Privacidade em xeque: até onde estamos dispostos a ceder em nome da conveniência digital?

Tema central da obra de ficção científica de Túlio Iannini traz à tona um debate urgente sobre vigilância e dados pessoais

Bendita Letra
17/06/2025 09h37 - Atualizado há 2 meses

Privacidade em xeque: até onde estamos dispostos a ceder em nome da conveniência digital?
Arquivo Pessoal/Divulgação
 

Quantos aplicativos têm acesso à sua localização neste momento? Quantas vezes você aceitou termos e condições sem ler uma linha? Em nome da praticidade e da conexão permanente, estamos, muitas vezes sem perceber, entregando voluntariamente informações valiosas sobre quem somos, onde estamos e o que fazemos. A privacidade — conceito que já foi sinônimo de proteção e liberdade — hoje parece cada vez mais negociável.

Esse dilema contemporâneo está no centro do novo romance de ficção científica do autor mineiro Túlio Iannini, que usa o gênero como provocação para um debate que ultrapassa os limites da tecnologia e entra na esfera da ética e da autonomia. A história se passa em um futuro não tão distante, onde o controle digital não vem apenas de governos ou megacorporações, mas também da própria população, que se vigia mutuamente.

Se por um lado parece que aceitamos esse novo normal, por outro os dados mostram que o desconforto cresce. Uma pesquisa do Cetic revelou que 77% dos brasileiros já desinstalaram aplicativos por medo do uso indevido de seus dados pessoais. Outros 69% deixaram de visitar uma página, 56% evitaram plataformas inteiras e 45% até abriram mão de comprar dispositivos eletrônicos por precaução. A preocupação também se reflete em hábitos de navegação: 70% afirmam verificar a segurança de páginas, 69% recusam permissões de uso de dados para publicidade e 68% dizem ler políticas de privacidade antes de seguir adiante.

Mesmo assim, grandes vazamentos continuam a ocorrer, inclusive em órgãos públicos como o Ministério da Saúde e o Banco Central, e golpes digitais sofisticados se aproveitam do acesso indevido a informações pessoais para enganar e extorquir vítimas.

Para Iannini, a ficção é uma forma potente de provocar incômodos e despertar senso crítico. “Quis explorar o paradoxo de uma sociedade que exige liberdade, mas abre mão da própria intimidade com um clique. O livro não dá respostas, mas propõe perguntas que incomodam”, afirma o autor.


 

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MARIA JULIA HENRIQUES NASCIMENTO
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FONTE: Fonte: Túlio Iannini — empreendedor com mais de 30 anos na área de tecnologia, fundador e CEO da fintech U4C, colunista no INVESTING.com; referência nacional em inovação e pagamentos digitais.
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