No imaginário romântico, o amor se revela por gestos, olhares e palavras. Mas, para muitos, a dificuldade em se comunicar — seja por timidez, medo de rejeição ou insegurança emocional — transforma o Dia dos Namorados em um desafio silencioso. Para a Dra. Cristiane Romano, fonoaudióloga, doutora em expressividade e especialista em comunicação estratégica, a ausência de diálogo claro e afetivo pode minar relações que, de outra forma, teriam grande potencial de conexão.
“Relacionamentos não acabam por falta de amor, mas por falta de escuta e expressão. Amar também é saber dizer, nomear, partilhar emoções”, afirma a especialista. Segundo ela, muitos adultos nunca foram ensinados a falar sobre sentimentos ou a sustentar conversas profundas, o que torna os vínculos afetivos frágeis e mal compreendidos.
Um levantamento da Universidade de Stanford aponta que cerca de 40% das pessoas se descrevem como cronicamente tímidas. Esse estudo destaca que a timidez pode impactar negativamente a vida social e afetiva das pessoas.
Segundo a Dra. Cristiane Romano o problema se agrava quando a pessoa associa vulnerabilidade à fraqueza. “Muita gente acha que demonstrar sentimentos é um sinal de fragilidade. Mas é justamente o contrário: comunicar com autenticidade exige coragem e inteligência emocional”, pontua.
Diferente do que muitos imaginam, a habilidade de se comunicar bem em relacionamentos não nasce com a pessoa — ela se constrói. Para a Dra. Cristiane Romano, a comunicação afetiva é uma competência que pode ser aprendida e aprimorada com autoconhecimento, escuta ativa e clareza emocional. “Relacionar-se exige mais do que sentimentos. É preciso saber traduzir emoções em palavras, expressar limites sem agressividade e escutar sem antecipar julgamentos”, explica a especialista.
A crença de que algumas pessoas simplesmente “sabem se comunicar” enquanto outras não têm esse “dom” apenas reforça bloqueios emocionais e alimenta inseguranças, principalmente entre os mais tímidos. Em vez disso, investir no desenvolvimento da comunicação — seja por meio de práticas de oratória, inteligência emocional ou autopercepção — fortalece vínculos, reduz ruídos e torna os relacionamentos mais saudáveis e duradouros. A boa comunicação, portanto, não é privilégio de poucos: é ferramenta de todos que desejam se conectar de verdade.
“Frases como ‘engole o choro’, ‘isso é frescura’ ou ‘homem não fala de sentimento’ moldam adultos com bloqueios profundos. A consequência é o distanciamento nos relacionamentos, a frustração por não se sentir compreendido e a solidão mesmo a dois”, explica.
De acordo com a especialista, alguns comportamentos indicam que a comunicação afetiva está comprometida:
Para quem deseja melhorar sua comunicação nos relacionamentos, a Dra. Cristiane Romano recomenda:
1. Nomear sentimentos: aprender a reconhecer e dar nome às próprias emoções aumenta a clareza nas interações.
2. Praticar a escuta ativa: ouvir sem interromper ou julgar cria segurança emocional.
3. Usar a voz como ponte: tom, ritmo e entonação devem expressar presença e intenção.
4. Abandonar o script: evitar frases prontas e optar por narrativas reais e pessoais.
5. Sustentar o desconforto: nem todo diálogo precisa ser fácil, mas deve ser honesto.
“A comunicação amorosa começa quando deixamos de evitar o desconforto e escolhemos a conexão. Silenciar o que se sente é dar ao outro a chance de não saber. E isso, cedo ou tarde, cobra seu preço”, conclui a especialista.
Sobre a Dra. Cristiane Romano
Fonoaudióloga, mestre e doutora em Expressividade pela USP. Especialista em Voz pelo CFFª - Conselho Federal de Fonodiaulogia e em Gestão Estratégica de Marketing pela PUC Minas. Formada em Business and Executive Coaching pela University of Ohio - EUA. É autora de diversos livros e artigos científicos nacionais e internacionais e atua na capacitação de líderes, famílias e educadores para o fortalecimento da comunicação, da escuta ativa e da inteligência emocional.
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PAULO NOVAIS PACHECO
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