"O Valor do Carro Você Já Pagou. Agora Está Pagando o Quê?": Como Identificar Juros Abusivos em Financiamentos de Veículos

Com mais de 7,2 milhões de veículos financiados no Brasil em 2024, especialistas alertam para práticas abusivas que podem fazer consumidores pagarem até três vezes o valor do bem

PRISCILA GONZALEZ
30/05/2025 21h48 - Atualizado há 4 dias

"O Valor do Carro Você Já Pagou. Agora Está Pagando o Quê?": Como Identificar Juros Abusivos em
Alexandre Sandim
Uma pergunta provocativa tem circulado nas redes sociais e despertado a atenção de milhões de brasileiros: "O valor do carro você já pagou. Agora está pagando o quê?". Por trás da indagação está um problema que afeta uma parcela significativa dos mais de 7,2 milhões de consumidores que financiaram veículos no país em 2024 — a cobrança de juros abusivos.
O questionamento ganhou força em meio ao crescimento expressivo do mercado de financiamentos. Segundo dados da B3, houve um crescimento de 20,4% nas vendas financiadas em 2024, representando um acréscimo de 1,2 milhão de veículos em relação ao ano anterior.

O Drama dos Juros Desproporcionais

Alexandre Sandim, advogado especialista em direito bancário, explica que muitos consumidores se encontram em uma situação financeira insustentável sem perceber a dimensão do problema.

"Muita gente não percebe, mas quando financia um carro, especialmente sem fazer simulações criteriosas, acaba assinando contratos com taxas de juros muito acima do que o mercado permite", alerta o especialista. "Na prática, o consumidor paga o valor do carro uma, duas ou até três vezes sem perceber. E quando acha que está quitando o carro, na verdade está pagando juros sobre juros, encargos embutidos e, muitas vezes, cláusulas ilegais."

O Brasil é reconhecido como um dos países com as maiores taxas de juros do mundo, o que contribui diretamente para este cenário. De acordo com o Banco Central, as taxas de juros para financiamento de veículos variam entre 0,78% a 3,75% ao mês, dependendo da instituição financeira. No entanto, na prática, muitos contratos apresentam valores bem superiores a essa faixa.

Sinais de Alerta: Como Identificar o Problema

Sandim orienta que a primeira dica para identificar juros abusivos é observar a evolução do saldo devedor ao longo do tempo.

"Se você financiou um carro de R$ 50 mil e já pagou, por exemplo, R$ 40 mil, mas seu saldo devedor ainda é de R$ 35 mil, algo está errado. Isso não é normal, nem justo. Isso precisa ser analisado, porque há fortes indícios de cobrança abusiva", explica o advogado.
Outros sinais que merecem atenção incluem:
  • Parcelas que consomem mais de 30% da renda familiar
  • Contratos com Taxa Efetiva de Juros (CET) superior à média do mercado
  • Saldo devedor que praticamente não diminui após meses de pagamento
  • Presença de taxas e tarifas não explicadas claramente no momento da contratação
Direitos do Consumidor e Possibilidades de Revisão

A legislação brasileira oferece proteção ao consumidor contra práticas abusivas. "O consumidor tem direito à revisão contratual", ressalta Sandim. "Muitas vezes conseguimos, na Justiça, reduzir drasticamente o valor das parcelas, eliminar juros abusivos e até conseguir devolução de valores pagos a mais."
A Lei 14.690/2023 estabelece limites para juros em determinadas modalidades de crédito, sinalizando uma tendência de maior proteção ao consumidor. Para casos de financiamento de veículos, é fundamental que o consumidor procure auxílio especializado para análise detalhada do contrato.

O Problema da Educação Financeira

O especialista aponta que a falta de educação financeira contribui para a perpetuação do problema. "Falta educação financeira e jurídica no Brasil. As pessoas não são ensinadas a questionar. E os bancos se aproveitam disso", observa.
Para Sandim, além da atuação jurídica, é fundamental conscientizar os consumidores: "Nosso trabalho é gerar aquele estalo no consumidor. Fazer ele se perguntar: estou pagando o quê?"

Dicas para Evitar Armadilhas

Para consumidores que estão considerando financiar um veículo, especialistas recomendam:
  1. Simular em diferentes instituições antes de fechar negócio
  2. Calcular o Custo Efetivo Total (CET) da operação
  3. Ler atentamente todas as cláusulas do contrato
  4. Questionar taxas e tarifas não explicadas claramente
  5. Considerar o comprometimento da renda com as parcelas
  6. Buscar orientação especializada em casos de dúvida
Crescimento do Mercado Demanda Maior Atenção

O expressivo crescimento do mercado de financiamentos torna ainda mais urgente a conscientização sobre práticas abusivas. Com a melhor marca de financiamentos desde 2011, é fundamental que consumidores estejam atentos aos seus direitos e busquem proteção contra eventuais abusos.
Para consumidores que suspeitam estar sendo vítimas de juros abusivos, a recomendação é procurar imediatamente orientação jurídica especializada. A revisão contratual pode representar uma economia significativa e o restabelecimento do equilíbrio financeiro familiar.


Instagram: @alexandre.sandim.adv
Site: www.sandimadvogados.com.br

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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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