Prepare-se para a Geração Alpha: eles vão revolucionar o mercado

EMILIA BERTOLLI PATRIZI
14/06/2025 13h31 - Atualizado há 6 horas

Prepare-se para a Geração Alpha: eles vão revolucionar o mercado
Reprodução/Adobe Stock

De consumidores a futuros tomadores de decisão, a Geração Alpha vai transformar a forma como vendemos – e compramos

Por Rafael Brych, Gerente de Marketing & Inovação da Selbetti Tecnologia

Estamos preocupados com a Geração Z (os nascidos entre meados da década de 90 até o início de 2010) que não estamos nos atentando a um fato: os “mais velhos” da próxima geração, a Alpha – que vai de 2010 até o momento em que estamos – já são adolescentes.  

Essas crianças, filhas de pais Millennials e, em alguns casos, da Geração Z, cresceram em um ambiente totalmente imerso em dispositivos conectados, redes sociais e plataformas de streaming, onde a informação circula em um ritmo totalmente diferente do que para seus pais Millenials.  

E mais: dentro de quatro ou cinco anos, os integrantes dessa geração estarão entrando no mercado de trabalho – como estagiários. Em dez anos, eles serão, além de consumidores, tomadores de decisão dentro das empresas.  

Uma pesquisa realizada pela Mobile Time e pela Opinion Box, em 2023, apontou que os brasileiros da Geração Alpha já têm seu próprio smartphone – mesmo sendo tão jovens. Essas crianças e adolescentes passam, em média quatro horas por dia conectadas ao aparelho – o que faz com eles interajam com o mundo de maneira radicalmente diferente à nossa.  

O impacto da Geração Alpha como consumidores

Se a Geração Z (os nascidos entre 1996 e 2010) teve de aprender e se adaptar a tecnologias que surgiram enquanto crescia, as crianças Alpha, por sua vez, chegaram ao mundo com tablets, smartphones e assistentes de voz já consolidados. Essa geração não viveu a transição; ela se encontra diretamente na realidade digital, sem barreiras de linguagem ou de costume. Tudo parece natural, desde interagir com dispositivos sem teclados até absorver conteúdos em plataformas gamificadas que mesclam educação e entretenimento.

A presença quase constante de telas e assistentes virtuais fez com que o contato da Geração Alpha com o digital se tornasse quase orgânico, moldando não apenas a forma como aprendem, mas também a maneira como percebem o mundo e interagem com as marcas. Sob esse prisma, a Geração Alpha antecipa comportamentos que, nos próximos anos, deverão se tornar o padrão de consumo e interação, influenciando decisivamente as estratégias de Customer Experience (CX).

A noção de experiência, para esse grupo, ultrapassa a expectativa tradicional de um bom atendimento ou de um produto funcional. Eles foram expostos desde cedo à personalização e à conveniência em praticamente todas as esferas de suas vidas: do entretenimento on-demand, onde escolhem o que querem assistir a qualquer hora, aos dispositivos inteligentes que aprendem preferências e hábitos dentro de casa.  

Esse contato precoce com ferramentas digitais cria uma relação de confiança e, ao mesmo tempo, de exigência: não basta que uma empresa ofereça um canal de atendimento eficiente; é preciso ser ágil, conectada e genuinamente preocupada em entender e antecipar necessidades. Para as marcas, o recado é claro: quem não criar canais e experiências integradas, rápidas e que reflitam valores como inclusão e sustentabilidade corre o risco de perder relevância em um futuro cada vez mais próximo.

Uma criança de oito anos, por exemplo, não vai compreender por que um aplicativo de música não está integrado à caixa de som inteligente da família ou porque há desencontro de informações entre o e-commerce e a loja física. Esse nível de exigência acompanha a criança em cada etapa de seu amadurecimento. Quando ela se tornar um jovem consumidor em busca de produtos e serviços, terá pouca paciência com marcas que não ofereçam uma jornada perfeita ou que não ofereçam opções de interação baseadas em voz, realidade aumentada e outros recursos que, para ela, já serão padrão.

Há também um fator relevante ligado à instantaneidade. A Geração Alpha se acostumou a ter tudo rapidamente, desde entregas até atualizações de software, e raramente aguarda dias para que um problema seja resolvido. Esse padrão mais acelerado de consumo afeta todo o ecossistema de negócios, incentivando mudanças na estrutura logística, no atendimento e nas políticas de troca e devolução, por exemplo. Não é apenas uma questão de conveniência; é uma mudança de paradigma na forma como se espera que as relações de consumo aconteçam. Essa primeira geração integralmente digital quer e vai exigir tecnologias mais intuitivas, processos sem atrito e marcas que se comuniquem com clareza.

Uma nova percepção de valor

Quando analisamos como a Geração Alpha enxerga o valor de um produto ou serviço, percebemos uma forte ênfase em fatores emocionais e conectados a uma visão global de impacto. A preocupação com a sustentabilidade, a ética e a responsabilidade social das empresas não é um acessório distante para essas crianças, mas parte importante do que elas aprendem na escola e na internet.  

Elas veem influenciadores digitais falando sobre causas ambientais, observam iniciativas de grandes marcas que promovem campanhas de conscientização e criam uma noção de que tudo isso faz parte de um pacote maior na hora de escolher com quem se relacionar. Elas são, em essência, pequenas consumidoras que, futuramente, levarão essa mentalidade ao mercado de trabalho e às decisões de compra mais complexas.

Para os líderes de CX, a mensagem é clara: a experiência do cliente não deve se resumir a otimizar passos e interfaces. É preciso incorporar valores que traduzam cuidado com as pessoas e com o planeta. A Geração Alpha provavelmente não vai perdoar ações de greenwashing ou campanhas superficiais que não tenham embasamento real. Essa transparência, aliada à autenticidade, será fundamental para criar relacionamentos duradouros. Eles podem até não expressar isso de modo formal enquanto são crianças, mas o fato é que crescem atentos às movimentações das marcas, absorvendo quais empresas agem de forma genuína e quais apenas fingem se importar.

A geração Alpha e o mercado de trabalho

Assim como já revelam comportamentos de consumo disruptivos, os jovens da Geração Alpha tendem a levar essa visão inovadora para dentro das empresas. Acostumados a soluções em nuvem, inteligência artificial e processos sem atrito, eles não apenas exigirão ambientes de trabalho totalmente digitais, mas também impulsionarão a adoção de novas tecnologias de maneira mais ágil e integrada.  

Afinal, para quem cresceu interagindo com assistentes de voz e plataformas on-demand, sistemas corporativos lentos ou burocráticos serão vistos como entraves incompatíveis com o ritmo acelerado do mundo digital.

Quando ocuparem cargos de decisão, esses profissionais tendem a valorizar ferramentas que priorizem a colaboração em tempo real, a análise de dados inteligente e a inovação contínua. A adaptação a novas tecnologias — da robótica à realidade aumentada — será encarada como algo natural para a Geração Alpha, que colocará a busca por soluções eficientes e sustentáveis no centro das estratégias de negócio. Nesse cenário, processos de recrutamento, retenção de talentos e desenvolvimento de liderança também ganharão uma nova configuração, pautada pela transparência, pela flexibilidade e pelo alinhamento a propósitos socioambientais.

Além disso, a Geração Alpha deverá questionar modelos hierárquicos tradicionais, estimulando organizações a se tornarem mais horizontais e abertas à cocriação. Orientados por uma visão global e pela facilidade de acesso a informações, esses futuros líderes vão demandar políticas de inclusão, diversidade e responsabilidade corporativa como parte essencial do dia a dia no trabalho. Em síntese, a maneira como aprendemos, nos comunicamos e conduzimos processos organizacionais será profundamente remodelada por uma geração que nasceu dentro da tecnologia — e que fará dela a grande protagonista nos negócios.

Estamos à beira de um novo salto geracional. Ao observarmos a Geração Alpha, identificamos um perfil de consumidores e futuros líderes que não apenas demandará soluções tecnológicas cada vez mais ágeis e personalizadas, mas também buscará valores pautados em inclusão e sustentabilidade. Para as empresas, esse é um sinal claro de que é urgente evoluir e se preparar para um cenário em que a experiência do cliente ganha prioridade e a inovação contínua se transforma na nova norma. Quem estiver disposto a compreender e atender às expectativas dessa geração estará, sem dúvida, na vanguarda competitiva, contribuindo para a construção de um futuro mais colaborativo, responsável e, acima de tudo, digital.


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