Mobilidade elétrica pede arquitetura segura

Andressa Muñoz Slompo*

JULIA ESTEVAM
21/07/2025 12h38 - Atualizado há 1 dia

Mobilidade elétrica pede arquitetura segura
Thiago Silveira

Em um mundo que caminha para a descarbonização, é inevitável o crescimento da frota de veículos elétricos. Mas é importante discutir sobre onde e como esses veículos serão carregados com segurança. Em março deste ano, houve um incêndio em um apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro (RJ), decorrente da explosão da bateria de uma bicicleta elétrica que estava sendo carregada, o que nos acende um alerta sobre o perigo de uma arquitetura não preparada para a eletrificação da mobilidade.

O problema é estrutural, pois a maioria das edificações residenciais do Brasil não foram originalmente projetadas para suportar o carregamento de um veículo elétrico. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, a frota de veículos elétricos no Brasil cresceu 89% em 2024, em comparação com o ano de 2023. Inclusive, o emplacamento dos veículos híbridos caiu cerca de 7%, enquanto o número de veículos totalmente elétricos aumentou em 15% no mesmo período.

Esse crescimento se deve à expansão da infraestrutura de recarga, incentivos fiscais e políticas públicas e aumento da oferta de modelos de veículos elétricos. No entanto, essa crescente demanda energética vem associada a um uso inadequado de tomadas residenciais, o que pode transformar garagens em potenciais focos de incêndio. A recarga doméstica exige cuidados técnicos — como ventilação, isolamento e monitoramento —, pois o uso inadequado de tomadas comuns pode causar grandes riscos.

Os espaços adequados de carregamento deveriam ser pensados com segurança, acessibilidade e distribuição inteligente em toda a cidade. Locais como mercados, shoppings centers, centros empresariais e estacionamentos públicos já estão se adaptando ao incluir estações de carregamento adequadas.

E nos resta a dúvida: esse serviço deve ser gratuito, subsidiado ou cobrado? Nós pagamos pela energia elétrica que utilizamos em nossas residências, então, o carregamento público dos carros elétricos não deveria também ser tarifado, de forma justa? Existem modelos de cobrança baseados em quilowatt-hora ou em pacotes mensais, que podem ser explorados. O mais importante é ter o cuidado para que o serviço não se torne elitista, afinal, o acesso democrático à infraestrutura da cidade é um direito de todos, e essencial para uma transição energética justa.

Para que a mobilidade elétrica avance de forma justa e eficiente, é essencial planejar a instalação de estações de recarga em locais estratégicos das cidades, como praças e parques. Isso exige a colaboração entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil. Mais do que veículos sustentáveis, a mobilidade elétrica está ligada ao direito à cidadania e à responsabilidade coletiva. Cidadãos também podem contribuir, incentivando a instalação de pontos de recarga e contando com profissionais para adaptar suas residências para o carregamento seguro de veículos elétricos.


*Andressa Muñoz Slompo é Arquiteta e Urbanista, Especialista em Administração Pública e Gestão de Cidades Inteligentes, além de Professora Coordenadora dos cursos de pós-graduação em Arquitetura e Design no Centro Universitário Internacional Uninter.
 

 


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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