No dia 02 de junho, o clube discute a obra ficcional de Angela Marsiaj, que explora traumas afetivos e de gênero, ancestralidade e o colapso ambiental, conectando literatura a dados da realidade brasileira.
A live de divulgação do livro de junho do Clube Mãe Leva Outra será sobre "Soroca", romance de estreia da escritora e jornalista Angela Marsiaj. A narrativa da obra, publicada pela Editora Urutau, se dá em dois tempos – o presente e o passado colonial, e mergulha nas relações afetivas e no passado coletivo. Os interessados poderão acompanhar no perfil do Instagram da autora (@amarsiaj), segunda-feira, dia 02 de junho, às 19h.
É por uma "Soroca", termo que designa uma "fenda no solo em razão de infiltração de água", que Petra, uma mãe, é tragada durante uma tempestade na capital paulista. Nesse lugar, entre real e imaginário, ela se depara com a iminência da morte e com um passado mais vivo que o próprio presente. O livro mescla um relacionamento conflituoso entre mãe e filha, violência de gênero, ancestralidade indígena e o colapso ambiental das cidades.
A ficção em diálogo com a realidade brasileira
A narrativa de Angela Marsiaj em "Soroca" encontra paralelos na realidade brasileira. Estudo da USP, publicado em maio na revista especializada Science, mostra que o DNA dos povos originários está presente em muito mais do que os 1,7 milhão de indígenas registrados pelo Censo de 2022 do IBGE. São 13%, ou 26 milhões de pessoas, os que têm algum DNA indígena. O estudo revela, ainda, que essa herança genética foi transmitida basicamente por linhagem materna, indicando violência sexual por parte de pais, de origem europeia: são 35% os brasileiros com DNA indígena herdado por via materna e só 2,4% por linhagem paterna; já os pais brancos transmitiram seu DNA para a maior parte da população, 71%, enquanto só 22% das pessoas receberam o DNA europeu transmitido por linhagem materna.
Segundo o grupo Rios e Ruas, que trabalha para que os rios urbanos sejam limpos e livres, na cidade de São Paulo, basta andar 300 metros para encontrar um rio. O romance é ambientado no Rio Verde, hoje canalizado sob um bairro central de São Paulo, e que, nas grandes tempestades aflora e volta a reclamar seu espaço. Foi o que ocorreu em janeiro, quando tirou a vida de uma pessoa.
O Clube "Mãe Leva Outra" discutirá as questões mãe-filha, as manifestações da maternidade, a ancestralidade e a violência. Como conclui a autora Noemi Jaffe, na orelha do livro: “Neste romance, entre líquido e pétreo, o Brasil do século XVIII se funde com um país que quer ser contemporâneo a todo custo, mas que não poderá sê-lo se, como faz este livro, não aprender a lidar com aquilo que se esconde sob os rios de nossas cidades.”
Trecho do livro:
“Talvez se o engenheiro não tivesse falado da água que mina a terra, Petra não teria dito soroca e nem caído numa. Os indígenas não conheciam o asfalto, então asfalto não podia ter nome tupi. Mas o que tinha engolido a mãe de Joana era uma soroca e das grandes. Sorocabuçu.”
Sobre a autora:
Angela Marsiaj é jornalista e escritora. Mestre em Formação do Escritor pelo ISE Vera Cruz, onde realizou parte de "Soroca", publicou contos em antologias e na Revista Pessoa. Foi finalista dos prêmios SESC São Paulo 2018 (romance), Kindle 2015 (conto) e Alta Books. Na pandemia, falou de livros e com autores na Cultura FM-SP. "Soroca" é seu romance de estreia.
Confira informações sobre a live:
Sobre o Clube de Leitura "Mãe Leva Outra"
O Clube de Leitura "Mãe Leva Outra" segue como um espaço para mães e mulheres compartilharem vivências a partir da literatura. Criado como desdobramento da coleção da Editora Urutau, discute temas da maternidade e da condição feminina.
A iniciativa conta com a atuação de mediadoras. Neste junho a mediação é de Mariana Lobato Botter, diplomata, especialista em escrita e mediadora de clubes de leitura. Através de seu perfil no Instagram, @livro.diverso, Mariana compartilha sobre literatura e promove o diálogo em torno de obras, enriquecendo a experiência de leitores.
Serviço:
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ALEX YAN DA COSTA MENDES
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