Com o dólar estabilizado e os juros americanos mantidos em patamares previsíveis, o ambiente econômico de 2025 começa a favorecer um movimento que já chama atenção de executivos e consultores financeiros: a migração de empresas brasileiras para o crédito internacional como alternativa ao encolhido e caro mercado de crédito nacional.
Segundo projeções atualizadas do Boletim Focus, do Banco Central do Brasil, a taxa Selic deve encerrar o ano em 9,25%, dificultando o acesso de empresas ao crédito doméstico de longo prazo. Ao mesmo tempo, o Federal Reserve (banco central dos EUA) manteve, em maio de 2025, sua taxa básica de juros entre 5,25% e 5,50%, com discurso de estabilidade para os próximos trimestres — uma sinalização que agrada investidores e instituições de crédito no exterior.
Essa combinação de fatores criou uma janela estratégica para que médias e grandes empresas brasileiras possam captar recursos financeiros fora do país com melhores condições, especialmente aquelas que têm projetos de expansão, modernização ou exportação em andamento.
Dados divulgados pelo IBGE e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram uma retração de 3,4% na concessão de crédito corporativo de longo prazo no primeiro trimestre de 2025, em relação ao mesmo período do ano anterior. Paralelamente, o custo médio das operações com bancos privados aumentou, principalmente para empresas fora do eixo dos grandes conglomerados.
“O cenário doméstico está travado. Bancos mais conservadores, juros altos e apetite de risco muito baixo. Isso afasta empresas sérias de oportunidades de crescimento por falta de capital acessível”, analisa Luciano Bravo, especialista e mentor em crédito internacional. “Enquanto isso, há capital global disponível, pronto para investir em empresas brasileiras com boa estrutura e bons projetos. Basta saber onde buscar.”
Luciano Bravo é referência no Brasil quando o assunto é captação de crédito internacional estruturado. Ele atua como ponte entre empresas e fundos de investimentos globais, ajudando empresários a entenderem os requisitos, os caminhos e os benefícios de buscar financiamento fora do país.
Um dos fatores decisivos é a estabilidade cambial observada nos últimos meses. De acordo com o Relatório de Mercado de Câmbio, divulgado pelo Banco Central, o dólar vem oscilando em torno de R$ 5,10 a R$ 5,20, sem variações bruscas, o que diminui o risco para empresas que consideram assumir dívida em moeda estrangeira. Com a política monetária dos EUA sinalizando o fim do ciclo de altas de juros, a previsibilidade sobre os custos futuros também aumenta.
“Quando há estabilidade no câmbio e nos juros globais, temos um ambiente favorável para tomar decisões estratégicas de captação. O risco é controlado, e o acesso a crédito se torna mais racional. Esse é exatamente o cenário que temos agora em 2025”, afirma Bravo.
Além disso, segundo o especialista, o crédito internacional costuma oferecer outros benefícios, como prazos maiores para pagamento, juros mais baixos e simples, especialmente para operações em dólar e euro, condições menos burocráticas em comparação aos bancos brasileiros e a entrada desses recursos, vindos de fora do Brasil, sem o pagamento de impostos, graças à Lei 4.131, que permite que essa operação seja feita sem tributação no Brasil.
Ao contrário do que se pensa, não são apenas multinacionais ou gigantes do setor que têm acesso ao crédito internacional. Segundo Luciano Bravo, empresas de médio e grande porte, com boa governança e estrutura organizacional, já estão aptas a buscar esse tipo de financiamento.
“A empresa não precisa já ter uma operação fora do Brasil para captar recursos. Aliás, é exatamente isso que fazemos, essa estruturação internacional, para demonstrar aos fundos estrangeiros solidez e um plano claro de investimento. Se comunicar corretamente com os agentes internacionais é essencial. É isso que nós ensinamos e estruturamos junto aos nossos clientes”, explica.
Setores como de energia e infraestrutura, tecnologia e inovação industrial, empresas com foco em sustentabilidade e ESG e agroindústria e exportação, por exemplo, são alguns dos setores com maior movimentação nesse tipo de captação. O setor do agro, aliás, é um dos setores brasileiros que mais tem necessitado de internacionalização de suas operações de crédito nos últimos tempos, já que, conforme apontam pesquisas, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking global de empresas do agro que necessitam de crédito.
Com a economia brasileira em desaceleração, e o crédito interno em retração, o crédito internacional desponta como uma ferramenta estratégica de crescimento. Para muitas empresas, é a diferença entre congelar projetos e mantê-los em movimento.
“Hoje, captar fora do país deixou de ser luxo e passou a ser necessidade estratégica para quem quer crescer de forma competitiva. As portas estão abertas, mas só entra quem estiver pronto”, conclui Bravo.
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Andreia Souza Pereira
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