O que está por trás do "cigarrinho de geladeira", novo vício da Geração Z

*Elaine Martins

JULIA ESTEVAM
21/07/2025 12h46 - Atualizado há 14 horas

O que está por trás do "cigarrinho de geladeira", novo vício da Geração Z
Rodrigo Leal

 

Viralizado no TikTok, o “cigarrinho de geladeira” é o novo ritual da Geração Z.  O hábito consiste em abrir a geladeira diariamente (às vezes mais de uma vez por dia) para tomar uma lata de refrigerante zero, como um ritual de pausa e recompensa. Embora à primeira vista pareça apenas uma brincadeira inofensiva, esse comportamento revela muito sobre como lidamos com as emoções, os modismos das redes sociais e a busca constante por prazer imediato.

O problema não é a bebida em si, mas tudo o que ela representa. O que poucos percebem é que esse consumo frequente está relacionado à busca por estímulos cerebrais de recompensa. Ao ingerir o refrigerante, há liberação de dopamina — neurotransmissor associado ao prazer, à motivação e ao alívio momentâneo do estresse. Essa resposta química reforça o hábito, gerando a sensação de “precisar” da latinha para se sentir bem, mesmo que o corpo, na realidade, esteja pedindo outra coisa. Quando esse comportamento se repete com frequência, sem consciência ou moderação, pode se transformar em um vício — ainda que socialmente aceito e até romantizado nas redes.

É importante, especialmente para os jovens que ainda estão em processo de amadurecimento físico e emocional, aprender a identificar o que realmente estão sentindo. A vontade de pertencer, de seguir o que “todo mundo está fazendo”, leva muitos a repetir comportamentos que não necessariamente fazem sentido para suas realidades ou necessidades individuais. E isso é perigoso. Cada organismo tem suas próprias demandas, e repetir hábitos de forma automática, sem escutar o corpo, pode contribuir para a criação de vícios que mascaram emoções reais.

O “cigarrinho de geladeira” é, muitas vezes, uma resposta automática a situações de ansiedade, cansaço mental, tédio ou até sede. Quando não há consciência sobre o que se sente, fica mais fácil tentar silenciar o corpo com algo acessível, gelado e prazeroso — mas que não resolve a origem da sensação.

Como substituir esse hábito de forma saudável 

Nesse cenário, surge uma pergunta importante: o que poderia substituir essa liberação de dopamina, conhecida como o ‘neurotransmissor do prazer’, sem prejudicar a saúde? A boa notícia é que existem formas simples e saudáveis de obter sensações semelhantes: beber um copo de água, levantar para se alongar, caminhar um pouco, ouvir uma música agradável ou até fazer uma pausa para respirar profundamente. Atitudes como essas ajudam a reconectar o corpo com suas verdadeiras necessidades, promovendo bem-estar com consciência.

A construção de um estilo de vida mais saudável é um processo que exige autoconhecimento, paciência e escolhas conscientes. É preciso entender que saúde vai muito além do que colocamos no prato (ou na lata). Por isso, se você também se identificou com esse hábito, que tal fazer esse teste hoje e observar se seu corpo pede água, movimento ou apenas uma pausa mental antes de abrir a geladeira? 

*Elaine Cristine de Souza Martins é nutricionista, mestre em Alimentação e Nutrição e professora da Uninter.


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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