Por Rapha Avellar, CEO e fundador da BrandLovers
Talvez, você já tenha visto um bebê reborn e nem saiba. A pele parece real, os cílios e os fios de cabelo são implantados um por um, enfim, tudo para parecer o mais real possível.
Não são humanos, mas enganam. E é justamente por isso que fascinam.
Agora leve essa lógica para o universo dos creators. Troque o bebê por um influenciador. A pele por pixels. O choro por um roteiro treinado por IA. O que temos é o nascimento dos creators reborn: vídeos gerados por inteligência artificial que imitam, com perfeição assustadora, o estilo, o rosto, a voz e até o carisma de criadores reais.
Longe de ser uma cena de ficção científica, esse cenário no qual não conseguimos mais distinguir o trabalho humano de um realizado pela inteligência artificial já é um fato. Prova disso é um estudo da Universidade de Stanford, feito em 2023, que mostrou que nem humanos treinados, nem o próprio sistema de revisão textual da instituição, foram capazes de identificar com precisão se um texto foi gerado por IA ou por pessoas reais.
Mais recentemente, a VO3, nova tecnologia generativa do Google passou a criar vídeos hiper-realistas, com vozes, expressões e movimentos que imitam seres humanos com um grau de perfeição que assusta. Ou seja, o “creator reborn” pode não estar disponível em uma prateleira para você pegar, comprar e levar para casa, mas ele existe.
Diante disso, a pergunta certa não é mais “o que é real?”, mas sim: se tudo pode ser gerado por IA, por que ainda precisamos de gente criando?
Não é o fim dos creators. É o fim da criação como a gente conhecia.
Por muito tempo, o marketing de influência foi artesanal. Criar conteúdo exigia tempo, estrutura e esforço. Era uma operação quase manual, e o que se ganhava em proximidade se perdia em escala.
A IA inverte essa lógica. Ela automatiza o que antes era gargalo. Roteiriza, grava, edita, publica, tudo em poucos minutos. E isso é libertador.
Porque agora, o creator pode deixar de ser um produtor de vídeo e voltar a ser o que sempre foi no seu melhor estado: um conector de pessoas.
Influência não se mede em pixels, mas em presença.
Quando tudo pode ser simulado, o diferencial não está mais em quem aparece na tela, mas em quem é capaz de gerar conexões profundas e criar uma comunidade sólida.
O creator do futuro deve usar a IA e os dados para escalar, mas seu diferencial está naquilo que nenhum avatar é capaz de entregar: o senso de pertencimento que só se constrói com tempo, contexto e consistência. É a capacidade de formar comunidade — não só com base em dados, mas em propósito. De criar conversas que importam, não só conteúdos que performam.
E é justamente essa capacidade de construir vínculos reais que torna o creator insubstituível — não por parecer humano, mas por criar sentido coletivo.
A pergunta certa não é “quem fez o vídeo?” — e sim “quem me fez sentir algo?”. No marketing de influência, a obsessão com a perfeição sempre foi um risco. Agora que a perfeição é um commodity, é o impacto emocional que vira diferencial.
As marcas vão continuar buscando performance e com razão. Mas as pessoas seguem buscando conexão. E é nessa intersecção que o creator pode se reinventar.
Não como executor. Mas como estrategista. Como referência. Como alguém que lidera narrativas, constrói comunidades e transforma atenção em pertencimento.
O influenciador do futuro talvez não seja humano, mas quem move a influência ainda vai ser
A IA vai dominar os bastidores. E que bom. Isso vai tornar o canal mais ágil, mais profissional, mais eficiente. Vai permitir que marcas escalem campanhas com inteligência. E vai permitir que creators invistam seu tempo onde realmente importa: na relação com o público.
Não se trata de temer a tecnologia. Se trata de usar a tecnologia para potencializar o que temos de mais humano. Afinal, nenhum algoritmo constrói comunidade sozinho.
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GABRIELA CARDOSO DO NASCIMENTO
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