Férias de julho: como aproveitar o período de folga sem dívidas?

Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP® e especialista em investimentos, alerta que decisões por impulso e uso descontrolado do crédito tornam as férias uma armadilha para o orçamento familiar

Adriane Schultz
01/07/2025 19h38 - Atualizado há 2 dias

Férias de julho: como aproveitar o período de folga sem dívidas?
Divulgação

Com a inflação acumulada em 5,32% nos últimos 12 meses e a taxa Selic estacionada em 15%, os brasileiros que se preparam para as férias de julho precisam se preparar para encarar o lazer com estratégia e responsabilidade. O atual cenário econômico, marcado por juros altos e encarecimento do crédito, pede atenção redobrada ao planejamento financeiro não só para evitar endividamento, mas para garantir que o período de descanso não se transforme em dor de cabeça.

Os dados são claros: 78,5% das famílias brasileiras estavam endividadas em maio, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e o principal vilão segue sendo o uso descontrolado do crédito. O especialista em investimentos e planejador financeiro CFP® Jeff Patzlaff chama a atenção para essa armadilha: “O ambiente mais descontraído costuma estimular o consumo impulsivo. Uma boa prática é estabelecer um teto de gastos para a viagem e utilizar os recursos tecnológicos disponíveis, como alertas no aplicativo do banco e planilhas de controle, para acompanhar as despesas em tempo real”.

Jeff ressalta que o primeiro passo para não extrapolar é montar um orçamento realista, baseado na renda disponível e que leve em conta não só passagens, hospedagem e alimentação, mas também as chamadas despesas invisíveis, aquelas pequenas, mas acumulativas, como ingressos, lembranças, transporte local e possíveis emergências. “A falta de planejamento prévio é um erro comum e custoso. Decisões de última hora tendem a elevar significativamente os preços de passagens e hospedagens, além de restringir as opções disponíveis”, afirma.

Com o rotativo do cartão de crédito ultrapassando os 430% ao ano, conforme o Banco Central, a ideia de “pagar depois” pode sair cara. Jeff reforça: “Parcelar pode ser vantajoso se já estiver dentro do planejamento orçamentário. Sem dúvidas, o uso descontrolado do cartão de crédito continua sendo uma das principais armadilhas nas férias”.

Para famílias com orçamentos mais apertados, ele sugere criatividade e flexibilidade. Cidades do interior, regiões serranas ou praias menos badaladas tendem a oferecer um excelente custo-benefício. O turismo local também aparece como alternativa inteligente, com passeios gratuitos em museus, parques e centros culturais. “Mesmo para quem não pode ou prefere não viajar, é possível criar momentos especiais com criatividade e planejamento. Atividades como piqueniques, acampamentos improvisados em casa, oficinas de culinária e sessões de cinema em família podem ser opções memoráveis e acessíveis”, defende o especialista.

Quando o desejo é sair do país, o câmbio instável exige mais pesquisa. Mas ainda há opções interessantes. Destinos como Bolívia, Vietnã, Turquia e países do Leste Europeu têm ganhado a preferência dos brasileiros por oferecerem boa estrutura a custos menores, principalmente frente ao dólar e ao euro. “Essa tendência se acentua diante do câmbio ainda volátil e da redução do poder de compra das famílias, pressionado pela inflação e pelo encarecimento dos bens e serviços”, diz Jeff.

Outra dica valiosa é o uso de tecnologia. Aplicativos como Mobills, Organizze, Minhas Economias e Guiabolso ajudam no controle financeiro da viagem. Já o aplicativo Splitwise pode ser útil para dividir despesas em viagens com amigos ou em grupo. Além disso, o uso de programas de cashback, como Méliuz ou Ame Digital, pode representar uma economia adicional em compras planejadas.

Jeff também vê valor em envolver as crianças nos planos. “Incluir as crianças no planejamento das férias também é uma oportunidade valiosa de educação financeira. Estimular que elas participem da escolha de passeios, definam prioridades ou tenham uma mesada para gastar durante a viagem ajuda a desenvolver a consciência sobre o valor do dinheiro e as noções de limite e escolha. Propor desafios como economizar parte da mesada para comprar uma lembrança ou encontrar o passeio gratuito mais interessante da cidade pode transformar a experiência em um momento educativo e divertido”, comenta.

Ao final, o que se percebe é que férias bem aproveitadas não dependem de gastos altos, mas de consciência, equilíbrio e escolhas alinhadas com a realidade de cada família. Como reforça Jeff Patzlaff, “o sucesso das férias está menos ligado ao valor gasto e mais à forma como os recursos são utilizados de maneira consciente, equilibrada e estratégica”.


 

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
Guilherme Hanna Adario
[email protected]


Notícias Relacionadas »