, que têm pegada de carbono muito maior e custos de energia e gás natural muito reduzidos. É preciso valorizar e proteger a produção nacional que utiliza energia limpa”, conclui o executivo.
Sobre a Abiclor
A Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) representa o setor de cloro-álcalis, que é a indústria base de diversos produtos essenciais para a economia, além de estar diretamente ligada ao saneamento básico e à saúde pública do país. Com 49 associados, incluindo 7 do setor produtivo, a Abiclor reúne algumas das principais plantas produtoras do Brasil, entre elas, Braskem, Chemtrade, Chlorum Solutions, Dow Brasil, Katrium e Unipar e também espelha outros elos da cadeia, como fornecedores de equipamentos, distribuidores, transportadores e empresas de atendimento emergencial. A Abiclor atua para promover o avanço da indústria de cloro-álcalis em linha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU, com foco na segurança e respeito às pessoas e ao meio ambiente. Mais informações em https://www.abiclor.com.br/.
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ALLINE SOUSA MAGALHÃES
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