Em meio ao crescimento do consumo dos brasileiros no mercado internacional, seja por meio de sites estrangeiros ou viagens ao exterior, soluções financeiras que facilitam as transações despontam como alternativas. É o caso da conta global, que hoje pode ser gerenciada pelo celular, em plataformas em português.
Segundo a Serasa, esse tipo de conta surgiu para simplificar operações financeiras no exterior, como transferências, conversões de moeda e pagamentos internacionais. Num momento em que os brasileiros se mostram consumidores globais, a tendência é que a solução financeira se popularize.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), do SPC Brasil e da Offerwise, divulgada no ano passado, 77% dos consumidores realizaram, pelo menos, uma compra em sites internacionais em 2023.
O principal motivo apontado para a escolha foi a possibilidade de economizar: 76% afirmaram que os preços mais baixos motivaram as compras. Além disso, a maior variedade de produtos (46%) e a oferta de itens não disponíveis no mercado nacional (34%) foram citadas pelos entrevistados.
Já os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que, só em 2024, mais de 24,9 milhões de passageiros brasileiros foram transportados em voos internacionais. Este é o maior número desde o início da série histórica da agência, em 2000.
O fluxo de viajantes também impulsiona a busca por alternativas que garantam possibilidades de economizar durante as viagens, como programas de milhas, cartões internacionais e contas globais.
A praticidade de manter saldo em dólar ou euro aliada à economia com taxas se mostram como as principais vantagens da conta global. Pesquisa realizada pelo Ipec, em parceria com o C6 Bank, revela que 12% dos brasileiros das classes A e B com acesso à internet já possuem uma conta em moeda estrangeira.
Entre os entrevistados, 40% abriram esse tipo de conta para guardar dinheiro para viagens, 27% para economizar em compras em sites estrangeiros e 26% para enviar recursos para o exterior. Ainda segundo o levantamento, 35% têm como objetivo principal a economia em viagens internacionais.
Em maio deste ano, o governo federal elevou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidentes sobre transações internacionais. A taxa aplicada aos cartões de crédito, débito e pré-pagos subiu de 3,38% para 3,5%, enquanto o IOF sobre a compra de moeda estrangeira em espécie e remessas para contas pessoais no exterior passou de 1,1% para 3,5%.
No entanto, em 25 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta para suspender os efeitos dos decretos que estabeleceram os aumentos. Com 383 votos a favor da derrubada e 98 contrários, o texto foi referendado pelo Senado no mesmo dia. Com isso, as alíquotas retornam aos valores anteriores.
Segundo a Agência Brasil, a medida representa um alívio para o consumidor, que volta a contar com uma carga tributária menor nas operações de câmbio e outras transações internacionais.
Além do IOF, outro fator que influencia diretamente o custo final das transações é o spread cambial, a margem adicionada pelas instituições financeiras sobre a cotação do dólar. Informações do mercado indicam que, nas contas digitais internacionais, esse spread costuma variar entre 0,6% e 2%, enquanto nos cartões de crédito dos grandes bancos pode alcançar até 7%, fazendo com que o custo final da operação dependa de um conjunto de fatores, e não apenas do imposto federal.
Além da economia com taxas, a Serasa reforça que a conta global simplifica o gerenciamento das finanças em outros países, evitando a necessidade de manter várias contas bancárias fora do Brasil. Por meio de aplicativos, o consumidor consegue comprar moeda estrangeira, realizar pagamentos e transferências em tempo real, e acessar serviços financeiros.
Antes de abrir uma conta global, é importante avaliar qual serviço atende melhor ao perfil e às necessidades individuais. De acordo com a Serasa, fatores como fluência em outros idiomas, familiaridade com plataformas digitais e objetivos financeiros devem ser considerados.
Outros aspectos a serem observados são a facilidade para realizar operações, as taxas de câmbio, a oferta de cartão de débito internacional e o acesso a serviços financeiros fora do país.
A Serasa também recomenda considerar se a conta oferece a possibilidade de investir no exterior, além de verificar a transparência nas tarifas e a variedade de funcionalidades disponíveis.
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MARINA FERNANDEZ GUEDES
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