Trabalho infantil persiste no Brasil e atinge maioria dos adolescentes ocupados, mostra Fundação Abrinq

Estudo inédito aponta que mais de um milhão de jovens entre 14 e 17 anos atuam em atividades consideradas ilegais

SONIA DINIZ
12/06/2025 13h34 - Atualizado há 1 dia

Trabalho infantil persiste no Brasil e atinge maioria dos adolescentes ocupados, mostra Fundação Abrinq
Divulgação: Fundação Abrinq
Um levantamento da Fundação Abrinq com base em dados da Pnad Contínua, do IBGE, revela que 77% dos adolescentes de 14 a 17 anos ocupados no Brasil estão envolvidos em atividades classificadas como trabalho infantil. O dado corresponde a cerca de 1 milhão de jovens que, no primeiro trimestre de 2025, exerciam funções proibidas pela legislação ou em condições inadequadas.

Apesar da queda nas taxas de desocupação desde 2022, o problema persiste em níveis alarmantes. A média histórica entre 2018 e 2025 mostra que 82,9% dos adolescentes ocupados realizavam trabalhos que ferem a legislação nacional.

A taxa de desocupação entre os adolescentes chegou a 26,4% no início deste ano — quase quatro vezes acima da média nacional. Diante das dificuldades de inserção no mercado, muitos jovens acabam aceitando empregos informais, mal remunerados e até ilegais.

Informalidade e desigualdade

Segundo o estudo, a maioria dos adolescentes em situação de trabalho infantil atua na informalidade: 59,6% trabalham sem carteira assinada no setor privado, enquanto 28,8% atuam como autônomos ou ajudam em negócios familiares sem qualquer remuneração formal.

A renda média também é baixa. Jovens de 14 a 15 anos recebem, em média, R$ 644,87 — menos da metade de um salário mínimo. Já entre os adolescentes de 16 e 17 anos, o rendimento médio chega a R$ 882,50, o que representa 62,5% do piso nacional. O relatório ainda aponta desigualdades raciais: 63% dos adolescentes em situação de trabalho infantil se declaram pretos ou pardos.

Não ao Trabalho Infantil

Para a Fundação Abrinq, o trabalho precoce contribui para um ciclo de vulnerabilidade, já que interfere diretamente na frequência escolar e no desempenho dos adolescentes. O cenário se agrava em momentos de crise econômica. Entre 2020 e 2021, durante a pandemia de COVID-19, mais de 85% dos adolescentes ocupados estavam em situação de trabalho infantil.
 

“A exploração do trabalho infantil continua presente em diversas áreas, e é fundamental responsabilizar quem se beneficia disso”, destaca Victor Graça, superintendente da Fundação Abrinq.


A Fundação Abrinq lançou hoje, 12 de Junho, a edição 2025 da campanha Não ao Trabalho Infantil, reforçando a importância de manter o enfrentamento a essa grave violação de direitos. Como parte da ação, estão disponíveis gratuitamente materiais de conscientização como cartazes, peças digitais e banners. Todo o conteúdo pode ser acessado em www.naoaotrabalhoinfantil.org.br 

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LEANDRO ANTONIO FERRARI ANDRADE
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FONTE: www.naoaotrabalhoinfantil.org.br
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