Inteligência Artificial: entre o fascínio e o alerta

*Graziele Aparecida Correa Ribeiro

JULIA ESTEVAM
16/06/2025 11h20 - Atualizado há 12 horas

Inteligência Artificial: entre o fascínio e o alerta
Banco Uninter

Não dá mais para ignorar: a inteligência artificial já está profundamente inserida no nosso dia a dia. Seja quando o aplicativo de música sugere a próxima faixa, quando usamos um assistente virtual para agendar compromissos ou quando vemos notícias sendo escritas por algoritmos, a IA está ali, silenciosa e eficiente. E, sinceramente, eu acho isso tudo fascinante. A capacidade dessas tecnologias de aprender, adaptar-se e resolver problemas complexos em segundos me impressiona. Mas, ao mesmo tempo, não consigo deixar de sentir um certo incômodo, uma pulga atrás da orelha, que me faz questionar: até onde isso vai? E a que custo? 

As potencialidades da IA são inegáveis. Ela já ajuda médicos a diagnosticar doenças com mais precisão, contribui para pesquisas científicas, otimiza processos em empresas e até apoia professores na personalização do ensino. É incrível pensar que, com a ajuda dela, podemos encontrar padrões em grandes quantidades de dados que passariam despercebidos ao olhar humano. Em certos momentos, chego a pensar que estamos vivendo uma revolução comparável à invenção da internet ou talvez até maior. 

Porém, não é só de maravilhas que essa tecnologia é feita. O uso desenfreado da IA me assusta. Já parou para pensar no quanto estamos expondo da nossa vida para máquinas que nem sempre sabemos como funcionam? Cada clique, cada curtida, cada busca alimenta algoritmos que nos conhecem melhor do que muita gente próxima. E o mais preocupante é que, muitas vezes, isso acontece sem que a gente perceba. A IA pode ser usada para manipular opiniões, influenciar eleições, vigiar comportamentos. E tudo isso em nome da eficiência. 

Outro ponto que me incomoda é o risco de desumanização. Quando se começa a substituir pessoas por máquinas, seja no trabalho ou até em interações simples do cotidiano, perdemos algo. Perde-se o olhar humano, o cuidado, a empatia — qualidades que nenhuma inteligência artificial, por mais avançada que seja, vai conseguir replicar de verdade. 

E o que dizer dos preconceitos? Os algoritmos são treinados com dados gerados por nós, humanos, e isso significa que eles também carregam nossos erros, nossos vieses. Já vi notícias sobre sistemas que discriminam pessoas negras, que favorecem homens brancos em processos seletivos. Isso não é só um problema técnico, é um reflexo de desigualdades que a tecnologia deveria ajudar a combater, e não perpetuar. 

Por isso, acredito que precisamos parar e pensar. A IA pode ser uma aliada incrível, sim. Mas só se for usada com responsabilidade, com ética e com regulação. Não dá para deixar que só empresas e governos decidam os rumos dessa tecnologia. Todos nós temos que participar desse debate, entender minimamente como as coisas funcionam, questionar, propor limites. 

Não sou contra a inteligência artificial. Longe disso. Sou contra a forma inconsequente como, às vezes, ela vem sendo usada. Como qualquer ferramenta poderosa, ela pode construir ou destruir. Cabe a nós escolher o caminho. E eu, pessoalmente, torço para que a gente escolha com sabedoria.  
 
*Graziele Aparecida Correa Ribeiro é professora da área de Exatas Uninter, Licenciada em Física e Mestra em Ensino de Ciência e Tecnologia. 


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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