Sesc 14 Bis apresenta nova montagem da Cia. de Teatro Heliópolis que aborda a vida pós-cárcere

ELIANE VERBENA / VERBENA ASSESSORIA
20/06/2025 14h12 - Atualizado há 9 horas

Sesc 14 Bis apresenta nova montagem da Cia. de Teatro Heliópolis que aborda a vida pós-cárcere
Dalma Régia, Klavy Costa e Jucimara Canteiro (foto de José de Holanda)
A Companhia de Teatro Heliópolis estreia seu novo espetáculo A Boca que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas) no dia 10 de julho, quinta-feira, no Sesc 14 Bis, às 20h. A montagem - que aborda a vida e os obstáculos enfrentados por pessoas egressas do sistema prisional - fica em cartaz de quinta a domingo, até o dia 3 de agosto.

Com dramaturgia de Dione Carlos e encenação de Miguel Rocha, A Boca que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas) joga luz sobre a questão: o que significa recuperar a liberdade? Em cena, seis pessoas que passaram pelo sistema prisional brasileiro têm suas trajetórias entrelaçadas. Diante das dificuldades de reinserção social e reconstrução da própria vida, cada uma delas, a seu modo, tenta encontrar uma saída. As marcas do período que passaram atrás das grades permanecem na memória, no corpo e nos afetos. Exu, o orixá das encruzilhadas e destrancador dos caminhos, aparece como uma presença provocativa ao despertar naqueles sujeitos a fome por novos começos e a avidez por dignidade.


A encenação de Miguel Rocha se dá em um espelho d’água, uma cenografia de Telumi Hellen, que usa a simbologia do deságue para o momento em que o egresso sai da prisão, quando percebe tudo como novo. O reflexo reporta ao aprisionamento das emoções, às vivências e memórias que afloram quando “a liberdade canta”. “A saída da prisão é um desaguar. A força da água tanto pode purificar como ser violenta, e o reflexo na água pode ser espelho que leva as personagens a encararem a própria situação”, comenta o encenador Miguel Rocha.

Este é o ponto de partida para a imersão na realidade que se apresenta, nos obstáculos que enfrenta o sobrevivente do sistema carcerário para reafirmar a própria cidadania. ‘O cárcere não termina no cárcere’, é o que constatam as personagens que carregam o estigma de serem ex-detentos/tas, com o ônus de uma multa prisional a ser paga, com as dificuldades para reativar a documentação, os hábitos e experiências adquiridos na prisão, os fatores emocionais consequentes e os desafios e as armadilhas da liberdade que não raramente os levam à reincidência.

A companhia cria um espetáculo que coloca em cena a carga que o passado representa na vida das personagens egressas da prisão, mas não se fecha nisso. A dramaturgia não é determinista ao ponto de condicionar a experiência do cárcere à experiência do crime. “O olhar do Estado e da sociedade para as questões relativas à vida após o desencarceramento, que acomete geralmente pretos e pobres, ainda é muito restrito, inviabilizando a possibilidade de se viver dignamente”, comenta Miguel Rocha. “É fato que esse é um processo circular com as mesmas pessoas; as mazelas sociais se repetem nesse lugar de violência e invisibilidade, o que acaba sendo um entrave para a transformação. É preciso fugir desse ciclo para que haja mudanças. Nosso trabalho busca compreender e refletir sobre esse contexto histórico-social”, completa o encenador.

A Boca que Tudo Come Tem Fome é resultado do projeto Do Cárcere às Ruas: O Estigma da Vida Depois das Grades, cuja pesquisa parte da premissa de que o encarceramento deflagra traumas, comportamentos e perspectivas que inevitavelmente estarão presentes na retomada da vida. A pesquisa busca compreender as consequências do aprisionamento nas tentativas de adaptação fora da prisão e na reconstrução das vidas. O encenador ressalta a dificuldade em encontrar material, tanto acadêmico quanto artístico e literário, sobre o assunto. Para aprofundar no tema, a Companhia de Teatro Heliópolis realizou entrevistas com egressos na comunidade de Heliópolis e em instituições de acolhimento e de ativismo em prol do desencarceramento e abolicionismo penal. Também realizou debates abertos ao público com o articulador e assistente social Fábio Pereira, o rapper Dexter, a percursora do movimento anti-cárcere, Tempestade, e com o professor de artes cênicas Vicente Concílio. O processo criativo contou ainda com provocações teórico-cênicas de Maria Fernanda Vomero (também na mediação dos debates) e dos comentadores Salloma Salomão e Bruno Paes Manso.

Espetáculo: A Boca que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas)
Temporada: 10 de julho a 3 de agosto - Quinta a sábado, às 20h, e domingo, ás 18h
Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia) | R$ 18 (Credencial Sesc)
Vendas online: A partir de 1/7 - sescsp.org.br/14bis | Bilheterias Sesc SP: a partir de 2/7 
Classificação: 14 anos. Duração: 135 minutos. Gênero: Experimental.
Sesc 14 Bis - Teatro Raul Cortez (Teatro Raul Cortez)
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista. São Paulo/SP.
Capacidade: 523 lugares. Acessibilidade: Sim. 

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ELIANE DE FATIMA GARCIA VERBENA E OLIVEIRA
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FONTE: https://verbenacomunicacao.blogspot.com/2025/06/sesc-14-bis-apresenta-nova-montagem-da.html
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