Presente nas listas entre as principais tendências tecnológicas para 2025, segundo Gartner e MIT Technology Review, por exemplo, a robótica tem chamado a atenção do mercado desde a última edição da Consumers Electronics Show (CES), em Las Vegas, realizada em janeiro de 2025. Na oportunidade, foi apresentado um carro-robô, que funciona com painéis solares, bem como a robô humanoide Aria, capaz de conversar como uma pessoa normal, e o superassistente para o dia a dia, que lava roupas e busca medicamentos. Todos pareciam protagonistas de um filme de ficção científica.
Os robôs estão se transformando em tecnologia avançada. A previsão é que o valor de mercado do setor passe de US$ 262 bilhões em 2023 para US$ 346 bilhões, em 2025, segundo o Union Bank of Switzerland (UBS). Não se trata apenas de analisar os lançamentos que ainda não serão incorporados de forma massiva ao dia a dia, mas de entender as capacidades da tecnologia.
A robótica nas indústrias é aplicada desde meados do século XX, mas, atualmente, há uma nova fase que vai além do setor manufatureiro, onde tradicionalmente tem sido utilizada para automação e eficiência.
À robótica colaborativa na indústria automobilística, em centros logísticos e de distribuição, está se somando a aplicação em transações comerciais, alimentação e bebidas, por exemplo. As tarefas vão desde a verificação de máquinas de cartão de crédito até a retirada de bandejas. Um dado da Forrester é contundente: entre as empresas consideradas relevantes, 35% integrarão a robótica física com a tecnologia convencional.
E há algo mais: a IDC afirma que, até 2027, o uso de robôs em setores não tradicionais – em particular, inspeção e manutenção – também aumentará em 35%, o que resultará em uma redução de 50% nos erros de inspeção.
Entre tantos dados que confirmam a forte tendência, o fato é que o passo evolutivo do boom que a Inteligência Artificial teve no ano passado está diretamente relacionado à melhoria dos robôs; eles ganharam autonomia, adaptabilidade, percepção sensorial e interação baseada em programação neurolinguística, o que lhes permite interpretar mais dados e resolver problemas complexos.
Um exemplo interessante de sua utilização é o do Departamento de Polícia de Nova York, que incorporou um robô para patrulhar uma movimentada estação de metrô durante a noite. No setor de entretenimento, a Walt Disney Imagineering e a Disney Research têm robôs em seus parques temáticos, e na Disneylândia eles já funcionam como androides livres, que podem interagir com os visitantes, caminhar e dançar.
Neste ano, todas essas experiências, que podem ser agrupadas como Robots as a Service, otimizando e automatizando tarefas, passam a assumir uma nova dinâmica: com a Retrieval-Augmented Generation (RAG), as capacidades da IA generativa e dos LLMs se ampliam para realizar tarefas que aumentam as capacidades humanas.
Se quisermos desenvolver um círculo virtuoso de desenvolvimento tecnológico e crescimento econômico, a fórmula é a combinação robótica junto à criatividade humana para gerar soluções inovadoras e capacidades aprimoradas em múltiplos setores.
Em 2024, as startups de robótica arrecadaram mais de US$ 4,2 milhões em capital semente e avançaram para a próxima rodada de crescimento. Para 2026, estima-se que 30% dos robôs terão um nível 3 de inteligência (considerando seu nível de autonomia, capacidade cognitiva e desempenho em diferentes áreas), sendo que, em 2022, eles representavam apenas 2%, segundo o relatório “Emerging Technologies AI Roadmap for Smart Robots - Journey to a Super Intelligent Humanoid Robot” da Gartner.
Há mais de 100 anos, nasceu em Petróvichi, uma vila remota da Rússia, Isaac Asimov. Já se passaram mais de 30 anos desde seu falecimento, no entanto, o professor de bioquímica da Universidade de Boston — conhecido por suas obras de ficção científica como a Série dos Robôs — deixou preceitos sobre robótica que ainda são válidos: um robô não deve ferir um ser humano, um robô deve obedecer às suas ordens e um robô deve proteger sua existência, desde que isso não vá contra as duas premissas anteriores.
Em um ano em que eles se tornam protagonistas, revisar o passado oferece pistas sobre o futuro. Alguns já foram incorporados à vida cotidiana, mas os que prevalecem são aqueles que aumentam as capacidades humanas em diferentes circunstâncias.
A IA já não é mais coisa exclusiva das grandes corporações. As empresas de médio porte encontram nesses agentes virtuais uma forma realista de competir, fazendo mais com menos. Desde assistentes virtuais até soluções automatizadas para atendimento ao cliente, a possibilidade de escalar sem aumentar equipes se torna cada vez mais atraente. Claro que a promessa de eficiência vem acompanhada de uma nova prioridade: a proteção de dados.
Para garantir que esses robôs — físicos ou virtuais — operem de forma ética e segura, são aplicadas técnicas de anonimização, criptografia avançada e padrões internacionais, como as normas ISO 10218 e ISO/TS15066, que regulam a colaboração segura entre humanos e máquinas.
Assim, embora os robôs que lavam roupa ou fazem tarefas ainda pareçam distantes, o Brasil já vive uma revolução robótica silenciosa, menos visível que a de Las Vegas, mas igualmente transformadora na forma de trabalhar e competir na economia digital.
Por Kefreen Batista, VP de Tecnologia da Globant no Brasil.
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VICTORIA VIANNA DE SOUZA
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