Dom Quixote itinerante: clássico de Cervantes ganha adaptação inédita e gratuita

Peça-instalação ocupa a UNIRIO em julho, misturando teatro, artes visuais e experiência sensorial com acessibilidade

MAR COMUNICAçãO
04/07/2025 15h36 - Atualizado há 7 horas

Dom Quixote itinerante: clássico de Cervantes ganha adaptação inédita e gratuita
Eduarda Brandão
Em julho, a UNIRIO recebe a instalação cênica “Dom Quixote”, uma criação coletiva de formandos da universidade, dirigida por Glauco Deris. A montagem transforma o clássico de Cervantes em uma experiência imersiva: muito mais que uma peça, a proposta é uma travessia sensorial através de teatro, artes visuais, performance, vídeo-arte e mediação guiada, convidando o público a ocupar o espaço cênico como parte viva da obra. Inspirada pelo trânsito entre ficção e realidade, a peça-instalação brinca com a dualidade entre sonho e rotina, literatura e cidade. Serão 20 apresentações em duas semanas, com duas sessões por dia e ingressos reservados antecipadamente.  
Segundo o diretor, é uma peça sobre literatura e trânsito. Dom Quixote leu tantos livros que seus pensamentos são agora uma sucessão de máximas de escritores. Não consegue mais entrar em contato com o mundo a não ser pela literatura. Mas hoje é um dia especial. Ele decide não ler. Ao invés da leitura, sai à rua e, no caminho, encontra seres tão incomuns quanto ele. “A ideia da peça surgiu do meu deslocamento diário em transportes públicos. Os longos períodos em trânsito, esse tempo em que não estamos em lugar algum, aos poucos se transformaram numa língua. A peça é a história de Dom Quixote articulada por essa língua”, comenta.
Interatividade e acessibilidade como linguagem

Com cenografia de Eduarda Brandão, a estrutura permite que o público percorra um trajeto dentro do espaço, experimentando estações com cenas, aromas, objetos e sons que instigam todos os sentidos: “A peça é interativa no sentido de que é construída junto com o público. A linha que divide os atuantes dos observadores está presente, mas treme o tempo todo. Isto é, as ações dos atores têm sempre destinatários específicos. Qualquer peça sem o público é impossível, mas essa é mais.”, diz o diretor. Para ele, a ideia é mexer na experiência teatral convencional e aproximar o teatro de escolas, museus e espaços públicos — uma das próximas metas do projeto, que pretende circular como instalação itinerante.
A acessibilidade é um pilar fundamental da obra. Com a participação do ator Leandro Dias, que possui deficiência visual, a equipe enriqueceu essa proposta sensorial: “Durante os ensaios, foi necessária a constante criação de pontes entre os mundos dos videntes, super estimulados por imagens, e dos cegos, privados de visualidade, mas super estimulados pelos outros sentidos. Essa experiência foi absorvida pela peça.”, comenta o diretor, acrescentando que a sessão do dia 14 também contará com audiodescrição.
Ineditismo: Dom Quixote com Auto de Fé
Outro diferencial da montagem é a costura de dois clássicos: Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, e o romance Auto de Fé, de Elias Canetti, Nobel de Literatura. A proposta é combinar a jornada delirante do cavaleiro com os personagens de Canetti, aprofundando a ideia de representar aquilo que não é. “Cervantes se utilizou dos romances de cavalaria, em moda à sua época, para criar o seu próprio: um romance de cavalaria às avessas, em que os personagens representam aquilo que não são. Nesta peça, isso também acontece, com o trânsito entre essas duas obras: Dom Quixote na borda e Auto de Fé no recheio”, explica Glauco.
O espetáculo ainda se desdobra em um filme, onde um ator sai de casa no Jardim América para atuar na própria peça, na Urca. É a peça no filme e o filme na peça.  Essa intersecção entre as linguagens cinematográfica e teatral cria camadas adicionais que provocam a noção de realidade e ficção. A loucura é abordada não como um estado patológico, mas como uma experiência comum a todos, um convite para estranhar o cotidiano e embarcar no delírio de Dom Quixote.

Classificação: 14 anos
Duração: 60 minutos
SERVIÇO
Local: UNIRIO – Av. Pasteur, 436 – Urca
Datas: 07 a 19 de julho (segunda à sábado)
*A sessão do dia 14 contará com audiodescrição
Horários: 19h e 21h
Reserva de ingressos pelo whatsapp: https://wa.me/c/5521996855751
Limite de 25 pessoas por sessão.

FICHA TÉCNICA
Elenco: Diogo Tebaldi, Emiliano Fischer, Glauco Deris, Julia Ísis, Leandro Dias, Pedro Scovino, Raphael Lorenzo e Thaísa Muniz
Direção: Glauco Deris
Assistência de direção: Bárbara Mendes
Cenografia - Eduarda Brandão
Orientação de Cenografia: Dóris Rollemberg
Cenógrafo assistente: Samir Alves
Assistente de cenografia - Agatha Trigo; Eduarda Sanques; Karolayne Ferreira; Nicole Heiliger; SIMÉIA Ferreira; Vitória Belone; Yasmim Lira; Yasmin Santos                                         
Produção de Arte de Adereços- Eduarda Brandão
Assistente de produção de Arte de Adereços - Samir Alves
Maquetes Táteis- Yasmim Lira
Figurino: Rayane Flaviano
Assistência de figurino: Aghata Trigo, Eduarda Sanques, Milena Gabriel e Siméia Ferreira
Som: Arthur Murtinho
Vídeo: Peterson Pessoa
Assistência de Vídeo: Yan Holanda
Projeção: Diego Migliorin
Iluminação: Felipe Rangel, Isabela Gopin, Lauro Vendrusculo e Maria Marinho
Assistência de Iluminação: Luana Hyuuga
Caracterização: Lucas Raibolt e Pedro Scovino
Preparação corporal: Bárbara Mendes
Preparação vocal: Natália Fiche
Design: Glauco Deris e Lucas Nonno
Pintura: Rafael Alonso
Cenotécnica: Pedro Halpern e Haru Lian
Produção: Aninha Custódio, Glauco Deris, Hugo Montero e Jota Fontenele
Assessoria de Imprensa: Mar Comunicação
 

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MARCELLA FREIRE MACHADO
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