Proteção capilar na manipulação de alimentos pode estar aliada à diversidade e inclusão
CRN-3 divulga parecer técnico sobre uso de acessórios para proteção capilar no manejo de alimentos, analisando legislação e consultando empresas de alimentação coletiva
ANDREA COELHO
13/06/2025 16h16 - Atualizado há 15 horas
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Na rotina de cozinhas industriais, restaurantes e serviços de alimentação, a proteção capilar é uma exigência legal e essencial para garantir a segurança dos alimentos. No entanto, mais do que cumprir normas sanitárias, a forma como essa proteção é aplicada pode refletir, ou não, o compromisso das empresas com a diversidade e a inclusão no ambiente de trabalho. No esforço de promover a saúde, educação alimentar e nutricional livre de estigmas e focada na inclusão e diversidade, o Conselho Regional de Nutrição - 3ª Região (SP/MS) lançou no ano passado a Campanha Nutrição Sem Estereótipos, reforçando o compromisso com a diversidade e alcançando o combate aos estereótipos sob diferentes perspectivas. “É fundamental que as empresas estejam atentas à diversidade capilar e respeitem as escolhas pessoais em uma sociedade múltipla e diversa”, destaca a nutricionista Tatiana de Queiroz Campos.
Foco no que diz a Lei As normativas brasileiras que estabelecem boas práticas para serviços de alimentação, como a Resolução RDC 216/2004 da Anvisa, a Portaria CVS 5/2013 do Estado de São Paulo, e a Portaria 2619/2011 do município de São Paulo, exigem que os cabelos estejam totalmente protegidos durante a manipulação de alimentos, mas não especificam modelo, material ou formato da touca ou rede. Essa abertura legal permite que as empresas escolham modelos de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que sejam não apenas funcionais e seguros, mas também respeitosos com a pluralidade de estilos, texturas e volumes capilares, especialmente para profissionais negros, com cabelos crespos, cacheados ou volumosos, além de tranças e outros penteados. Atualmente, o mercado já oferece toucas descartáveis e redes de proteção maiores, mas turbantes, lenços e toucas de tecido não estão excluídos do rol de acessórios que podem cumprir com o objetivo de proteção total dos cabelos, atendendo às exigências sanitárias. Segurança e inclusão podem e devem andar juntas A obrigatoriedade da cobertura total dos cabelos não precisa anular a identidade individual dos colaboradores. Soluções como toucas de tecido com rede interna, modelos tipo turbante com elástico largo, ou ainda o uso combinado de rede mais touca externa são alternativas eficazes e inclusivas, desde que estejam íntegras, higienizadas e bem ajustadas. Para profissionais do setor ouvidos pela equipe do CRN-3, respeitar a diversidade capilar não compromete a segurança dos alimentos e pode reforçar o compromisso das empresas com a inclusão. Em nota técnica assinada pela equipe de fiscalização do Conselho, há duas considerações de empresas consultadas sobre o assunto. Uma delas diz: “A lei é clara, tem que ter o cabelo protegido e as opções mencionadas atendem a exigência da Lei”. Com boa vontade e informação técnica, é possível alinhar exigências sanitárias com práticas de valorização da diversidade. “Orientamos o uso de duas toucas - uma para o coque e outra para cobrir totalmente o cabelo. Quando isso não é possível, liberamos o uso de toucas de pano, desde que estejam em conformidade com o padrão do uniforme”, destaca uma coordenadora de qualidade de outro operador do setor. Uma pauta para o setor e para a sociedade A inclusão e a diversidade têm sido temas amplamente debatidos nos últimos anos em nossa sociedade. “No entanto, ainda é comum vermos, nos serviços de alimentação, colaboradores utilizando toucas que não acomodam adequadamente cabelos volumosos, cacheados, crespos, com dreads, black power ou tranças - que, em geral, não cabem nas toucas e redes tradicionais”, complementa a nutricionista Tatiana de Queiroz Campos. Diante desse cenário, especialistas em segurança dos alimentos e inclusão reforçam a importância de as empresas adotarem EPIs adaptados à diversidade capilar; Capacitar suas equipes para o uso correto dos equipamentos e evitar a imposição de padrões estéticos excludentes. Além disso, é fundamental que a vigilância sanitária conduza suas avaliações baseando-se na eficácia da proteção, e não em padrões visuais ou estéticos pré-estabelecidos. Ainda de acordo com a Dra. Tatiana Campos: “Pensar em detalhes como o conforto de colaboradores com diferentes tipos de cabelo é uma ação simbólica, mas poderosa - que abre espaço para uma reflexão essencial sobre a inclusão, tão necessária e urgente no setor de alimentação”. A proteção capilar é sim uma ferramenta de segurança dos alimentos, mas também pode ser um instrumento de promoção da equidade quando adaptada à realidade de todos os profissionais. Garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo não é apenas uma questão de imagem institucional, é um passo essencial para construir equipes mais engajadas, representativas e seguras. Sobre a Campanha NSE NSE é a abreviação de Nutrição Sem Estereótipos. Uma campanha do CRN-3 voltada à promoção da saúde e da educação alimentar e nutricional livre de estigmas e focada na inclusão e diversidade. Ela surge como resposta ao aumento da pressão social em relação à imagem corporal, à prevalência do estereótipo de beleza e corpo, e para minimizar os impactos causados pelas estratégias de marketing digital que estimulam comportamentos prejudiciais à saúde ao não considerar as especificidades de cada indivíduo. Sobre o CRN-3 O Conselho Regional de Nutrição – 3ª Região (CRN-3) é uma autarquia criada pela Lei 6.583/1978 em consonância com o Conselho Federal de Nutrição (CFN), com a missão de contribuir para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), fiscalizando, normatizando e disciplinando o exercício profissional do nutricionista e do técnico em Nutrição e Dietética, para uma prática pautada na ética e comprometida com a Segurança Alimentar e Nutricional, em benefício da sociedade. Foi instituído em 1980 e, atualmente, sua jurisdição congrega os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em 2018, criou-se nesta Regional a primeira Comissão Especial e Transitória de Políticas Públicas em Nutrição do Sistema CFN/CRN. Informações para a Imprensa: Andrea Coelho - Assessora de Comunicação e Imprensa e-mail: [email protected] Tel.: (11) 91480-2529 Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. 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