Um marco do pensamento político moderno e pedra angular do movimento sionista, O Estado Judeu (Der Judenstaat), escrito por Theodor Herzl em 1896, chega ao público brasileiro em uma nova e cuidadosa edição. O relançamento da obra na língua portuguesa, de 1998, promovido pela editora Garamond, apresenta notas explicativas e textos complementares que contextualizam a importância histórica e filosófica do livro no cenário contemporâneo, em meio ao crescimento global do antissemitismo. “Sua reedição nos turbulentos dias de hoje se explica: a sombra do totalitarismo ameaça estender-se novamente sobre o mundo, o antissemitismo saiu do armário - agora empunhado pela esquerda - e a existência do Estado judeu é questionada aberta e enfaticamente. Até por muitos judeus.”, escreve Ari Roitman na nota do editor.
Segundo ele, "trata-se de uma edição especialíssima, que conta com a colaboração de duas referências na nossa cultura, Moacyr Scliar e David José Pérez. As histórias encadeadas deste livro, de seu autor e do seu objeto – um país para os judeus – são aqui relatadas e examinadas por Scliar num extenso comentário com muitos toques autobiográficos. A tradução é do erudito David José Pérez , sobre quem Alberto Dines escreveu: “Adolescente, eu ouvia falar dele como um chacham (sábio, em hebraico). David José Perez foi antes de tudo um mestre no estrito e lato senso”.
Considerado o manifesto fundador do sionismo político, O Estado Judeu propõe a criação de um Estado judeu como resposta ao crescente antissemitismo na Europa do século XIX. Com clareza visionária, Herzl delineia os fundamentos políticos, sociais e econômicos de um futuro Estado para o povo judeu — proposta que influenciaria profundamente os rumos da história no século XX, culminando na criação do Estado de Israel em 1948.
A publicação conta com prefácio do cientista político André Lajst, presidente executivo da StandWithUs Brasil, onde diz que o atentado de 7 de outubro de 2023 perpetrado pelo Hamas tornou-se um lembrete doloroso da natureza contínua da luta pela sobrevivência e pela liberdade do porvo judeu. Ele lembra também que a resposta de Israel ao ataque do Hamas não é apenas uma questão de defesa militar, mas uma reafirmação da sua existência como nação, do seu direito à autodeterminação e de sua capacidade de preservar a vida e a segurança de seus cidadãos em um cenário de extrema hostilidade.
“Sionismo” não é palavrão. É a tradução política de uma esperança de mil anos, de um povo que quis ser livre em sua própria terra. É a obra antecipatória de um visionário que, além de pensar e escrever, organizou esse povo politicamente e lhe deu uma causa para lutar por ela. Por isso, é necessário voltar a este livro para libertar essa palavra sequestrada, refém da ignorância e do ódio, o mesmo ódio que fez do sionismo não apenas um sonho ou uma ideia, mas uma necessidade histórica", elabora Bruno Bimbi, escritor e jornalista, na aba do livro.
A nova edição mantém intacto o prefácio anterior do médico sanitarista e grande romancista brasileiro Moacyr Scliar (1937-2011), concluindo que “a lenda de Herzl se transformou em realidade. Como toda a realidade não é perfeita. Mas é muito melhor a realidade, ainda que imperfeita, do que a mais perfeita das lendas”.
Sobre Theodor Herzl:
Jornalista, escritor e pensador austro-húngaro, Herzl (1860-1904) é considerado o pai do sionismo político moderno. Sua obra e atuação diplomática foram decisivas para mobilizar comunidades judaicas em torno da ideia de um Estado nacional independente, criado 52 anos após o lançamento de seu livro.
Título: O Estado Judeu
Autor: Theodor Herzl
Editora: Garamond
Páginas: 144
Lançamento: maio de 2025
Preço: 68 reais, disponível nas grandes livrarias de todo o país.
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ALINNE MARIA AGUIAR DO NASCIMENTO
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