H5 Investimentos e o golpe com apostas esportivas que fez mais de 2 mil vítimas e prejuízo de R$ 50 milhões
A empresa goiana passou a ser investigada por operar um sofisticado esquema fraudulento com promessas de lucros mensais entre 6% e 12%
FERREIRA ANTUNES
10/06/2025 18h49 - Atualizado há 1 dia
Divulgação
Jorge Calazans* Recentemente, a Justiça de Goiás reacendeu a esperança de mais de 2 mil pessoas que se tornaram vítimas de um sofisticado golpe financeiro operado pela empresa goiana H5 Investimentos. A esperança veio com a sentença parcialmente procedente, reconhecendo a nulidade dos contratos celebrados entre os consumidores e a empresa, representada pelo sócio Henrique Saccomori Ramos, e condenando ao ressarcimento integral dos valores investidos, além da indenização por danos morais individuais e coletivos. A estimativa é de que o golpe tenha causado um prejuízo de mais de R$ 50 milhões.
A empresa goiana passou a ser investigada por operar um sofisticado esquema fraudulento com promessas de lucros mensais entre 6% e 12% em apostas esportivas. Conforme reconhecido na sentença, a fraude seguia o padrão de um típico esquema Ponzi. Em vez de aplicar os recursos em apostas esportivas, conforme prometido, a empresa utilizava os aportes de novos investidores para pagar os mais antigos, mantendo a ilusão de rentabilidade. Os depósitos eram feitos diretamente na conta da empresa ou, em muitos casos, via PIX em contas de terceiros.
Segundo os autos, os investidores recebiam planilhas com supostos rendimentos mensais até que, em março de 2023, foram surpreendidos com um relatório que indicava uma perda de 99,88% dos valores aplicados. Após tentativas frustradas de contato e versões contraditórias do sócio da empresa, começaram a surgir dezenas de denúncias.
A ação civil pública foi ajuizada pelo Instituto de Proteção e Gestão Estratégica (IPGE), com o patrocínio jurídico do escritório Calazans & Vieira Dias Advogados, especializado na defesa de vítimas de fraudes financeiras, e foi o caminho para que as vítimas pudessem iniciar a jornada pelo ressarcimento. A decisão representa uma importante conquista para os consumidores, especialmente porque foi proferida após o trânsito em julgado da sentença criminal que condenou Henrique Ramos por 17 crimes de estelionato.
Na sentença proferida em primeira instância, a Justiça declarou nulos os contratos firmados com os consumidores e reconheceu a responsabilidade solidária da empresa e de seu sócio. Ambos foram condenados ao pagamento integral dos valores investidos, corrigidos e com juros, além do pagamento de danos morais individuais no valor de 30% sobre cada investimento. Também foi fixada indenização por danos morais coletivos equivalente a 10% do valor que vier a ser apurado ao final da liquidação do processo, quantia que será revertida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor.
A decisão judicial determinou ainda a suspensão imediata de qualquer divulgação ou oferta de investimentos pela empresa e seus representantes nas redes sociais, como YouTube, Instagram e Facebook, sob pena de multa. Além disso, a Justiça autorizou medidas para apreensão de bens e criptomoedas vinculados aos envolvidos e determinou a criação de um sistema digital para facilitar o controle de adesão e pagamentos às vítimas. Os réus também deverão custear o envio de comunicados às vítimas, garantindo que todas tenham ciência da decisão e possam exercer seus direitos.
A decisão, vale destacar, representa uma resposta firme e necessária do Judiciário diante de fraudes estruturadas que causam prejuízos em larga escala. E dentro do ambiente jurídico, justamente por se tratar de casos com múltiplas vítimas, é que a atuação coletiva cada vez mais surge como estratégica, não só por fortalecer o alcance da Justiça, como também por oferecer uma alternativa mais rápida e eficiente para as vítimas.
O caso da H5 Investimentos é mais um alerta sobre os riscos de promessas de rentabilidade fácil no mercado financeiro. A condenação criminal de Henrique Saccomori Ramos já havia sido confirmada, e agora a sentença cível avança no reconhecimento dos direitos das vítimas — um passo fundamental para que se faça justiça de forma efetiva.
A mão forte e rigorosa da Justiça deve ser vista como fundamental relevância para desencorajar que golpistas como os operadores deste caso sintam-se impunes e confiantes para executarem seus golpes financeiros com impactos imensuráveis na vida de cada vítima.
*Jorge Calazans, advogado, especialista na defesa de investidores vítimas de fraudes, sócio do escritório Calazans e Vieira Dias Advogados Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
CAIO FERREIRA PRATES
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